quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Nove anos depois" (1º Capítulo)


Tal como prometido, cá estão as primeiras linhas do segundo livro de "Lua".

Já há nome para este livro.... "Lua - O Cavaleiro Negro" é o título mais provável (depois de ter passado por "O diário de Safira", e "O outro mundo").

Ora bem, como tem um início muito "soft", daqui a uns dias penso postar o prelúdio - em que que "vemos", pela primeira vez, Noxifer - e, mais tarde, o capítulo que dá o nome ao livro :D

E mais não ponho, porque o mistério é uma arte (profundo, eu sei :P)

O livro está com um bom andamento, principalmente em matéria de ideias.

Espero que gostem...


"O vento intenso uivava e puxava-lhe os longos cabelos negros para trás, e provocava-lhe lágrimas nos lindos olhos cor de esmeralda.
Montada no seu cavalo predilecto, deixou que a velocidade desvanecesse os seus pensamentos. Sentiu-se parte da natureza, parte de todo aquele borrão de cores alegres: verde, azul, amarelo. Debruçou-se um pouco mais sobre a sua montada, segurando as rédeas com firmeza, e fechou os olhos, saboreando cada odor e cada ruído que o ar trazia até si.
- Vamos, Vampiro! Tu consegues mais do que isto. – sussurrou ao ouvido do animal, incitando-o a aumentar a velocidade. O belo cavalo pareceu compreender e obedeceu, provocando uma sensação de vertigem em Lua.
Mantendo ainda as rédeas bem presas com as duas mãos, endireitou as costas, sempre de olhos fechados. Deixava que Vampiro a guiasse. Confiava nele.
Então, num acto que era um misto de coragem e loucura, abriu os braços, como se abraçasse o vento, deixando-se levar. Inclinou a cabeça para trás e esboçou um sorriso quase imperceptível.
O castelo ficara para trás e parecia minúsculo àquela distância. Da varanda do seu quarto, sempre apreciara os extensos campos relvados, e sonhara corrê-los de uma ponta a outra, sentir-se livre e respirar o ar puro. E, finalmente, o seu sonho de criança tornara-se realidade.
Era o dia do seu décimo oitavo aniversário e ao contrário do que acontecia na sua infância, era dona do seu nariz e o seu pai não tinha mais mão sobre si.
Os últimos anos revelaram-se horrivelmente solitários. Sem o seu avô paterno, Guidion e Renato, a vida no castelo era invariavelmente monótona, silenciosa e aborrecida. Os dias arrastavam-se lentamente, sem qualquer interesse e emoção. E os avós paternos haviam deixado o mundo dos vivos recentemente. Restavam ela e o pai. Um castelo enorme, onde trabalhavam dezenas de empregados, e apenas duas pessoas restavam para usufruir de tudo isso.
Rafael era agora o Rei da Floresta Dourada. Com quase sessenta anos estava velho, mas ainda eram visíveis alguns dos traços do homem bonito que fora em tempos. Continuava elegante, mas o rosto estava muito marcado pelos anos sofridos. O seu cabelo adquirira uma cor prateada e as suas mãos apresentavam veias salientes. Era um
velho.A relação de Lua com o pai melhorara um pouco com o passar do tempo. Não havia espaço para grande intimidade, mas havia respeito...."