sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Fééééééérrrrrrrrrriiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaassssssssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Bem, seis cadeiras feitas, um semestre sofrido, aulas secantes...realmente não foram os melhores meses em termos lectivos...e para compensar, tirei 2 dias (muito roubadinhos) de férias: 'bora pra terra do Renato :P Ficam algumas fotos pra recordação...






Almourol... (para quem não sabe, aquele castelo que fica no meio de uma ilha)








Bem, para quem não sabe, eu tenho vertigens...tou sempre com a mania de que vou cair e tal (quando na realidade estou apenas a um metro do chão). Por isso, isto foi um grande feito pra mim :P



Hehe!!

3ª Parte do 3º Capítulo "Morte e Vida"


Quinze dias se tinham passado desde a morte de Safira, e Rafael continuava mergulhado num mar de amargura. Recusava-se a sair do quarto, nunca queria ver a filha, deixando esse assunto ao encargo das empregadas, quase não comia, tinham que lhe levar uma bandeja ao quarto e nem sequer ia à capela para visitar Safira. Os Reis estavam muito preocupados com o filho, tentaram várias vezes falar com ele, até que ele lhes gritou que o deixassem em paz e então desistiram. Rafael emagrecera bruscamente, os seus cabelos negros começaram a tornar-se grisalhos e a sua pele ressequida. Passava dias e noites sentado na poltrona do seu quarto, onde Safira tantas vezes se instalara durante a gravidez acariciando a enorme barriga e olhando distraidamente pela janela. Algumas vezes foi até à varanda, mas era como se o ar puro o queimasse, pois voltava de imediato para dentro.
O ambiente no castelo também estava mudado. O silêncio reinava, os Reis jantavam sozinhos, as visitas e festas constantes tinham cessado. Apenas Lua quebrava todo aquele silêncio mórbido com os seus choros agudos. Apenas ela trazia alegria àquele lar. O seu avô materno já a fora visitar uma vez, e chorara ao pegar-lhe. Recordava-se do dia em que vira a filha pela primeira vez. Tão pequenina e tão frágil. No entanto, tão serena. E no seu intimo apenas pedia que Lua não sofresse o que Safira sofrera um dia, ao perder a sua mãe tão repentinamente. Apesar de que já não tinha uma mãe para perder. E o velho lenhador recomeçou a chorar, ao pensar nisso.
Com o passar do tempo, algumas coisas voltaram à normalidade, mas outras ficaram como estavam. Rafael não se habituara à ideia de ter perdido Safira e nem Lua o fazia voltar a sorrir. Passava os dias no quarto ou então saía, sem dizer onde ia e voltava largas horas depois, com os olhos inchados. Por vezes aparecia no grande salão para jantar ou almoçar com os pais. Tornou-se uma pessoa ríspida, silenciosa, amargurada. Não voltou a ser o Rafael que conquistava o mundo com a sua simpatia e bondade.
Os Reis tudo faziam para trazer a normalidade ao castelo. Cuidavam da neta com todo o carinho, tentando fazer com que não lhe faltasse nada. A menina crescia saudável e quando fez um ano de idade foi baptizada, como mandava a tradição. Foi uma cerimónia alegre, no castelo, mas todos sentiam ainda a falta de Safira.
O dia amanheceu claro e fresco. Todos os empregados do castelo andavam atarefados, uns tratavam das mesas e dos manjares, outros da decoração do grande salão de festas, outros ainda aparavam a relva e as árvores do jardim. As criadas mais antigas da família estavam encarregues por Lua. A pequena princesa começava a dar os primeiros passos, era muito curiosa, querendo descortinar tudo o que lhe aparecia pela frente. Aprendera já algumas palavras, chamava o vovô e a vovó. Mas nunca dissera pai. Rafael não era muito presente na vida da filha, não acompanhava os passos do seu crescimento, como era suposto os pais fazerem. Os Reis insistiam com o filho, tentando demovê-lo e dizendo que se continuasse a ignorar Lua, ele seria apenas um conhecido quando esta crescesse. Mas Rafael pouco ou nada mudara, relativamente ao seu comportamento. Tratava Lua como se fosse apenas a filha de uma das empregadas. Nos últimos meses ia vê-la dormir, por poucos minutos, mas nunca lhe falara, nunca lhe pegara ao colo, nunca se preocupara com a sua educação nem com a sua saúde. Os Reis andavam muito preocupados com esta atitude pouco receptiva de Rafael, receando que ele estive com uma profunda depressão. Pediam-lhe constantemente que falasse com o conselheiro Real, mas nem isso Rafael fazia. Vivia num mundo à parte, nada nem ninguém lhe interessava, apenas as recordações de Safira o mantinham vivo.
Todos os convidados esperavam ansiosamente no jardim bem arranjado. Mais de uma centena de pessoas da grande nobreza, amigos mais chegados e o avô materno de Lua. Os habitantes da Floresta Dourada haviam ficado de fora da festa, como sempre acontecia. A única festividade em que Reis e Povo se juntavam era no Baile da Primavera.
Todos estavam vestidos a preceito, as damas com longos vestidos de roda, enfeitados com rendas douradas e prateadas, os cabelos presos no alto da cabeça. Os senhores usavam calças justas, botas até ao joelho, e casacos compridos. Geralmente usavam uma cartola na cabeça.
O jardim do castelo era o maior que se conhecia. Tinha enormes árvores centenárias, iguais às que existiam na Floresta Dourada, arbustos com frutos vermelhos, de aspecto apetitoso, canteiros com as mais belas flores. Todos os dias dezenas de homens trabalhavam naquele jardim, de forma a que se mantivesse sempre perfeito.
Bem no centro do jardim e em frente à majestosa entrada, havia uma fonte. Era uma enorme e frondosa árvore de pedra branca, sem flores ou frutos, e a água brotava do interior do seu tronco, que tinha uma abertura muito subtil, e passava despercebida aos mais distraídos. Dava a ideia de que o tronco transpirava aquela água, mantendo-o sempre húmido. Essa água provinha do pequeno rio que atravessava o jardim. Era uma água límpida e fresca. Lua seria baptizada com a água desse rio, como todos os membros da família real.
O castelo era bastante simples. De pedra branca, tal como a árvore da fonte, era de forma quadrangular, com uma torre em cada canto. Essas quatro torres tinham forma arredondada e eram mais altas que o restante castelo. Todas as janelas eram quadradas, enfeitadas com vitrais de todas as cores. Como o interior do castelo era também de pedra branca, quando o sol incidia nas janelas, as cores eram projectadas nas paredes, fazendo um efeito que todos admiravam. A porta era de madeira escura, de traços rectos, com batentes de ferro.
Numa zona do jardim em que não existiam árvores nem arbustos, apenas relva, ideal para grandes festas, haviam posto pequenos bancos de madeira para os convidados, e cinco cadeiras de braços. Ali iriam sentar-se os Reis, Rafael, o avô materno de Lua e o Iluminado, que presidia a cerimónia. As cadeiras estavam voltadas para os convidados, de modo a que todos pudessem ver a família Real. O avô de Lua seria o Protector. O Protector era a testemunha do baptizado, a pessoa responsável pela criança caso acontecesse algo aos pais que os impedisse de cuidar dela. Os Reis tinham escolhido o velho lenhador, uma vez que a Lua ficaria a viver no castelo. Assim a menina nunca perderia o contacto com as suas origens. O senhor ficou muito comovido com o convite e aceitou de imediato.
Passavam poucos minutos das três da tarde quando os Reis desceram os degraus da entrada do castelo até ao jardim. O Rei trazia Lua ao colo, a Rainha caminhava do lado direito do marido, Rafael do lado esquerdo, o velho lenhador atrás e o Iluminado à frente, abrindo o pequeno cortejo. Era ainda o mesmo que fizera o funeral de Safira. Trajava com um longo manto branco, que condizia com a sua barba. O Rei usava um casaco de veludo azul escuro que lhe batia na cinta. Tinha botões dourados, assim como as rendas na ponta das mangas. As suas calças eram da mesma cor do casaco e as botas pelo joelho eram pretas, com desenhos dourados. Usava a sua coroa de ouro, extremamente pesada e trabalhada. O Rei achava-a muito desconfortável, mas a tradição mandava que se usasse a coroa em dias de festa no castelo. A Rainha usava um dos seus vestidos de veludo, tal como o marido, azul céu com rendas brancas. O cabelo estava preso pela coroa dourada, no alto da cabeça. Era uma coroa bem mais simples, cravejada com três esmeraldas. O velho lenhador vestia a melhor roupa que encontrara no armário, um casaco pelo joelho, de fazenda, castanho, e umas calças beges, já amareladas pelo tempo.
Rafael trajava de preto, de resto a cor que usava todos os dias. Era um fato parecido com o do pai, em veludo, com rendas douradas. Notava-se que estava ainda muito em baixo, não ergueu o olhar para os convidados, fixando o chão o tempo todo.
A pequena Lua usava um vestido simples, branco, com bordados rosa, desenhando umas flores em volta da bainha. Na cabeça trazia um chapéu da mesma cor e do mesmo tecido do vestido, também com bordados rosa. Toda a gente ficou encantada ao ver a menina. Tinha uns olhos enormes como os do pai e verdes como os da mãe. As suas feições eram delicadas, a pele muito pálida, mas notava-se já uma determinação no seu olhar. Lua nascera para reinar.