terça-feira, 10 de junho de 2014

Razão da minha ausência...

... tenho andado ausente deste blog por motivos de força maior (na verdade a minha "inspiração" está mais focada noutras áreas de momento). Tenho-me dedicado mais a um outro blog. Aos mais curiosos:

http://immumtobe.wordpress.com/

sexta-feira, 28 de março de 2014

Tuscas!!!

Ora bem, a Guinchas deverá chegar a terras de Sua Magestade no próximo mês (finalmente!) mas entretanto não resistimos (como já tínha até comentado num post anterior) e adoptamos uma outra gatinha, o que fará de nós uma "família" de 4 elementos quando a Guinchas chegar!

A Tuscas (Patusca) é uma gata bem Norte Irlandesa (pelo menos tendo em conta os gatos locais que vamos observando por aí): gorda, peluda e MUITO pachorrenta! Enquanto a Guinchas funciona tipo despertador - são 7 da manhã e ela acorda-te porque pronto, está na hora e acabou - a Tuscas dorme, e dorme... e dorme. Isto é, ela acorda, mas se nós continuamos a dormir, ela vira para o outro lado (a maior parte das vezes está mesmo em cima de nós) e continua a dormir. E mesmo que a gente acorde e fique na cama no computador, ela continua a dormir. Mas é uma gata muito mimenta, a gente faz dela o que quiser.

Estou muito curiosa para ver como corre com a Guinchas. Vai ser lindo, vai!

Entretanto, conheçam a Tuscas, no seu primeiro passeio ao parque :)


sexta-feira, 14 de março de 2014

"À grande e à Francesa!"

Ora bem, este início de ano não foi fácil. Ponto. A juntar àquilo que já descrevi no post anterior, aconteceram outras "pequeninas" coisas que fizeram que com os meses de Janeiro/Fevereiro não fossem os melhores. Mas isto são outras paragens que pouco ou nada interessam neste post.

Fui a Paris. Ou melhor, fomos a Paris. Enquanto estávamos em Paris celebramos (eu e o R.) 7 anos de namoro. 7 anos juntos. Ao fim destes 7 anos sei que tenho um companheiro para a vida. Casamos, emigramos juntos, pensamos em ter filhos em breve... no fundo sinto-me abençoada. Temos as nossas discussões mas sempre ultrapassamos com facilidade todos os arrufos. Nada melhor que estar na "cidade do amor" para celebrar isso mesmo: o amor.
Enquanto estávamos em Paris também fez um ano que viemos para Belfast. Ponto de situação? Ora bem:

- O R. arranjou emprego num mês, a tempo inteiro, e subiu à posição de Team Leader;
- Eu finalmente arranjei emprego (e quando me perguntam/insinuam se não me sinto "diminuída" por ter estudado 5 anos para estar agora num café - que não é um café qualquer, é só o 2º maior café a nível mundial, mas pronto - não, não me sinto diminuída. Além de adorar o trabalho que faço,  finalmente tenho um emprego, porra! Procurei por mais de um ano pelo que quer que fosse no meu país e nada! Portanto não, não sinto porra nenhuma de vergonha nisso);
- Fomos 4 vezes a Portugal;
- Fomos a Londres, mais propriamente aos estúdios Warner Bros. (foi assim tipo um sonho realizado, estão a ver?);
- Compramos os bilhetes para ver o Ed Sheeran, concerto que será só em Outubro, mas que compramos na hora e sem hesitar (Deus sabe o sacrifício que foi para ir ao Porto ver a Ana Carolina, por exemplo!);
- Estamos a ponderar comprar um carro novo (sim, novinho em folha) dentro de poucos meses;
- Vivemos numa casa com 3 andares perto do centro da cidade (velha, é bem verdade, mas não há casas novas por aqui);
- E finalmente: fomos a Paris.

Não era uma viagem de sonho, mas a A. e o A. propuseram-nos irmos todos juntos e aceitamos o "desafio" (porque apesar de não estar no topo da lista, claro que queria, em algum ponto da minha vida, visitar a "cidade luz").

Se gostei? Adorei! Se me custou dar 2€ a 3€ por um café? Nem por isso: não tinha alternativa e como trabalhadores numa coffee shop, eu e o R. temos este pequeno vício. Ou melhor: como portugueses que somos, temos este grande vício! Se me custou dar 7.5€ para entrar no Panteão? Ah, isso já custou um pouco!

Paris é uma cidade lindíssima, mas fica muito aquém no que diz respeito à hospitalidade! Eu poderia escrever páginas e páginas sobre a nossa semana em Paris.

Somos os típicos turistas, só nos escapou a Disneyland, que ficará para uma outra oportunidade. Visitamos a Torre Eiffel e claro que subimos ao topo. Estava uma ventania desgraçada. Chovia que "Deus lhe dava" (nunca entendi esta expressão... e se calhar nem é assim que se diz...) e estava um frio bem desconfortável. Mas foi uma sensação única, estar lá em cima e sentir o balancear da torre. É que sente-se mesmo! Foi brutal. Passamos pelo Trocadero (nem lá entramos e até agora nem sabemos bem o que aquilo é, mas deu para as fotos). Vimos o famoso Arco do Triunfo e que não tem nada de especial. Nada. (A não ser numa vista aérea, é engraçado o efeito que dá tendo em conta que aquilo é uma enorme rotunda. Fora isso não é nada de especial. Igual a tantos outros). Vimos e passeamos na Avenida dos "Campos Elíseos". Aquilo mais me pareceu a Avenida dos Aliados, mas mais "chique" (lá com a loja das malas caríssimas e super famosa, mas cujo nome mal sei pronunciar). Visitamos o Pequeno Palácio (só porque era gratuíto). Fomos a Versalhes num dia gratuíto (grandes prossissões! Isto fala-se em gratuíto e pimba!). Adoramos Versalhes. Lindo! E enorme! Cansámo-nos que nos pelamos, porra! Fomos ao Louvre dizer "olá" à Mona Lisa (que de mona lisa não tem nada, bem cabeluda a senhora) claro! (Mas que grande Museu, porra! Uma pessoa perde-se lá dentro que é um mimo!). Visitamos a "Capela Santa", igreja lindíssima, com vitrais de cortar a respiração. Fomos, claro está, a Notre Dame. É grande sim senhora. Mas sinceramente não me fascinou. Acho que o ponto alto foi mesmo o facto de (supostamente) lá estar a coroa de espinhos de Jesus. Isso emocionou-me, eu que sou e sempre fui uma admiradora de Jesus (o que não faz de mim uma admiradora da Igreja e das suas "regras", ok?). Vimos a "cidade luz" do seu ponto mais alto: Sacré Couer (de resto a zona onde ficamos hospedados). Vimos a zona "porquinha" de Paris: a famosa rua do Moulin Rouge (e sim, entramos numa sex shop, e sim, fizeram propostas ao R. e ao A. para que entrassem em algum dos clubes). Visitamos a Ópera Garnier. Ainda demos um "passou bem?" à estátua da Liberdade. Bem, vimos muitas coisas.

O que mais adorei em Paris? O Café dos Gatos - sim, é um café onde vivem 12 gatos e uma pessoa está a beber a "bica" e a chafurdar uma mão no pêlo de um gato. Versalhes. A Torre Eiffel à noite. A companhia.

O que menos gostei? Os preços! Credo, que eu me senti mesmo pobre! Os "mitras". Detestei ter de andar sempre atenta, com as mãos nos bolsos, a câmara bem segura. Detestei as miúdas ciganas que nos vêm perguntar se falamos inglês e depois esperam que a gente caia num embuste e elas possam levar algum do nosso rico dinheiro. Houve um dos dias em que me passei e me pus aos berros com elas: "Outra vez arroz?!" Acho que as aparvalhei um pouco. E por fim, detestei a falta de hospitalidade para com pessoas que não falam francês (o nosso caso). Para uma cidade tão famosa e turística e que se diz a "cidade do amor", vi muito pouco amor por aquelas bandas! Acho que só mesmo no Café dos Gatos e pouco mais é que encontramos pessoal simpático.

Ah, e finalmente percebi aquela do "À grande e à francesa". Chiça, que eles fazem tudo enorme (edifícios, ruas)! ENORME!!!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

E foi um balde de água fria...

Durante uns dias (uma semana, mais precisamente) experimentei a melhor sensação de ser mulher: estava grávida. Descobri um dia depois de ter chegado a Portugal. Embora a ideia ainda não se tivesse instalado por completo, experimentei a felicidade plena.

Na 6a feira, após o regresso a Belfast, comecei a sangrar e soube logo que algo estava errado. No sábado tive um aborto. Não tinha ainda havido implantação, pelo que não tive dores, apenas sangramento.

Estava grávida apenas de 4 semanas, mas não deixa de ser doloroso e traumatizante. Dói. Foi mesmo um balde de água fria...

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Um bom 2014!

Epa, não vinha aqui desde o ano passado! (Eu sei, eu sei...)

Nem foi bem por falta de tempo, foi se calhar por falta de "inspiração" que a carga de trabalho me proporcionou. Porque isto de trabalhar numa "coffee shop" de renome mundial num centro comercial nas semanas que antecedem o Natal é qualquer coisa! É algo tão brutal que desde as 9 da matina até às 9h da noite éramos capazes de ter fila até à porta sem descanso. Tão incrível ao ponto de uma das minhas colegas entrar a correr na "cozinha/staff room" e gritar: "I see the end of the line!" isto num Sábado em que toda a gente resolveu fazer as compras de Natal e tomar o seu cafezinho.
Foram semanas estonteantes mas muito gratificantes, não imaginam o prazer que me dá sair de casa para ir trabalhar, ou então o facto de ter um ou 2 dias de folga por semana: é sinal de que tenho um emprego, carago!
Agora as coisas estão um pouco mais calmas, mas não deixo de fazer 5 ou 6 dias por semana à mesma, apesar de a linha não ir agora até à porta.

O Natal foi interessante. Melhor que o do ano passado, sem dúvida. Não perfeito porque me faltavam os meus à mesa. Mas não faltou o bacalhau, as batatas, as rabanadas, o leite creme, a aletria e por aí fora. Nem faltou o perú! Foi um Natal bem passado, com enormes gargalhadas e algumas lágrimas. Foi pelo menos um Natal farto, temos leitura para os próximos anos :p O R. ofereceu-me, entre outras coisas, a colecção em edição especial do H.P. Em inglês! Estou entusiasmada para reler tudo aquilo mas agora em inglês. (Por falar em H.P. no início de Dezembro fomos aos estúdios dos Warner Bros. em Londres. Que mundo, minha gente! Quando entrei na sala que tem a maquete do castelo até me faltou o ar de tão emocionada que fiquei! Mas um dia destes escrevo sobre o assunto).

Este fim de ano foi também de algumas aquisições: um telemovél novo, porque aquele que comprei quando cá cheguei e por apenas (!) £7 já estava a dar o berro, uma máquina de café (!) e... uma gata :D Enquanto a Guinchas não vem esta vai-nos fazendo uma companhia danada :) É a Tuscas, é muito peluda e gorducha e é um mimo, muito querida e assustadiça :D

2013 começou atribulado, com a perda da minha tia e com a nossa vinda para cá. Hoje não me arrependo nada de ter emigrado. Só me faz falta a minha família e os amigos, tudo o resto é acessível, e ao menos estamos os 2 a trabalhar a full time num local que nos agrada de todo.

Que 2014 nos traga 2 ou 3 boas surpresas :)

domingo, 10 de novembro de 2013

Porque por aqui já cheira a Natal...

Os que me têm acompanhado por este meu espaço, sabem o quão difícil é o Natal na minha família. Há 15 ou 16 anos perdemos a minha avó materna no dia 23 de Dezembro. Antevéspera do Natal. Sem que ninguém estivesse a contar com isso (a minha madrinha, que na altura vivia com a minha avó, encontrou-a já morta ao fundo das escadas que davam para a "loja" - hoje em dia chama-se cave, nunca percebi porque lhe chamavam "loja"). Tudo bem que ela sofria do coração e já tinha sido operada umas quantas vezes, mas nada fazia suspeitar que de um momento para o outro, com apenas 63 anos, ela "desaparecesse". Eu era uma criança, mas vi e sei o que a minha mãe sofreu (a minha mãe e os irmãos, claro).

No ano passado, na véspera de Natal (e como aqui relatei) perdemos a minha tia. Não sei se muitos entenderão a dor que esta perda ainda me provoca. Não passa um dia que seja (e já lá vai quase um ano) sem que me lembre dela. Durmo com a foto dela à cabeceira. Se é possível fazer uma escala das mulheres mais importantes na minha vida, temos a minha mãe (que é a minha "bicha", como eu lhe chamo carinhosamente, e uma das mulheres mais fortes que conheço - mas isso já são outros assuntos), a minha irmã, de quem tenho imensas saudades, porque é a minha "piquena" (sim, é mais alta que eu, mas eu imagino-a sempre pequena!), a minha madrinha (que graças aos meus avós - rapidamente: os meus avós maternos eram para ser os meus padrinhos, mas durante a gravidez da minha mãe, o meu avô descobriu que tinha cancro e meses de vida, então eles recusaram ser meus padrinhos mas os meus pais deram-lhes a "honra" de me escolherem os padrinhos - tenho a melhor madrinha do mundo. Não é rica, não me dá "montes" de dinheiro nem montes de prendas, mas sempre me ajudou imenso! Temos apenas 14 de diferença, trato-a por "tu" e é quase uma irmã mais velha para mim. Tendo uma pequena merciaria, sempre me ajudou como pôde e agradeço-lhe imenso por isso). E depois vem a minha tia. É uma mulher que sofreu imenso na sua vida pessoal (não interessa para o caso como nem porquê). É mãe do meu afilhado - o que obviamente nos dá uma ligação mais forte que "apenas" tia-sobrinha. Toda a gente dizia que devíamos ser mãe e filha porque somos muito parecidas. Até no facto de sermos rechonchudas, o que contraria a tendência do resto da família. Pergunto-me se me parecerei com ela quando tiver os meus 40 anos. Embora não a tratasse por "tu", sempre fomos próximas, sempre tivemos uma boa ligação e sei que ela sempre teve um imenso carinho por mim (talvez pelo facto de sermos tão parecidas). E dói-me pensar que ela não está mais connosco. Dói-me porque ela não merecia (eu sei, dizemos sempre que alguém que morreu não merecia, mas ela não merecia mesmo!), sofreu tanto com tanta coisa e quando finalmente tinha encontrado o seu novo caminho parece que o chão lhe foi novamente retirado. O dela e o nosso. Porque achamos sempre que só acontece aos outros. Há momentos em que penso que não foi real e que quando voltar a Portugal vou lá a casa jantar (ela fazia jantares óptimos!) e ela vai querer saber tudo sobre a minha nova vida e vai perguntar quando vem aí um "cutchi" (um bebé - era uma palavra típica dela) e vai-se chatear com o G. porque ele não pára de fazer asneiras... mas não. Ela não está lá. Está lá o meu afilhado. Está lá o meu tio. Mas ela não está.

Portanto, o nosso Natal ficará marcado para sempre. O dia de Natal do ano passado foi o pior dia da minha vida. Foi o dia do funeral. E nunca imaginei que fosse possível doer tanto cá dentro.

Mas a verdade é que sinto que tenho uma vontade imensa de "camuflar" toda esta dor Natalícia (já não basta as lembranças que traz, será o meu primeiro Natal longe dos meus). Este ano sinto que vou decorar a casa o máximo possível, sinto uma imensa vontade de comprar presentes e de ver a reacção dos meus pais e irmã (através do amigo Skype), porque este ano eu posso dar-me ao "luxo" de comprar umas coisinhas melhores. E também quero comprar um monte de presentes para o R. Eu não sei se é a saudade que me está a provocar esta vontade, se é a minha mente a querer contrariar a tristeza, mas eu desconfio que é mesmo o facto de aqui se ver Natal em cada esquina. Aqui há um consumismo imenso (qual nascimento do menino Jesus qual quê?!) e eu sinto que estou a ser levada na onda. Mas que ninguém me aponte o dedo. Porque eu já tive a minha dose.

domingo, 3 de novembro de 2013

Paranormal activity?!

Bem, tenho de vos vir aqui relatar a noite de ontem, até mesmo para registar o que aconteceu (ou o que deixou de acontecer).

Eu não acredito em fantasmas. Ou melhor, eu digo que não acredito em fantasmas, mas morro de medo deles. Por exemplo, se vir um filme de terror que envolva fantasmas/espíritos (que diga-se de passagem normalmente não me assustam enquanto os assisto) depois morro de medo de adormecer e ter pesadelos. Portanto o meu problema é esse: pesadelos. Eu não tenho muitos, talvez por isso tenha uma aversão tão grande a esse tipo de sonhos. Portanto, eu não acredito que me vá aparecer um fantasma à frente, mas só de imaginar em sonhar com um já me arrepio toda.

Ontem fomos à "Paranormal Tour" na Crumlin Jail. A Crumlin é a antiga prisão de Belfast onde foram excutados 17 homens. A prisão fechou em 1996 (se não estou em erro) e entretanto reambriram-na como "museu" devido principalmente à sua história sangrenta. Eu já lá tinha estado, mas na sessão informativa (como quem vai realmente a um museu, com um guia e tudo). Fui no final do primeiro curso que tirei aqui (com o intuito de percebermos o que é um bom "customer service", "knowledge about the product" e essas coisas que aprendemos em teoria e que os professores resolveram mostrar num verdadeiro ambiente de contacto com o cliente). Adiante, já lá tinha ido durante o dia, para a sessão normal, e apesar de não ter percebido metade do que o homem disse (eu ainda estava aqui há pouquinho tempo, vá) até que apreciei, principalmente o facto de nos terem mostrado o quarto onde os executados passavam a última noite e a sala de enforcamento. Achei interessante, afinal de contas 17 pessoas tinham morrido naquela sala!

Por esta altura do ano (Halloween) eles abrem as sessões paranormais. Vimo-nos à rasca para arranjar uma data, porque quando combinávamos o dia e hora já os bilhetes estavam esgotados. Então acabamos por nem ir todos (porque a A. trabalhava ontem à noite) e o T. até teve de ir a uma hora diferente da nossa. A sessão paranormal não tem nada de falso. Isto é, não há ninguém a bater em portas, não há ninguém a tocar-te, não há actores, não há nada além do grupo, escuridão e dois guias. Portanto, isso significa que provavelmente poderemos sair de lá sem que nada tenha acontecido. Muito resumidamente, levaram-nos a algumas salas mais "características", onde o medo ou a morte tinham sido característicos. Por exemplo, levaram-nos ao túnel que liga a prisão ao tribunal. Ficamos aí uns minutos, completamente às escuras, num local frio e húmido, a invocar os espíritos presentes. Aí não aconteceu nada, pelo menos ninguém se pronunciou, mas segundo o guia é comum sentirem a presença de alguns espíritos "habituais", entre eles um homem a quem resolveram chamar de "Bob" e uma criança que normalmente se faz sentir às mulheres, porque, segundo eles (guias), procura uma presença materna (a verdade é que foram presas e condenadas crianças naquela prisão). Mas como já disse, aí ninguém sentiu nada. Vá, foi super divertido quando invocamos os espíritos e faz-se absoluto silêncio e a barriga do R. ronca. E vai o guia: "Ouviram isto?" E eu e o R. tivemos que segurar muito bem o riso! Mas quando voltamos a invocar os espíritos, voltamos a ouvir um barulho semelhante e desta vez não foi o R. e aí o guia disse que o túnel passa por baixo da Crumlin Road, portanto ouve-se uma espécie de "ronco" quando passa um carro... pronto, menos mau, porque se o homem afirmasse que aquilo era uma presença do além ia pedir o meu dinheiro de volta (sabendo eu que de além não tem nada, era apenas o meu rico marido a fazer a digestão!).

Também nos levaram para a sala da caldeira, em que a dada altura da história da prisão colapsou e incenerou as pessoas que lá estavam a trabalhar. Eu não sei se foi sobrenatural ou não, mas a verdade é que aquela sala estava completamente gelada, mas se calhar é normal devido ao facto de haver uma chaminé no alto. Quando invocamos os espirítos, houve uma súbita corrente de ar gelada, mas pode ser coincidência, afinal de contas ontem estava uma ventania desgraçada. De qualquer  das formas é arrepiante que ela tenha ocorrido exactamente naquele momento. E à 3ª vez que invocamos os espíritos presentes eu senti os meus joelhos gelarem. Como se mãos geladas os tivessem agarrado. Mas claro que eu continuo a achar que foi apenas uma partida psicológica. Mas que senti, isso eu senti! Algumas pessoas também sentiram um frio "sobrenatural" em certas partes do corpo.

Também nos levaram ao pé de uma sala (em que só uma pessoa entrou para invocar os espíritos) que tem uma história arrepiante. Aquela era a sala "almofadada" para prisioneiros que eram perigosos até para sí próprios. O guarda tinha de lá espreitar de meia em meia hora para verificar que o prisioneiro estava em segurança. Certa vez o prisioneiro que lá estava na altura começou a queixar-se de que havia alguém com ele na sala. Acabaram por lhe dar um sedativo e ele adormeceu. Por umas quantas vezes o guarda passou lá e o homem dormia profundamente. Até que (e atenção que ele passava em intervalos de meia hora!) viu uma cena horrível: o prisioneiro tinha mordido e arrancado o almofadado até à parede, até encontrar um parafuso que segurava o almofadado e cortou a jugular com esse mesmo parafuso. O homem já estava morto quando o encontraram.
Nesta sala penso que não se passou nada de especial, embora no meu entender algo de muito arrepiante se tivesse passado: a dada altura, eu e uma outra pessoa afirmavamos a pés juntos que estavamos a ouvir uma música. Parecia uma música de um filme de terror, verídico. Eu fiquei toda arrepiada. Mas depois o guia explicou que era o vento a entrar não sei onde, uma superfície qualquer em ferro. Mas a verdade é que aquilo parecia música autêntica. Imaginem a minha cara e o meu terror quando eu pergunto ao R.: "estás a ouvir a música?" e ele: "Não!".Brrr!

A última sala foi a mais "activa", por assim dizer: a sala do enforcamento, claro! Aqui eu voltei a sentir cenas estranhas, como comichão no pescoço e atrás de um joelho, além do frio gelado, que pode ser explicado pelas correntes de ar. Agora, que algo aconteceu, e isso não podemos negar, foi que o guia chamou o espírito do último executado naquela sala e a corda de enforcamento, que ainda lá está em exposição começou a balançar um pouco e a rodar muito ligeiramente. Balançar é normal, com o movimento que fazíamos e correntes de ar, é normal... agora, girar em pequenos círculos? Isso foi muito creepy! E quando saímos de lá, a corta estava novamente parada!

Das fotos que tiramos não conseguimos nada de paranormal, como algumas pessoas supostamente já conseguiram noutras sessões, e não se pode dizer que tenhamos lidado com o paranormal, eu pelo menos gosto de ser racional, a única coisa que não consigo mesmo explicar é a corda a girar. Mas que gostei, lá isso gostei.

E até agora ainda não percebi como consegui adormecer!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Para os amantes da fotografia...

... já visitaram a nossa página de fotografia no Facebook ou então já passaram pelo nosso blog?

Neste momento estamos a recolher inscrições para uma "espécie" de competição em que o prémio é uma sessão num estúdio de fotografia. Mesmo que não queiram participar passem por lá a deixar o vosso "Gosto" ;)

Facebook: https://www.facebook.com/PhotographyBelfast

Blog: http://belaren-belfastphotography.blogspot.co.uk/

"All Hallows Evening" 2013

Bem, não podia deixar de passar esta época "festiva" sem escrever sobre o meu primeiro Halloween em Belfast. Em Portugal confesso que nunca liguei muito ao Halloween. Houve uma vez, ainda durante o curso, em que a N. nos fez assim umas pinturas todas giras nas faces (nada assustador, é verdade, mas com alguma arte) e fomos até ao BE, mas pelo que me lembro nem foi nada de jeito, não houve quem aderisse muito à coisa. Em Portugal sei que já há bastantes "iniciativas", com os bares e discotecas a fazer festas alusivas ao tema, e também há quem vá de porta em porta ao "Doce ou Travessura" (mas tenho a sensação, pelo menos na zona em que morava, que esta noite era mais uma desculpa para "vândalos" sairem à rua para fazer "travessuras"). Mas pronto, não é uma data assim muito marcante.

Mas aqui é diferente. Aqui, segundo me disseram, não se festeja o Carnaval (ocasião a que damos muita mais importância em Portugal), então o "Carnaval" é na noite de Halloween. Há mais de um mês que as lojas se prepararam para esta noite. Há uma loja bastante famosa por aqui, que se orgulha de ter mais de 1000 disfarces diferentes e pela qual passei há 2 semanas... qual não foi o meu espanto quando vejo uma fila até cá fora que fazia esquina e tudo! Eu imagino como terá estado na véspera ou no próprio dia, com as compras de última hora. Depois, há lojas que apenas abrem por esta altura. Sério. Há uma loja numa rua aqui perto que abre em Outubro e que se chama "Halloween". Ao que parece depois só fecha no final de Dezembro porque entretanto passa a vender também coisas de Natal.

E para não ficarmos atrás também nos "mascaramos". Vá, não fomos "loucos" ao ponto de comprar um fato, mas com uma maquilhagem e uns acessórios e já se percebia bem ao que íamos. E também compramos a nossa primeira abóbora e o R. fez um excelente trabalho com ela (vá, para primeira vez pareceu-me excelente).

Outra coisa "extraordinária" é que aqui não é comum lançarem fogo de artifício (em Portugal todas as "aldeias" têm a festa do Santo Padroeiro e em todas essas festas há fogo de artifício, portanto para nós é algo completamente banal). No entanto, ontem era fogo de artifício por todo o lado, alguns dos meus vizinhos fizeram também questão de lançar algum.

Mas a tradição mais engraçada para mim foi mesmo a do "Trick or Treat". Devo confessar que não estava nada à espera que me batessem à porta. Logo não tinha doces nenhuns para oferecer. E então quando aparecem aqueles "piquenos" (acompanhados pelos pais, alguns também mascarados - como o Coelhinho (filho) que vinha acompanhado do Hulk (pai) ) o que é a gente faz? Bem, posso dizer-vos que o meu stock de bolachas foi-se! Foi bolachas de canela (as minhas preciosas bolachas de canela portuguesas!), foi bolachas "Bourbon", foi bolachas "Custard"... foi tudo! E mesmo assim ainda mandamos algumas crianças embora sem nada. E elas lá iam cabisbaixas (mesmo tendo já um saco enorme carregado de doces!) mas não sem antes nos desejarem "Happy Halloween"! E não tivemos a casa vandalizada por não termos doces. Vá, roubaram-nos a abóbora, mas até agradeço, é trabalho que não tenho para enfiá-la no lixo!



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Pim pam pum...

Peço desculpa pela ausência, mas finalmente ando um pouco escassa de tempo livre e quando o tenho há sempre algo a ocupar-me. Tudo isto porque comecei a trabalhar há pouco mais de 2 semanas no meu novo emprego e como trabalho durante o dia (porque no hotel entrava às 18h e saía às 2h da manhã, deixando-me super cansada, apesar do tempo livre ser bastante maior) acabo por chegar a casa, preparar o jantar e pronto, "xixi e cama", o que eu adoro, pronto.

É exactamente sobre isso que vou falar neste novo post que pretende dar a conhecer as diferenças entre Portugal e Irlanda do Norte/Reino Unido.

Antes de mais nada, e porque o post anterior criou alguma polémica, devo esclarecer que o que quis dizer não foi que é impossível comer uma refeição saudável por aqui. Não foi isso. O que quis dizer é que se nos habituarmos às rotinas mais comuns que por aqui se praticam que a minha saúde deixa de ser o que é. E só me baseio no que vejo, claro.

Pronto, esclarecimento efectuado.

Ora então, regressando ao tema de hoje. Saí de Portugal porque não consegui arranjar emprego durante mais de um ano. Pouco antes do nosso casamento trabalhava num Centro de Ciência. Saí de lá por várias razões: primeiro porque o espaço ia fechar para obras, portanto não havia garantias de trabalho; segundo porque resolvemos mudar-nos para Guimarães, já que eu tinha esperança de que na minha terra iria facilmente encontrar um emprego; e em terceiro porque tinha um casamento e uma tese para tratar, então precisava de tempo. Sim, não foi se calhar uma decisão assim tão intelegente, mas como aquele trabalho tinha sido fácil de arranjar, nunca me tinha deparado com uma real situação de desemprego. E pronto, desde aí não consegui nada (ou quase nada). Consegui um emprego (trabalho?) num restaurante num centro comercial (isto ainda antes do casamento e antes de terminar a tese) que era um "mimo": 6 dias por semana, das 11 da manhã às 11 da noite com 3h de intervalo ali pelo meio (em que não dava para fazer NADA, já que aquilo ficava ainda longe de minha casa) e a ganhar o salário mínimo. Recusei (assim como fizeram todas as pessoas antes de mim) porque realmente era quase trabalho de escravo. Mas recusar se calhar foi castigo para mim, porque depois disso é que nunca consegui nada de jeito. Só uma explicações, uns biscates na minha mãe, uns biscates na minha madrinha e pronto, ficou por aí. O que juntava ao fim do mês dava para muito pouco. Tentei de tudo (ou quase tudo): bolsas, empresas (da área, claro), lojas... Raramente me respondiam. E se respondiam, ou não tinha experiência ou não estavam a precisar de ninguém. E ao fim de mais de um ano nisto acabei por cansar. Porque o R. mesmo tendo emprego ganhava tão pouco que ao fim de 10 dias já estávamos outra vez à rasca de dinheiro! Juntáva-mos moedas durante uns meses para poder ir ao cinema ou comprar um livro. Verídico.

Então no início deste ano decidimos que estava na hora de mudar e fazer pela vida. E aqui está a diferença de um país que não está em crise (ou pelo menos não como o nosso): em menos de um mês o R. conseguiu um emprego full-time numa das maiores cadeias de cafés do mundo. Conseguiu até um emprego casual no Titanic, mas acabou por recusar porque não lhe compensava. Eu demorei um pouco mais, por causa do meu inglês (e da minha confiança também). Acabei por tirar vários cursos na área da hospitalidade e retail, consegui uma série de certificados (tudo gratuíto), entretanto fazia uns biscates durante concertos e no IKEA, até que me decidi a candidatar a coisas mais a sério. Ainda não consegui um emprego na minha área, mas já tive mais entrevistas relacionadas com esse assunto que aquelas que tive no meu país. E em pouco tempo consegui um emprego num hotel, depois consegui outras duas entrevistas (uma delas para o meu actual emprego) e fui bem sucedida nas duas, e depois ainda tive de escolher entre as várias ofertas. Ou seja, durante mais de um ano eu chorava porque não conseguia nada, e agora chorava porque não queria tomar a decisão errada.

E ainda dizem eles que está difícil arranjar emprego aqui! Se vivessem em Portugal iam ver o que é difícil.

Portanto, até agora, esta foi a melhor decisão que tomamos.

domingo, 13 de outubro de 2013

Gastronomia? Mas isso existe por estas bandas?

E para começar esta minha nova "rúbrica", nada melhor que dar os louros ao meu querido país. Se há sítio onde se come bem é em Portugal. Tenho dito.
Falemos então da comida inglesa/irlandesa (o que lhe queiram chamar).
O que é mais típico por cá? Ora, temos os famosos "Fish&Chips" (que eu confesso com imenso orgulho que nunca provei nem o pretendo) que não passa de (chanãaaa) batatas fritas com peixe frito! E atenção, o peixe é, nada mais nada menos, que bacalhau fresco (que sabe quase ao mesmo que pescada) - pois, porque eles não conhecem o "fiel amigo" como a gente o conhece. "Bacalhau salgado? Vá de retro!" E em cada esquina (mesmo aqui na rua ao lado) há restaurante disso. É um cheiro a óleo velho que me faz pensar que o MacDonald's é saudável.

Àparte o "Fish&Chips", há outros pratos típicos. A "Guiness Pie", por exemplo, que também nunca provei nem pretendo, mas isso é porque eu detesto massa folhada. Há também o "Irish Stew", que eles consideram assim tipo um marco na culinária, mas diz quem já provou (também ainda não provei, é verdade) que em nada (ou quase nada) difere do nosso estufado. Acho que é feito com cordeiro, mas não garanto. Há também as "Jacket Potatoes". Não passa de uma batata cozida (mas uma senhora batata), abrem ao meio e depois metem coisas lá dentro. Queijo ou atum ou "Coleslaw" (que é uma "salada" de coisas com maionese, nem sei o que leva) ou outra coisa qualquer lá dentro. É bom. Vá, não é nada de especial. Nem enche muito o bandulho. Mas come-se bem. E há os scones. Isso sim, e dou a mão à palmatória, eles sabem fazer. Scones e muffins, sim senhor, alguns são mesmo deliciosos. Mas depois há o problema que é: eles AMAM sultanas ou uvas passas ou o que queiram chamar àquilo. Eu detesto essa porra. Eles vendem disso aos sacos de 3kg! E depois enchem os scones daquilo. E uma pessoa vai ali ao "café" e pede um scone e eles perguntam logo: "Fruit?" Que é a tal coisa das uvas passas. Na experiência que tive no restaurante (aquele de 2 semanas, que foi o culminar dos cursos todos que tirei e em que eu fui a barista... falei disto, certo?) alguém me pediu um scone. E eu: "Ah e tal, temos normal, com cereja ou de fruit..." Assim que eu digo "fruit" os olhos da pessoa até brilharam. É algo que eles pura e simplesmente adoram! Aposto que comem daquilo aos pacotes em casa. Chiça! Vejam lá que no Hotel onde trabalhei, houve um dia em que me pediram para cortar o bolo da noiva em fatias. Aquela m**** (que não há outro nome, porque os próprios dos ingleses/irlandeses detestaram aquilo) não era mais que um conjunto de passas todas apertadas umas contra as outras! Nem farinha aquilo tinha!
Adiante. E batatas fritas? É ainda pior que passas! Eles comem "chips" com tudo! TUDO! Primeiro dia cá e fomos a um restaurante Italiano com o T. (ainda não conheciamos nada, ele fez-nos a tour, e aquele restaurante é realmente barato) e qual não é o meu espanto quando o R. pede pizza e lá vem a pizza com batatas fritas! Agora até já me habituei, mas ao início era coisa do outro mundo. E melhor! Eles adoram meter vinagre nas batatas fritas!!! Esta gente é completamente possuída!
E quanto a pequenos almoços? Então, temos o famoso "Ulster Fry": salsicha frita, bacon frito, cogumelos fritos, tomate frito, ovo frito, pão de forma frito, pão de soda frito, pão de batata frito e panqueca frita. Tudo isto no mesmo prato (dependendo do sítio, panqueca não é muito comum). Confessem lá, já vos subiu o colesterol só de ler, certo? E com que se acompanha? De preferência com uma bebida energética, claro! (Normalmente oferecem o chá ou o café, mas é comum vê-los beber bebidas energéticas ao pequeno-almoço).
A educação alimentar é mesmo horrível, aqui vê-se pessoas tão gordas que põe os particiantes portugueses do "Peso pesado" (era assim, não era? Aquele programa da SIC) a um canto. Sério! Mas tudo isto começa de pequenino. Aqui não há Cerelacs e Milupas e Nestuns. Ou seja, os bebés passam à frente essa fase. Depois do leite toca a encher o bebé de batata frita e MacDonald's. Não estou a gozar! Já vi crianças muito pequenas comerem no MacDonald's! E pior, já vi uma criança de 2 a 3 anos a beber um Red Bull. Verídico! É horrível.

Portanto, não há comida como a nossa. Há uma semana fomos a uma cidade aqui perto, Portadown. Descobrimos lá uma loja portuguesa e um restaurante português. Foi Natal mais cedo, minha gente! Foi trazer bolachas Maria (que aqui só existe uma marca e é caríssima. Porque se é para comer bolachas, então que seja com cremes e chocolates e afins. Bolacha Maria? Não, isso é para meninos!), bolachas de canela, rissóis, a A. e o A. trouxeram alheiras... bem, foi Natal mais cedo, como já disse. E depois fomos almoçar ao Don Silva's. Ai senhores, que grande quantidade de comida! Mas comida a sério: espetadas, frango, costelinhas (tudo grelhado!), com batata frita e arroz e salada, tudo acompanhado de um Sumol e para terminar um café português e ainda trouxemos natas e uma bola de berlim. Foi mesmo muito bom!
E o café? Bem, um café para eles é um balde de água com uma coisa castanha. É simplesmente intragável, a não ser que se meta açúcar/leite. Claro que se pode pedir um "expresso" (dito café em Portugal), mas é preciso ter a sorte de encontrar um que valha a pena. É que pagar £1.5 por um café e depois sair uma porcaria é de bradar aos céus! E pronto, fala a pessoa que começa amanhã a trabalhar num dos cafés mais famosos a nível mundial.

E sabem o que foi o almoço hoje? Bacalhau! Porque trouxemos de Portugal um bacalhau inteiro. E portanto de vez em quando lá fazemos de conta que estamos em casa.

sábado, 12 de outubro de 2013

Belfast/Northern Ireland vs Portugal

Bem, vir aqui duas vezes no mesmo dia, esta é nova!

A verdade é que hoje tive um dia super-hiper-mega aborrecido. Estou há 2 semanas em casa, à espera de 2ª feira para começar o novo emprego, e então estes últimos dias parece que se arrastam, o Ren entrou às 7am e devido a uma reunião a esta hora ainda nem chegou a casa (são 11:19pm!) e está frio, logo os meus pés congelam... um tédio, pronto. Felizmente a A. e o A. passaram aqui em casa e convidaram-me para ir lá a casa jantar. Claro que aceitei e quando me pus a caminho tive assim uma vaga de nostalgia. Primeiro porque está frio, e então tive de me aconchegar no casaco, o que me provocou uma ligeira sensação de conforto. Eu gosto do frio. Na dose certa, mas gosto. Depois, a noite já tinha caído e ainda assim havia crianças a brincar na rua, grupos de jovens aqui e ali a conversar... vantagens de se viver perto do centro mas ainda assim longe o suficiente para se estar num sítio sossegado. Depois, cheirou-me a lareira. E que reconforto senti cá dentro! Adoro o cheiro das lareiras, é das coisas que mais gosto durante o Outono/Inverno. E depois, e basicamente por fim, porque a viagem chegava ao fim (a A. e o A. são meus vizinhos) cheirou-me a sardinhas fritas. Provavelmente eram salsichas. Ou batatas. Ou outra coisa qualquer frita. Mas cheirou-me a sardinhas fritas. E eu senti uma terrível saudade do meu país. E então pus-me a pensar nas diferenças entre um lugar e outro. E então lembrei-me de criar uma série de posts acerca deste assunto. Sempre me entretenho, mantenho o blog actualizado e pode ser útil para os que possam vir a ponderar viajar/emigrar para estas bandas. Porque aqui há muita coisa boa. Mas Portugal também não se fica atrás em certos aspectos. Esperem para ver. Ou melhor, esperem para ler ;)

"Então e actualizar o teu blog?"...

... já me dizia a minha amiga A.

Não sei... deve ser do frio, não tenho ideia sobre o que possa escrever. Ora bem, já não trabalho no restaurante do Hotel. Não porque tenha sido mandado embora, nada disso! Em verdade verdadinha, eles até ficaram desiludidos por eu me ir embora. Sabem como é, os estrangeiros são bem melhores trabalhadores que os locais. Mas é que entretanto consegui outro emprego. Tudo na mesma linhagem. Mas desta vez na mesma companhia do R. Será que posso dizer o nome? Só assino contrato na próxima 2ª feira (o dia de aniversário da minha Xuxu, não me esqueço!), portanto acho que posso dizer. Ou dar pistas (é verdade, compramos o Cluedo, estamos a preparar-nos porque em Novembro vamos ali à Opera House ter um jantar à "Sherlock Holmes", onde alguém é assassinado e temos de descobrir o assassino!). Pronto, é um café, daqueles que tem dezenas de variantes dos cafés. Começa por C. e é Italiano. Pronto, já chegaram lá? É lá que começo a trabalhar na próxima 2ª feira, e além de nervosa estou bastante contente e excitada (salvo seja). Afinal de contas é um full time a fazer cafés bonitos, não é nada mau.

Ora, e planos? Planos... passaremos por aqui o Natal (o que vai doer assim um bocadinho. Já não basta trazer as recordações que traz, ainda ter de o passar longe da família...). Estamos a pensar, com amor e carinho, ir aos estúdios dos Warner Bros em Londres lá para Dezembro. Em Janeiro vamos a Portugal (Xuxus, guardem um Domingo para irmos ao Sushi, tá?) e em Fevereiro/Março vamos "ali" à cidade do amor, Paris.

Também podia falar do facto de nunca ter tido uma otite, mas como disse à A.: "ainda me rogam pragas", portanto hoje fico por aqui ;)


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Xiiii!!! Ao tempo! ;)

Bem, depois da semana "excepcionalmente porreira" já muita coisa aconteceu. Para começar, nunca mais tivemos um dia de praia. Aquilo foi só uma amostrinha de Verão e eu ainda nem tive a oportunidade para vestir uns calções que comprei para esta altura -.-

Depois, a entrevista há muito que já lá vai e a resposta foi negativa. Depois do "dia da deprimência" toca a erguer a cabeça e continuar a procurar. A verdade é que na próxima semana tenho uma entrevista para um laboratório, portanto é preciso seguir em frente (esta entrevista tem uma história engraçada: candidatei-me a 2 vagas lá na empresa. Uma delas recebi um email dias depois a dizer que não tinha sido bem sucedida para entevista. E eu fiquei a murmurar com os meus botões que se não tinha conseguido uma, é porque tinha conseguido a outra! E passado umas semanas recebo outro email a dizer a mesma coisa. Fiquei pior que estragada, porque ainda por cima foi no mesmo dia em que recebi a resposta do Science Centre. Mandei email de volta a pedir feedback, uma vez que além de preencher os "essential criteria" eu tinha ido ao "recruitment day" e eles disseram que o meu CV encaixava com aquela posição. Bem, peçam sempre feedback. Porque uma semana depois recebi um email a dizer que tinha sido bem sucedida e que tinha a minha entrevista marcada para dia x.)

Depois, terminei finalmente os cursos que andei a tirar, tivemos 2 semanas brutais num restaurante aberto apenas durante esses dias, que foi o maior sucesso (só para terem uma ideia, só de "tips" conseguimos um total de £600 em 10 dias!). Foi uma experiência gratificante, até porque eu fui a barista e diverti-me imenso a fazer cafés (e a receber alguns elogios!). Não é o meu sonho, é certo, mas ajudou-me a crescer, a ter mais confiança em mim (e no meu inglês) e finalmente comecei a candidatar-me também a cafés e restaurantes (porque o ideal é um lab. ou algo assim, mas o dinheiro ainda não nasce das árvores!) e entretanto já tive umas quantas entrevistas e esta semana acabei por ter de escolher entre dois empregos! Esta nunca me tinha acontecido :P Portanto, amanhã começo como a mais recente aquisição do Malone Lodge Hotel. É um part-time, em que basicamente faço parte da equipa de "Food&Beverage Assistant" em casamentos/reuniões/jantares e afins. Coisa chique, querem o quê? :P

E pronto, é neste pé que vão as coisas.

domingo, 14 de julho de 2013

Semana excepcionalmente porreira!

Esta semana foi sem dúvida "agitada".

Para começar fomos à praia. Dois dias seguidos! E apanhamos um escaldão. Com 25º! E viva o Verão na Irlanda do Norte. Foram dois dias de praia mesmo à inglesa/irlandesa: com direito a BBQ daqueles que custam £1 e que depois se deitam foram. Cogumelos e pimentos com sabor a petróleo! Bem bom...




Depois de dois dias de praia que souberam mesmo bem (faz-se de conta que se mata as saudades do nosso país) fomos dar uma volta por "terriolas" aqui ao pé (Downpatrick e Ballynoe, se alguém se mostrar interessado), já que convém "fugir" do centro por estes dias, devido ao feriado de 12 de Julho (vocês devem ter visto nas notícias, a comunicação social adora dramatizar o que aqui se passa, nem que seja apenas uma escaramuça entre bêbados - e basicamente não foi muito mais que isso, eu pelo menos não vi nada). E pronto, lá fomos visitar a terra onde morreu o St. Patrick, o padroeiro da ilha. Supostamente vimos o seu túmulo, mas pelo que entendemos ele já lá não está enterrado. Foi um dia bem passado, diferente da rotina de Belfast, um pouco rural até.







E no meio de uma semana de "escapadelas", finalmente recebi uma boa notícia: consegui uma entrevista de emprego! Afinal estou no "mapa". Porque isto de uma pessoa se candidatar a vários empregos e não receber feed-back deixa-me de rastos. Concorri para o centro de ciência cá do sítio, basicamente para fazer  aquilo que eu fazia na Fábrica Centro de Ciência Viva de Aveiro, e em 24h estava a ser chamada para entrevista. Que é só daqui a 15 dias! Vá, não me posso queixar de falta de tempo para me preparar ;)

E assim vai Belfast.

terça-feira, 18 de junho de 2013

"We will rock you"

Assim que pusemos os pés em Belfast, eu e o Ren reparamos nos cartazes espalhados pela cidade a anunciar "Queen". Eu, como completa fã de Queen e em particular de Freddie Mercury, entrei em quase histeria e foi das primeiras promessas que fiz depois de começarmos esta grande aventura: "Se pelo menos um de nós conseguir um emprego, vamos ver este concerto!"

O R. sendo também ele um fã confesso dos Queen obviamente nem pestanejou e aceitou a minha promessa/proposta.

A dada altura, e depois da euforia passada, eu li bem o cartaz. Afinal não eram os Queen! Era um musical dos Queen! Ok, não deixam de ser as músicas deles, mas aquilo que eu tinha em mente era um concerto dos Queen com o tal de Ben Elton a "substituir" (salvo seja) o Freddie como vocalista, mas ainda assim com membros originais da banda. Afinal vim a descobrir que o Ben Elton é o encenador da peça. A febre acabou por passar um pouco e acabamos por deixar para os últimos dias a decisão de ir ou não ao musical. O R. já não estava para aí virado, mas eu ainda queria muito ir, então na 6ª feira, um dia antes do último concerto/espectáculo, fui até ao Odyssey e comprei os bilhetes (nada baratos, já agora!).

Portanto, eu ia com as expectativas a meio termo, acho que posso arriscar que o R. ia mesmo só para me acompanhar e não ter de me ouvir lamentar durante dias.

A verdade é esta: assim que começou o musical eu pura e simplesmente comecei a chorar! Verídico! E nem era uma música assim tão espectacular, era "apenas" "Radio Ga Ga". Acho que a emoção pura e simplesmente tomou conta de mim.

Foi para lá de épico. Para começar foi o 1º músical a que assisti. Depois o enredo estava bastante apelativo e com imensa comédia à mistura, e referência aos grandes nomes da música dos anos 70/80/90. E, claro, é uma excelente homenagem ao Freddie Mercury.

O R. adorou o espectáculo do princípio ao fim e realmente não há como ter fracas expectativas sobre algo e no final ser surpreendido pela positiva.

Claro que o ponto alto e absolutamente épico foi mesmo o final, após as supostas despedidas, em que nos questionam se queremos a "Bohemian Rhapsody". Raio de pergunta, claro que sim! E o elenco não desiludiu, fez uma grande interpretação desta música... e no solo da guitarra veio mesmo a palco Brian May, o guitarrista dos Queen *.* É que o musical (e eu só percebi isso depois) foi mesmo criado pelos membros dos Queen!

Pronto, comprei um pin todo catita ("igual" à imagem abaixo), agora ando por aí a exibí-lo, e ando também meio deprimida, acho que fiquei com as emoções à flor da pele depois disto, porque apesar de ser fã dos Queen há alguns anos, a verdade é que eu tinha 4 anos quando o Freddie Mercury morreu, depois disso foram precisos 21 anos para perceber que eu não tive nem nunca terei a sorte de o ver ao vivo. Portanto, basicamente, eu tenho andado a "chorar" a sua morte nos últimos dias... pronto, vamos dizer que são as hormonas, ok?



sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Annabel Lopez? Like Jennifer Lopez?"

Uma semana depois de ter voltado aqui estou eu para vos contar mais algumas das aventuras maravilhosas por que que tenho passado.

Portugal foi bom. Curto, mas muito bom. Para começar estava aterrorizada com o facto de que tinha de ir sozinha. A viagem até Dublin correu tranquilamente (se esquecermos o facto de que a porta da saída de emergência no topo do autocarro quase ter voado), em Dublin consegui desenvencilhar-me perfeitamente (estava com receio por causa do sotaque, mas afinal não é tão cerrado como em Belfast... ou pelo menos não pareceu), a viagem de avião também foi tranquila e pronto, os 3 dias seguintes foram a correr. Fazer compras, visitar família, dar mimos na Guinchas, arrumar, despejar e deixar a casa, fazer sessões fotográficas... bem, eu no 2º dia tomei 2 cafés (que saudades daquele café!) no espaço de poucas horas e ao fim da tarde não podia comigo mesmo, achei que ia ter um treco de tão alterada que estava. Quando disse ao meu pai que à noite ia "tomar um café" com as meninas ele perguntou:

"Tu disseste que vais tomar um café?"

"Hum, sim, assim que elas chegarem..."

"Vou repetir: tu disseste que vais tomar um café?!"

E aí eu percebi:

"Ok, normalmente não dizemos «vou beber um copo de sumo»!"

É que com outro café em cima eu só teria parado no hospital :s

Adiante, foi estranho voltar lá, porque de repente eu percebia todas as conversas à minha volta, toda a gente me percebia e tive de aprender a controlar o meu tom de voz, porque aqui eu dou-me ao luxo de dizer parvoíces no meio da rua porque ninguém me percebe :p Mas foi tão bom! Ah, e ainda tive de me servir do inglês com uma rapariga que estava no café e que queria saber o que eram "Ovos Moles"!

De regresso, tive um fim-de-semana fantástico! No sábado fomos à praia (Helen's Bay), apanhei um escaldão, molhei os pés toda contente (a água estava bem boa) e ainda vimos um casal de putos a fazer o "amor" lá no meio da relva (true story!). Tudo isto com uns fantásticos 20º!
No domingo fomos ver a exposição do Game of Thrones :D Até tive direito a sentar-me no trono ;)

Teve de ser um fim de semana em cheio, porque durante esta semana e as próximas duas estou ocupada a fazer um novo curso, desta vez mais prático, que me vai dar os certificados de Food&Beverage Assistant/Barista. Coisa fina! Já tirei os meus primeiros lattes e cappu-latte-ccinos (era suposto ser cappuccino)!

Tem sido uma semana bem divertida, gente nova no curso, outros que já conhecia, com direito a uma maluca no grupo (maluca mesmo, ainda ontem foi expulsa da sala, e hoje desapareceu a meio de uma tarefa... até seria "normal" se ela não tivesse uns 45 anos!). É sempre uma agradável experiência fazer estes cursos, porque aprendo bastante mais de inglês assim do que a estudar em casa, o pessoal acha-nos piada (a mim e aos espanhóis) pela coragem que tivemos (novo país, nova rotina, nova vida, nova língua) e depois há sempre aqueles espirituosos que se viram para mim:

"Oh! Annabel Lopez? Like Jennifer Lopez?! Can I call you A.Lo?"

E eu só penso: "Esta gente é doida!"


sábado, 1 de junho de 2013

"Are you Spanish?"

Esta é provavelmente a pergunta que mais vezes me fazem, mas já lá vamos.

Uma semana após aquele que foi um dia de muitas emoções (post anterior) e depois de passar dias a ver e rever todos os vídeos e fotos referentes a esse acontecimento (e de chorar de saudade/emoção com alguns deles) eis que outro grande acontecimento se aproxima: após três meses de "jejum" voltarei a pisar terras lusitanas dentro de 3 dias. Até sonho com isso! Para começar vai ser um desafio andar de avião "sozinha" (o Renato não vai, achamos que não existia a necessidade de irmos os dois para tratar de assuntos que um só pode tratar... e como ele é que tem um emprego fixo...). Depois vais ser um desafio conseguir controlar o meu tempo: visitar família/amigos, cafézinhos com o pessoal, cabeleireira (porque eu não me arrisco a ir aqui às cabeleireiras, ainda saio de lá careca!), compras, sessões fotográficas... vai ser giro, vai!
Claro que há prioridades: passar algum tempinho com os meus pais, dar muitos mimos na Guinchas e visitar o meu afilhado (e surpreendê-lo com uma PSP - é desta que me torno na madrinha "fixe" que todos os putos querem ter :p) são algumas delas. Mas como eu adoro controlar e planear, espero ter tempo para tudo.

Mas até lá ainda faltam uns dias...

Por aqui as coisas vão bem. Eu pelo menos considero que vão bem. Pelo menos eu saio à rua e apetece-me sorrir (normalmente tento não o fazer, principalmente se estiver sozinha. Mas às vezes sai-me. Já vos contei o episódio da bexiga? Vou contar: eu e o R. íamos na rua e eu estava a contar que li algures que para decorarmos uma palavra numa língua diferente da nossa devemos repetí-la pelo menos 20 vezes para que ela se torne familiar. E a dada altura eu afirmo preciso de ir à casa-de-banho porque a minha bexiga está a rebentar. Vai daí pergunto: "Como se diz bexiga?" E ele: "Bladder." Bem, ainda demorei alguns segundos a perceber o olhar constrangido do R. quando eu comecei a repetir, em voz alta e no meio da rua, a palavra bladder!) Continuando... se uma pessoa sai à rua e tem vontade de sorrir, é porque as coisas estão mais ou menos bem, certo? Pronto.

Esta semana tivemos dois (2!) dias de céu limpo e com 19º! Ok, pode não parecer muito, mas aqui é MUITO! As pessoas sairam à rua, ocuparam os jardins e realmente esteve calor. Eu pelo menos já me habituei às temperaturas. Só para terem uma noção, na 5ª feira saí do trabalho perto das 23h, ainda não estava completamente noite e estava tanto calor que eu vim de t-shirt até casa!

Por falar em 5ª... isto de ser trabalhadora casual tem as suas vantagens. A principal desvantagem é que te podem chamar em cima da hora. A vantagem (além de pagarem :p ) é que pode-se apanhar trabalhos brutais. Tipo aqueles de servir cervejas durante o concerto dos Journey e White Snake. Priceless. Na 5ª foram os Tourism Awards "Something" e havia um jantar de gala/gourmet e lá fui eu, que nunca servi à mesa, servir senhores e senhoras todos aperaltados e pipis! Nada de complicado, era mesmo só servir vinhos, e depois entregar os pratos (ai que aquela sobremesa tinha tão bom aspecto!). Não sei se eram todos assim, mas a mim calhou-me uma mesa de 4 senhores e 4 senhoras extremamente simpáticos e educados, fiquei agradavelmente surpreendida!

Quando ao título do post... a verdade é que Belfast está a ser "invadida" por uma quantidade brutal de espanhóis. Alguns até me metem pena! Já contei sobre o M., um "rapaz" espanhol que tirou os cursos comigo? Acho que não... bem, ele é casado, tens dois filhotes, fala pouco inglês e percebe ainda pior, e às vezes, durante os intervalos do curso, dava com ele a ver no telemóvel vídeos dos filhos, que estão com a mulher em Espanha. Até se me formou um nó na garganta. Fiquei a saber que esta semana ele conseguiu um emprego como housekeeper num dos maiores hoteis de Belfast. Fiquei mesmo contente!
Adiante, como estava a dizer, há mesmo muitos espanhóis a vir para cá, à procura da oportunidade que não tiveram no país deles (faz lembrar alguém?) e então de cada vez que conheço alguém (principalmente no IKEA) e eu digo o meu nome, perguntam-me automaticamente: "Are you Spanish?" E quando digo: "No, I'm Portuguese" a resposta é automática: "Oh, Algarve!" Pois é, queridos leitores, aqui já toda a gente esteve no Algarve, toda a gente diz que Portugal é o sítio onde tiveram as melhores férias e alguns ainda dizem que têm férias marcadas para Portugal. Portanto, Portugal está no mapa! (apesar de na cabeça deles ser apenas Algarve, mas também não se pode pedir tudo!)

E pronto, o post já vai longo, alguns já adormeceram após o episódio da bexiga, então é melhor parar por aqui.

Vemo-nos em terras do rei ;)

domingo, 26 de maio de 2013

Quando a distância dói...

Eu sei que quase ninguém lê o meu blog (ou pelo menos eu gosto de pensar assim) e daí sentir-me muito mais à vontade para me expor aqui.

Hoje é, estranhamente ou não, um dos dias mais felizes, mas ao mesmo tempo, mais tristes de toda a minha vida (que já não vai tão curta como isso).

O Vitória Sport Clube (mais conhecido como "Vitória de Guimarães") tem 90 anos. Tem uma massa associativa imensa. Tem os melhores adeptos do mundo. Mesmo nos momentos mais difíceis acreditamos e apoiamos. Sempre. O Vitória tinha apenas uma taça (uma Super Taça, em 1987, o ano em que nasci).

Hoje faz-se história: o Vitória acaba de ganhar a Taça de Portugal.

Para muitos pode parecer pouco. Para a minha cidade é TUDO! Vivemos em crise. Meremos isto. Muito. Somos bairristas, somos arruaceiros... chamem-nos o que quiserem, mas amamos a NOSSA cidade e o NOSSO clube. Não nos vendemos para "um dos grandes". Em 2006 vimos o céu desabar quando o Vitória desceu. Mas não viramos as costas. Choramos. Choramos de tristeza e de raiva. Mas erguemos a cabeça e lutamos. Acreditamos.

E hoje estamos aqui. Acabamos de vencer a Taça de Portugal. Porque acreditamos. E assim sinto que é um dos dias mais felizes da minha vida. Choro de emoção e alegria. Mas é também um dos dias mais tristes da minha vida. E choro de tristeza... e de saudade! Hoje, mais do que nunca, tenho uma vontade imensa de estar na minha cidade, com a minha gente, e gritar e rir em conjunto com os meus.


E como diz o nosso lema:

"Aconteça o que acontecer, sou do Vitória até morrer"



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Eu e os colegas estrangeiros cá de casa...

Bem, isto de viver com outras pessoas tem muito que se lhe diga. Por um lado é chato. É chato porque é tudo homens, e tampa da sanita é algo que não lhes assiste -.- E é chato porque eu estava habituadinha a ter a minha casinha, só eu , o Renato e a Guinchas e de repente vejo-me numa casa cheia de gente.
Mas tem as suas vantagens! Para começar é mais barato. E depois sempre se convive um pouco quando nos cruzamos na cozinha ou nos corredores.

Ontem cheguei à cozinha e estava lá o paquistanês. Estava a começar o seu jantar, que normalmente tem um cheiro maravilhoso (o mesmo não se pode dizer do rapazinho, que tem aquele cheiro característico entranhado, o que me faz alguma confusão) e deitar um olhar mais demorado (de 1,5 segundos) à carne que ele estava a preparar. E ele topou. Perguntou-me se eu sabia o que era aquilo. Eu disse que não sabia o nome em inglês, mas que sabia que eram "little birds" (perdizes, basicamente). E pronto, voltei ao meu quarto com uma caneca de café e um pedaço de peixe que tinha sobrado do almoço. Passado uns minutos cantava eu aos altos berros uma música qualquer  e eis que batem á porta. "Pronto, já estou a importunar as pessoas!" E afinal era o rapazinho que me veio oferecer um prato de comida! Desconfiei e em vez de agradecer a primeira palavra que saiu da minha grande boca foi "Why?" porque eu achei que sendo ele paquistanês aquilo devia estar minado... a verdade é que estava: minado de sementes de malagueta!!! Era bom, era sim, senhor, mas que ardia, lá isso ardia! Tivesse eu hemorróidas e elas até choravam!

*
Hoje fui à caixa multibanco verificar o saldo e quando estava a tirar o cartão e a preparar-me para virar costas, eis que ouço atrás de mim: "Give me all your money!" Eu nem respirei, nem pestanejei... pura e simplesmente nem olhei para trás e segui o meu caminho, super apressada, e a rezar para que a pessoa que estava prestes a assaltar-me não tivesse oportunidade de seguir-me. Cheguei ao GEMS (local onde tenho as minhas aulas de inglês) sã e salva e acabei por esquecer o assunto.
Quando voltei a casa para o almoço, estava eu na cozinha e eis que surge o romeno cá da casa. E disse-me ele que me viu esta manhã, que me falou e que eu o ignorei.
E eu: "Hummm... when and where? I don't remember that..."
E ele: "In the cash machine..."

Bemmmm... isso explica muita coisa!!!

Portanto, já estou à espera que do polaco venha algo também inesperado... é que depois de um me oferecer um prato de comida como se eu fosse uma sem abrigo e do outro "me ter assaltado" até tenho medo do que possa vir do 3º!

E assim vai Belfast!

sábado, 18 de maio de 2013

E já lá vai quase um mês...

... desde a última vez que disse coisas :p

Acho que é bom sinal, é sinal de que me tenho mantido ocupada, que é algo que adoro (detesto ficar horas sem nada para fazer, credo!).
Ainda não tenho emprego como deve de ser, mas agora já estou inscrita em duas agências de recrutamento e agora quase todos os dias lá vou eu para o IKEA, ou para um hotel, ou então servir bebidas durante concertos (e ainda ter a oportunidade de assistir a parte do concerto)... não é bem o que sonhei para a minha vida, mas enquanto não se arranja melhor nem me queixo, afinal de contas lá vou recebendo uns "dinheirinhos" ;)

Entretanto foram surgindo algumas ideias e eu e o Ren resolvemos tentar a nossa sorte em fotografia. A máquina já a tinhamos antes de vir (a lente é que podia ser melhor, mas por enquanto serve - e quem faz a fotografia é o fotógrafo, não a máquina!), já temos cartões de visita a caminho (por um preço que é mesmo uma pechincha - 250 cartões por £4!) e alguns contactos, mas nada ainda certo. Mas não me preocupo, se não der em nada também não há crise, porque eu adoro tirar fotos, independentemente de ter ou não clientes ;)

Pelo caminho acabei o HARTE, já tirei outro curso de "Leadership", tenho ido às aulas de inglês e pronto, é isto.

Aqui fica o endereço da nossa nova página, para os interessados:

https://www.facebook.com/PhotographyBelfast

domingo, 21 de abril de 2013

A quem de interesse...

Ora bem, eu penso que tenho falado com todas as pessoas a quem a minha vida e a do R. possa interessar, mas pode sempre escapar alguém, então aqui fica o balanço:

- De momento eu estou a tirar o curso HARTE (Hospitality And Retail Training for Employment), como é gratuíto eu aproveito tudo, a seguir vou tirar Linguagem no Trabalho e coisas assim, enquanto não tiver com que me ocupar vai ser assim, vou aprendendo alguma coisa e vou aprendendo inglês. Está a ser uma experiência interessante, num grupo de 15 há uma portuguesa (eu), uma polaca e 4 espanhóis, já estão a ver que aqui há mesmo muitos emigrantes! E depois há a senhora que mete 7 pacotes de açúcar no café (!) e há o Irish que está constantemente de ressaca e que fala e eu não apanho uma ÚNICA palavra do que ele diz, porque eu acho que já vi cães expressarem-se melhor que ele. Portanto, estou a divertir-me muito!

Ah, e os almoços? Ok, é gratuíto, não me posso queixar, mas um copo de sopa (sim, um copo) e uma mini mini mini sandwich?! Oh senhores, eu passo o resto da tarde com fome, porra! :P

- O Renato já está a trabalhar num café daqueles mundialmente conhecido, mas cujo nome não podemos revelar porque ele assinou papéis com política de comunicações sociais e coisas assim, o que interessa é que está a gostar bastante. Entretanto também foi seleccionado para um emprego casual no Titanic (como ainda não assinou nada, acho que ainda posso pôr o nome do local!), o que é assim tipo emprego de sonho para ele (e para mim, quando eu for fluente em inglês - vá, agora já consigo comunicar-me com dissílabos - vou aproveitar o parêntises para contar história caricata no curso. Como os professores variam de dia para dia, temos sempre de nos apresentar... e então na 4ª feira, quando chega a minha vez, eu apresento-me e depois começo a explicar porque aquele curso pode ser benéfico para mim. Mas como ainda estou a convalescer da minha constipação, a voz começou a falhar e então o final da minha frase deve ter sito algo como: "so, this course could.." e a voz falhou, e eu aclarei a garganta e terminei com um bem audível "...help me!" E pronto, a senhora não compreendeu que eu estava apenas a terminar a minha frase, deve ter pensado que lhe estava a pedir ajuda e passou o resto do dia a falar na minha direcção, quase ignorando os meus colegas. Triste, pronto!). E como estava a dizer, o ideal era ele conseguir conciliar os dois trabalhos, vamos a ver como corre.

E pronto, é isto.

Ah, e ontem saí à rua pela primeira vez sem casaco. Yei!!!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Me and the English language...

Em primeiro lugar, espero que a Páscoa tenha sido boa. A minha foi estranha... e "triste". Estranhamente senti falta de tudo: da família, da visita pascal, das amêndoas (que eu nem gosto), do cabrito (que eu dispenso), até das enormes limpezas da Páscoa! Foi estranho. Mas para compensar tivemos um jantar de luxo, em casa do casal português, com bacalhau com natas e quiche vegetariana e brownies e montes de outros doces e pronto, sempre deu para sentir um bocadinho do calorzinho de "casa".

E entretanto eu lá me vou debatendo com o inglês. No jantar como não havia só portugueses (havia também um italiano e duas belgas), o inglês era palavra de ordem. E eu até me estava a safar bem... até que alguém fala em baratas (cockroachs) e eu resolvo armar-me em forte e dizer: "I like cock... cock..." e eis que o meu querido marido se sai com: "Do you like cocks?" -.- E como se não bastasse isto, passado uns minutos, estando completamente satisfeita, eis que me saio com: "I'm fart..."

Definitivamente ainda tenho umas coisas a aprender -.-

domingo, 24 de março de 2013

Let it snow... in March?! @Belfast

(Este post é especialmente dedicado à P. e ao J. que ainda não se dignaram a criar um Facebook e que vão seguindo esta nossa aventura através do blog :p)

E há dois dias o cenário ao acordar foi este:


 @Ormeau Park


 @Ormeau Park


 @Ravenhill Avenue (a nossa rua)


 @Ormeau Park


@Ravenhill Avenue - cenário ao abrir a porta de casa ;)



segunda-feira, 18 de março de 2013

Novidades...

Ora então, novidades por cá:

1. Descobrimos o melhor lugar do mundo para se passar umas horas: The Dock, um bar no Titanic Quarter, em que a ideia é: "Come o que queres, paga o que queres!" Basicamente, se a honestidade não te assiste, comes o que quiseres e sais sem pagar um tostão. Claro que não foi essa a nossa política, mas achamos a ideia genial, é um lugar a visitar com regularidade, até porque podemos levar a nossa própria comida ou pura e simplesmente passar lá umas horas a ler, a escrever, a observar o tempo passar... além disso, descobri que posso lá vender as minhas coisas sem ter de pagar nada ;)

2. Sábado o R. conseguiu o seu 1º biscate. Foram apenas 4 horas, e foi apenas para servir à mesa num jantar de gala, mas foi bom para começar, ele gostou e gostaram dele, portanto é um bom augúrio, espero.

3. O National Insurance Number chegou em menos de uma semana (diziam que chegava dentro de 2 a 5 semanas), o que significa que finalmente estamos legais para trabalhar por cá.

4. A minha querida irmã e os meus pais enviaram-me hoje um pacote com montes de coisas da Bella's Artes, porque estar parada aqui dá comigo em doida. Portanto, estou completamente em pulgas para que aquele pacote chegue. E como aqui as coisas não andam tão negras como em Portugal (nem perto lá passa!) tenho esperança de vender algumas coisinhas por cá.

5. E por fim, ontem foi o St. Patrick's Day. Foi engraçado, o pessoal vestido de modo estranho (ainda mais que o normal), tudo muito verde e trevos por todo o lado, a Parada foi pequena (nada quando comparado às Gualterianas ou ao Pinheiro) mas engraçada e colorida. O mais "interessante" foi ver miúdos de 14/15 anos a cair de bêbados às 3 da tarde. É um outro mundo, de facto.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Coisas que por cá se faz para passar o tempo...

Acho que já referi no post anterior que este tempo de espera é horrível. Reparem: eu não tenho nada para fazer, o R. não tem nada para fazer, estamos numa casa onde a net só funciona quando quer, os livros que trouxe comigo não me chamam a atenção (ou talvez seja mesmo do meu estado de espírito), passear pelo centro da cidade é tortura  porque há tanta coisa bonita para comprar (e comer) e o dinheiro tem de ser esticadinho... de modo que eu e o R. passamos 24h por dia juntos e às vezes torna-se aborrecido olhar apenas um para o outro :p Felizmente já conhecemos algumas pessoas por cá e de vez em quando lá combinamos algo caseiro e passamos horas a conversar e a conhecer-nos melhor. Foi o que aconteceu ontem em casa da A., uma portuguesa (Alentejana) super simpática e divertida e que está sempre disponível para nos abrir a porta, oferecer um cafezinho e dar dois dedos (ou uma mão inteira) de conversa. Como fomos nós que nos oferecemos para lá ir a casa, levamos uns Cappuccinos (marca boa e a metade do preço, numa promoção de agarrar na hora) deliciosos e eu aproveitei para fazer uns scones (que toda a gente adorou, cof cof). Foram horas de excelente qualidade, eu não sei se somos nós que estamos demasiado carentes, mas a maior parte das pessoas que conhecemos aqui são mesmo queridas (do género de: chegas a casa da A. e a primeira coisa que ela faz é dar-te um abraço! Mesmo querida, nem parece que nos conhecemos há uma semana!)

Outra coisa que costumamos fazer é passear por cá, principalmente ao fim-de-semana (e que frio fez este fim-de-semana! O que foi aquilo? Eu achei que gelava na rua, credo!). E vimos nevar, adorei!
Como estava a dizer, este fim-de-semana fomos dar uma voltinha pelos Botanic Gardens, sítio lindo, mesmo ao lado da Queen's University, que é também dos edifícios mais lindos que já vi. E aproveitamos para visitar (já que aqui os museus são à borla) o Ulster Museum... bem, não me impressionou muito, é um pouco confuso, mas também para quem já visitou o Natural History Museum em Londres... mas sim, tem algumas coisas bem giras, é sempre interessante visitar um museu.

Mas o "fenómeno" da semana aconteceu no sábado. O T., a única pessoa que conhecíamos aqui antes de virmos para cá, ia a uma festa de aniversário (juntamente com a malta toda da casa dele) e perguntou-nos se queríamos ir. Tendo em conta que era uma festa caseira, porque não? Ele lá perguntou ao aniversariante se havia algum problema em levar dois "pingarelhos" desconhecidos e ele não se importou nada.
Bem, eu senti que tinha entrado no mundo "American Pie"! Imaginem uma sala pequena, 40 ou 50 pessoas lá enfiadas, tudo a dançar, uns quase por cima dos outros, alguns enfiados na cozinha e nos corredores... uma confusão, mas uma confusão divertida. E o mais estranho (lá está, a tal hospitalidade dos estrangeiros que por cá moram), o aniversariante, que não nos conhecia de lado nenhum, agradeceu-nos pessoalmente o facto de estarmos presentes na sua festa de aniversário... bem, a gente infiltra-se na festa, a gente come e bebe à pala, dá dois passos de dança sem ter de ir a uma disco ou a um bar, e ele é que nos agradece?! Genial!

Bem, pode parecer que eu e o R. andamos aqui só para passear, mas verdade seja dita, acho que não é de grande interesse vir aqui relatar que ontem percorremos as agências de recrutamento, que há dois dias tivemos a nossa entrevista para o National Insurance Number e por aí fora (by the way, foi a minha primeira prova de fogo, o raio da entrevista. Completamente sozinha com o entrevistador, mas não me safei nada mal. Para quem só se comunica em inglês por monossílabos, até estive muito bem! - pelo menos disseram-me que o meu NIN chegaria dentro de umas semanas, logo as coisas correram bem!).



Botanic Gardens, com a Queen's University ao fundo.





Queen's University.

sábado, 9 de março de 2013

"As cores de Belfast..."

Por aqui as coisas vão-se adaptando a nós... ou nós é que nos vamos adaptando às coisas, não sei bem, mas a verdade é que ao fim de uns dias já temos algumas histórias caricatas para contar aos nossos netos, como aquela da nossa tentativa de ir ao IKEA. Para começar fica longe que se farta e achamos por bem ir a pé (hoje, graças a isso, quase arrasto uma das pernas para andar), depois quando finalmente demos com o IKEA (após hora e meia de passo acelerado) eis que nos apercebemos que entre nós e o IKEA existia "apenas" um aeroporto. Conclusão: estrada errada, desistimos, mais hora e meia para trás e decidimos-nos pela Primark. O que a gente não faz para esticar o dinheiro, porra!

Bem, ao menos entretanto deixamos de ser uns "desterrados" e conseguimos finalmente encontrar um quarto onde viver (e partilhar a casa com um polaco, um romeno e uma brasileira - doce regresso aos tempos universitários).

E ontem tivemos a nossa primeira party. Uma party caseira. Mas uma party! Aqui há muito pessoal estrangeiro e já conhecemos uns quantos, amigos do T. Já conhecemos dois portugueses, uns quantos espanhóis, uma italiana, uma grega e por aí fora.
E como estava a dizer, a party... primeiro: eu e A. fomos comprar um bolo a uma loja chinesa. Sim, aqui as lojas dos chineses não vendem roupa, vendem comida. Para começar aquilo não é bem uma loja, é um armazém. Assim que entrei tive a sensação de que sairia sem um rim :p Depois, aquilo está tudo com rótulos em chinês, é super divertido tentar ler aquilo. Depois, resolvemos comprar o bolo de banana (muito bom, por acaso) porque o outro era Panda Cake, e eu não quero saber o que é panda... além de que o bolo era verde. E depois, super hilariante foi quando vejo numa prateleira o belo do anúncio, sob uma data de produtos: OUT OF DATE. De génio.

Segundo: após o bolo, o café, algumas cervejas e muita conversa (em que eu me comunico por monossílabos e pouco mais, porque ainda tenho dificuldade em falar - o R. diz que me assemelho ao Borat, daí a minha relutância, não é? :p) eis que a colega de casa da A., uma miúda enorme mas super simpática, nos fez o maravilhoso do jantar. Primeira vez que comi mandioca (sabe literalmente a batata!) e ai senhores, que eu pensei que toda a minha boca ardia! A comida era deliciosa, sim, mas existem limites de tolerância ao "picante" :p

Pelo meio de tudo isto, passamos também pela fase da depressão, porque é absolutamente angustiante estar num sítio longe da família, amigos e a Guinchas (ai, o quanto a gente sente a falta dela, porra!), não ter nada para fazer, candidatar-nos a tudo e mais alguma coisa mas como os concursos só terminam dentro de uns dias as respostas ainda não começaram a chegar, então isto acaba por nos corroer por dentro, mas vai-nos valendo estas aventuras e os novos amigos. Também, ninguém disse que seria fácil... E tudo isto a juntar ao facto de a cidade ser muito dark, realmente não é fácil!

Mas como diria a T., uma das pessoas mais simpáticas à face da terra que alguma vez conheci e que tão bem nos acolheu em sua casa:

"You know, Belfast is a really dark city, so sad... but, in some time, you will start to see the real colors in Belfast".

E, como disse o Renato, as verdadeiras cores de Belfast talvez estejam nas pessoas que nos têm acolhido como amigos... sem esquecer os nossos aí desse lado, claro :) Miss you family and friends ;)


domingo, 3 de março de 2013

Bem, se por aqui as coisas não funcionarem...

Bem, penso que já entenderam que isto por Belfast é uma espécie de investimento: há quem invista na bolsa, há quem crie um negócio... como não percebo nada de bolsas e criar um negócio em Portugal (pelo menos de momento) é totalmente desaconselhável, pelo menos no meu ponto de vista, resolvemos investir numa tentativa de começar do zero e criar as nossas raízes noutro sítio.

Mas (e era aqui que eu queria chegar) se as coisas correrem mal (Diabo seja surdo e mudo) pelo menos nem tudo foi mau. Não é que bastaram 4 dias (desde 4ª feira até ontem/hoje) para emagrecer 3Kg?! É que andar a pé é o prato do dia por aqui, portanto aquilo que eu ando a tentar fazer há meses consegui em apenas 4 dias. Haja saúde!


sexta-feira, 1 de março de 2013

Starting from zero...



True story!

Pois é, eu e o R. "fartamos-nos" de ficar à "espera que chova" e viemos tentar a nossa sorte por outras bandas. É assim uma decisão um tanto ou quanto inesperada, mas chegamos a um ponto em que era tentar ou continuar na "cepa torta". Ao início era para ser uma decisão secreta, para evitar ter de explicar quando/se isto correr mal. Mas já praticamente toda a nossa família e amigos sabem desta nossa decisão.

Após 48h aqui as perspectivas são algumas, apesar de ainda estarmos a viver em casa alheia. Mas fomos muito bem recebidos, o pessoal (Segurança Social e afins) é bastante acolhedor e se tudo correr bem esperamos criar algumas raízes aqui (para pelo menos darmos o arranque que precisamos na nossa vida). A cidade tem um aspecto ligeiramente deprimente (a típica arquitectura inglesa é um pouco dark), mas tem alguns pontos de referência bem simpáticos (o centro da cidade é lindo) e esperamos em breve poder visitar o Titanic Quarter (foto), a Giant's Causeway e as Mourn Montains. Primeiro só temos de conseguir vingar por aqui ;)

Aos amigos que por aqui nos seguem: vamos dando notícias.

B. e R.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As Chaves da Lua - Livro III

A quem de interesse, informo que o meu 3º livro, e último da saga Lua está finalmente pronto e editado e publicado de forma online. Quem o quiser adquirir já sabe que pode falar comigo ou então dirigir-se a este link:

http://www.lulu.com/shop/anabela-lopes/as-chaves-da-lua/paperback/product-20653359.html?mid=social_facebook_pubsharefb


Ora, então e agora, Anabela Lopes?
Agora, é voltar às origens e reescrever "Borboleta"...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Meu pequeno príncipe...

... a madrinha está aqui para tudo :)


domingo, 30 de dezembro de 2012

É altura de fazer balanços...

Pois bem, pela primeira vez na minha vida faço um balanço negativo desde ano que agora acaba. Sempre fui muito positiva, mas a verdade é que sempre tive razões para isso. Não gosto de me queixar, não me quero queixar, mas este ano de 2012 foi mesmo um ano muito estranho. Muitas vezes disse ao R. "e se o nosso casamento marcou um pico na nossa vida e a partir daí é sempre a descer?". Dizia isto na brincadeira, agora já não sei bem...

O ano até nem começou mal, terminei o meu mestrado. Mas até ao momento nem sei bem para que serve. De dezenas de currículos que enviei para empresas de todo o país não consegui uma única resposta (ou se as recebi foram negativas, claro).
Também tivemos o início da Capital Europeia da Cultura e isso até me trouxe alguns bons momentos, belos concertos, espectáculos de rua, algumas ante-estreias gratuítas...

Mas de repente parece que as coisas começaram a descambar: eu nunca consegui um emprego como deve de ser (explicações e artesanato não sustentam uma casa), o R. não conseguiu aquele emprego que parecia quase garantido, o meu pai trabalha para aquecer porque a fábrica onde trabalha foi ao charco... uma série de coisas. Muitas promessas e nada cumprido. Até me convidaram para trabalhar com uma estilista (a própria convidou-me)... e a na hora H a estilista fez questão de desaparecer do mapa sem uma satisfação sequer. Se eu fosse dada a depressões já estava bonita, estava... ah, e sem falar nas pessoas que me desiludiram e muito, mas isso é uma constante nesta vida!

E agora este final de ano que ficou marcado pela morte daquela pessoa que vos "falei". Isto sim, foi aquele abanão.

E mesmo com algumas pessoas à minha volta coisas estranhas aconteceram... foi um ano sobretudo estranho.

Todos os anos o meu desejo é o mesmo: "Que o próximo ano seja tão bom como este". Acho que não sou egoísta se este ano pedir: "Que o próximo ano seja um pouquinho melhor que este."

A ver vamos...

Bom 2013!!!

"O que é belo não morre, transforma-se noutra beleza"

Que assim seja...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Virar a página...

... é assim que me sinto neste momento, com uma imensa vontade de virar a página. Depois deste enorme abanão que a vida fez o favor de me dar, eu e o R. estamos decididos a fazer uma série de coisas que há muito andávamos a adiar. Mas por enquanto fica mesmo apenas esta nota, porque ainda não há certezas de nada. Apenas a vontade.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"E tudo o vento levou..."

Não é bem assim. Não foi o vento que a levou. E também não levou tudo. Pelo menos por enquanto. Ainda cá está a dor, o vazio, as lembranças do dia de ontem, as lágrimas... e há-de ficar a saudade, as memórias, a família. Continuamos cá todos, para manter viva a sua história.

Tinha chegado à terra do R. há pouco mais de 2h quando recebi a notícia que esperávamos há mais de uma semana. Amaldiçoei a hora em que entrei naquele comboio. Os primeiros sentimentos foram de paz e de alívio. O nosso sofrimento estava terminado e o dela também. Numa conversa rápida com o R. decidimos passar lá a noite de Natal, com a família. Claro que não consegui abstrair-me um único segundo daquele pensamento. Estava principalmente preocupada com os meus, que estavam "lá"...

Ontem (dia 25 de Dezembro) viemos cedo para cima. E foi ao entrar naquela capela, com a fotografia dela a "olhar" para mim, as pessoas mais importantes da minha vida (além do R.) a chorar, e então caiu a ficha.

Nunca tinha ido a um funeral de alguém tão importante para mim... foi a coisa mais dolorosa que já me aconteceu, foi muito maior que qualquer dor física que já tive, não me foi possível controlar, só queria mesmo pontapear tudo e todos, bater em alguém, gritar. Mas isso eu consegui controlar.

Mas o que ainda me marca o pensamento e ainda me faz chorar foram aqueles dois abraços, às pessoas certas: o marido e o filho.

"I must be strong/and carry on/ 'cause I know I don't belong/here in heaven...
And I know there'll be no more/tear in heaven..."

Até sempre...

domingo, 23 de dezembro de 2012

A todos os leitores deste meu blog...

... desejo um Feliz e Santo Natal, com muito amor, muita paz e muita saúde no "sapatinho". Nunca estes desejos foram tão sinceros. Como bem sabem, o meu Natal será com o coração apertadinho, pequeninho e dorido. Estarei longe mas estarei com o pensamento naquele hospital, naquela "cama". Sei que "aquele momento" está muito próximo, hoje vi uma pessoa completamente acabada, o que resta de um ser cheio de vida. Portanto passarei o meu Natal a pensar em "ti".

Feliz Natal :')

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

E porque estamos quase no "fim do mundo"...

Dizem por aí que o fim o mundo vai ser daqui a umas horitas... ora pois, quase que digo "que seja!". Porque esta última semana tem sido de sofrimento que chegue e que sobre, e assim sempre se acabava esta dor, este vazio que já se vai sentindo, e todo este desespero.

Em jeito de actualização de estado: a pessoa de quem falei no post anterior agarra-se à vida como pode. Na 6ª feira passada apanhamos um grande susto, os médicos diziam que não passava daquela noite. Mas ela é forte. Ainda não foi desta.

No espaço de uma única semana ela definhou completamente. Já não se move, está a respirar por uma máscara, sente-se muito cansada, custa-lhe falar... ainda ninguém teve coragem de lhe dizer o que se está a passar com ela. Os médicos é que deviam fazer isso, mas parece que pouco se importam com esse facto. Agora está até num quarto solitário... não percebi se para não ser incomodada pelas outras doentes, se para não incomodar. Talvez as duas hipóteses sejam válidas. Fui ontem vê-la e não sei se terei coragem de o voltar a fazer (note-se que depois de saber a verdade dos factos já lá estive 3 vezes) porque a forma como a encontrei ontem ainda me revolta as entranhas. Ontem vi que, de facto, está a morrer. Nunca tinha visto uma pessoa "a morrer"... a agarrar-se à vida, a respirar com tanta dificuldade. Ela só me conseguiu dizer: "trocaram-me a máscara..." e de seguida adormeceu. Tive de sair rapidamente para não chorar, não queria que acordasse e me visse em lágrimas.

É muito doloroso. Andamos todos a "arrastar-nos", facilmente irritáveis, sem grande humor, sem grande paciência, com o sono em atraso... porque esta espera é horrível. De cada vez que o telefone toca salta-nos o coração até à boca, à espera do pior. Mas, até este momento, ela lá está, a lutar com quantas forças tem. A mulher guerreira e forte que conheci é agora uma menina princesa, um ser tão frágil, tão pequenino...

Que a sua hora seja pequena (em dor), e que a sua recompensa seja grande (sim, porque eu quero acreditar que tudo não acaba aqui, que alguém a espera do outro lado para a guiar, e que ela possa ser um anjo nas nossas vidas).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12-12-12... era hoje que começava o fim do mundo, não era?!

Pois, verdade ou não, para mim foi mesmo verdade. O relógio não marcava bem as 12h e 12 min., mas passava pouco mais de 15 minutos dessa hora quando me arrancaram o chão de debaixo de mim. Se me tivessem dado uma marretada o resultado acho que seria o mesmo.
Hoje sinto-me pequenina, diminuída, esmagada. Com dor de cabeça, náuseas, vómitos, falta de apetite e por aí fora... e não, não estou grávida. Antes estivesse. De repente tudo me parece insignificante.

Tenho 25 anos. A última vez que perdi uma pessoa da família foi há 15 anos. Faz 15 anos no dia 23 deste mesmo mês. Foi a minha avó materna. Chorei por ver a minha mãe chorar. Apenas (embora me doa dizer isto de forma tão fria).

Há uma pessoa na minha família (cujo nome/relação não vou revelar) a quem foi diagnosticado cancro há um ano. Fígado e intestinos. Não sendo a pessoa mais próxima dela, ao longo de todo este ano nunca lhe fiz muitas perguntas. Sim, é uma pessoa próxima. Mas há outras pessoas mais próximas com o direito de saber como iam as coisas. E eu acho que estar sempre a perguntar "então, e há progresso?" é chato! Na altura lembro-me de terem falado em "muito grave". Mas para mim isso é relativo. Quero dizer, há pessoas que têm acidentes de automóvel "muito graves"... e ao fim de uns meses estavam aí para as curvas. Pensei apenas nesse tipo de grave.

Essa pessoa da minha família estava para ser operada... há um ano. Na "hora" de operar resolveram tentar a quimio. E tudo correu bem. Pensávamos nós. Durante meses ela andou bem. Como já disse em desabafo com a minha irmã e com uma amiga, já vi pessoas com dores de cabeça bem mais arrasadas que ela. Ninguém dizia o que ela tinha.

Há mais de uma semana foi internada. O intestino deixou de funcionar. Há uma semana foi operada. Fui visitá-la depois disso (é-me uma pessoa mesmo querida) e custou ver que ninguém sabe de nada, o que fizeram, o que querem fazer. Um estranho silêncio. Ela está a dar em doida, sem saber o que fizeram/vão fazer/podem fazer. Toda a gente lá vai e volta com a mesma notícia: nada! E eu ontem falei com ela e disse: "amanhã falo com o médico". Estúpida, estúpida, estúpida!!! Se não dizem nada é porque se calhar é melhor, mente parva! Em 20 segundos a médica disse, resumindo: "Não há nada a fazer... abriram-na para voltar a fechar, porque não há nada a fazer... é uma questão de dias..." Aquilo me ecoa na cabeça... dias? DIAS?! Em pleno século XXI?! Uma pessoa nova, porra!!! E agora digam-me, que faço eu? Eu fiquei de lá voltar e não tive coragem. Ela vai perguntar se falei com o médico. E eu respondo o quê? Que não? E ela fica na mesma desesperada sem saber nada? Que sim, falei, e que não há esperanças? Que direito tenho eu? Quem sou eu? Ninguém!!! Ninguém mesmo!!!

Merda, merda, merda!!! Mais um Natal estragado :(

Por favor, quem leia este blog que reze, que tenha fé, porque apesar de tudo eu quero acreditar que ainda vão alguma coisa. Uma pessoa plenamente consciente do que se passa à sua volta e sem uma única dor não poder estar morrer, pois não? Pois não?...