terça-feira, 22 de abril de 2008

Vânia Fernandes - Senhora do Mar

Aqui está a música que nos vai representar no próximo festival da Eurovisão. Pessoalmente, gosto bastante da música, principalmente se tivermos em comparação a música do ano passado ("Dança comigo" Sabrina). A ver se é desta...

1ª Parte do 5º Capítulo "Um dia no castelo"


O dia começava bem cedo para Lua. Ainda o sol espreitava timidamente, já uma criada entrava no seu quarto para abrir as portas da varanda e puxava para trás as cortinas. Era nesse momento que Lua acordava, com a claridade a perturbar-lhe os olhos. A menina levantava-se e corria para a casa-de-banho, que estava ligada ao quarto por uma porta. Saía uma hora depois, após um longo banho de imersão perfumado com pétalas de rosa. Lua odiava essa parte do dia. Vendo bem, Lua odiava qualquer parte do dia no castelo, todas aquelas formalidades que era obrigada a cumprir, todos os tópicos de higiene, todos os horários, todas as obrigações. Mas o banho era provavelmente o que mais a irritava. Sair da sua cama quente, ser obrigada a tirar o seu pijama, e entrar numa banheira repleta de água, ficar lá mergulhada durante quase uma hora, até a sua pele ficar toda encorrilhada. Era horrível! E mesmo que quisesse escapar ao banho, era impossível, pois a criada que a acordava não desandava do quarto enquanto Lua não aparecesse de cabelo molhado, com perfume de rosas espalhado pelo corpo, e um grande robe azul vestido. Lua acordava de mau humor, tomava banho de mau humor e saía da casa-de-banho de mau humor. Nunca falava com a criada. Da mesma maneira que não falava com o restante pessoal que trabalhava no castelo. Os empregados e empregadas achavam-lhe imensa graça, mas gostariam de ter mais interacção com a menina. Havia quem dissesse que o poder já lhe subira à cabeça, por isso Lua os ignorava. Mas nada tinha a ver com isso. Lua não gostava de falar com ninguém do castelo porque odiava a vida no castelo. Preferia muito mais se pudesse viver com o avô no meio da floresta, a conversar à lareira, a ouvir histórias sobre a mãe, sobre as aventuras de quem passa na Floresta Dourada. Tinha muita mais emoção do que viver fechada naquele sítio frio, onde o pai a odiava, as empregadas não lhe largavam o pé, as regras impunham-se à sua vontade. O que ela não faria para viver de forma mais simples e interessante? Um dia, fez a promessa de nunca reinar, de partir daquele castelo assim que tivesse idade para decidir. Ninguém a impediria, nem mesmo os avós, que sempre a haviam tratado bem.
Lua esteve no banho uns bons três quarto de hora, até que se sentiu desconfortável com tanta água e saiu, enrolada no roupão, com o cabelo a pingar em todo o lado. Quando chegou ao quarto, a criada logo a repreendeu:
- A menina tem uma toalha no cabide para secar o cabelo! Já viu os estragos que está a fazer? - apressou-se a arranjar um pano para limpar as grossas gotas de água com cheiro a rosas.
- Isso é água. Há-de secar! - respondeu Lua secamente. Aproveitou o facto da empregada estar debruçada no chão, a secar as gotas com um pano, para se limpar a uma outra toalha que estava em cima da cama. Num instante vestiu a roupa que a criada lhe escolhera e ficou desagradada. Insistiam em vestir-lhe saias e vestidos, e ela preferia calças. Mas lá vestiu a saia e quando a mulher se levantou, já Lua estava vestida e com o cabelo escorrido.
- Assim está melhor. - era uma empregada bem bonita e elegante e Lua muitas vezes se perguntava por que razão uma moça tão bonita se fechara naquele castelo. As regras do castelo ditavam que todos os criados e criadas vivessem lá a tempo inteiro. Só podiam sair para fazer recados. Assim evitavam-se atrasos e traições. E por isso mesmo, a maioria dos empregados eram já de avançada idade, pessoas que queriam ocupar o seu tempo com alguma coisa. E Lua não entendia como alguém tão novo pudesse aguentar viver ali todas as horas do seu dia. Mas também nunca quis perguntar.
- Agora faça o favor de se calçar, menina. A sua família espera por si no pequeno-almoço.
Lua preferia tomar o pequeno-almoço na cama, o que acontecia quando estava doente. Mas as regras do castelo ditavam que todos se juntassem pela manhã para partilhar a primeira refeição do dia.
Depois de se calçar, escovar o cabelo e chegar creme hidratante, desceu, muito silenciosamente, e pouco depois entrava na sala de pequeno-almoço, uma sala mais pequena que a do almoço e jantar. Os avós deram-lhe os bons-dias, bem dispostos, mas o pai limitou-se a acenar com a mão, quase sem olhar para a filha.

Campeões!!!


E porque nem só de futebol vive o desporto, aqui ficam os meus parabéns à equipa de voleibol do Vitória, que se sagrou pela primeira vez campeão no passado sábado, frente ao Espinho. Vitória sempre!!!