quinta-feira, 7 de maio de 2009

"O cavaleiro de negro"

Demorou, mas chegou. O capítulo que dá o nome ao 2º livro :D Deve ser o 4º ou o 5º capítulo... como já tinha dito, é o último post que ponho com algum excerto de "Lua e o Cavaleiro Negro"...
Espero que gostem...

"Já a noite tinha caído quando se despediram da Mãe Esmeralda. Poucos feiticeiros se viam na Aldeia da Magia, naquele momento. O Povo Alado já se recolhera nas suas casas, mas os dois guardas lá estavam, atentos a qualquer movimento inesperado. Pai e filha passaram por eles, saudando-os. Assim que o grande muro de quartzo azul ficou para trás, montaram os cavalos que tinham trazido consigo, ansiosos por voltar ao conforto do castelo. Para Lua, tinha sido uma tarde cansativa. Apenas queria deitar-se na sua cama e pensar em tudo o que a velha feiticeira lhe tinha dito.
A Floresta estava mais sinistra que aquilo que se recordavam. Era noite de lua nova, então a escuridão era quase total. Felizmente, Rafael conhecia bem aquele caminho, ou ter-se-iam perdido.
Lua viu um morcego voar à sua volta e sentiu-o roçagar nos seus cabelos. Encolheu-se com um arrepio. Sentia medo, embora não soubesse o porquê de se sentir assim. Sabia que algo estava errado, mas não sabia o quê.
O Rei ia à frente, seguido de muito perto pela filha. À medida que avançavam, e apesar do sol que brilhara durante todo o dia, estava a levantar-se um denso nevoeiro. Em pouco minutos tornou-se tão denso que quase parecia palpável. Não conseguiam ver mais que um palmo à sua frente. A Princesa sentiu ainda mais medo. Não via o chão que o cavalo pisava, e não tinha a certeza de terem tomado o caminho correcto. O seu sentido de orientação era nulo, naquele momento.
- Este nevoeiro é horrível! – queixou-se Rafael, com os olhos semi-cerrados. Sabia que não estavam perdidos, mas não deixava de ser desconfortável. Os cavalos abrandaram o passo, como que receando alguma coisa.
Lua não respondeu. Estava com o olhar distante, e os ouvidos atentos a algo. Podia jurar ter ouvido um restolhar ali perto. Podia ter sido um animal, mas era como se soubesse que não.
O que se passou a seguir aconteceu muito rápido: do meio do intenso nevoeiro, surgiu uma figura a cavalo. Tanto podia ser um homem como uma mulher, pois nem pai nem filha lhe viram a face. Usava uma longa capa negra com capuz, que lhe escondia as feições. Também o seu cavalo era preto. De espada em riste, cavalgou em direcção a Lua, que viu a arma cortar o ar directamente contra o seu peito. Num impulso, a Princesa atirou-se ao chão, enquanto o seu carrasco passava por junto a eles, para depois desaparecer no nevoeiro. Viu a sua silhueta desvanecer-se, e o som dos cascos do cavalo perder-se no ar. Rafael, paralisado de terror, desceu finalmente da sua montada, correndo em auxílio da filha.
- Estás bem, Lua? – ajoelhou-se, completamente desnorteado. Não conseguia entender o que se passara.
- Sim. – mas o esgar de dor revelou que mentia. Tinha caído sobre o pé esquerdo e receava tê-lo partido. De qualquer forma, não se queixou. Se não fosse a sua rápida reacção, teria uma espada cravada no peito.
- Consegues levantar-te? – ajudou-a, colocando um dos braços dela sobre os seus ombros. Lua percebeu que conseguia levantar-se e que não partira o pé. Apenas o torcera. Nada que um pouco de gelo e descanso não resolvesse.
Com alguma dificuldade e ajuda do pai, conseguiu subir para o seu cavalo. Olharam em volta mais do que uma vez, na esperança de reencontrar o cavaleiro de negro. Mas não parecia haver vida para além deles. Até os morcegos desapareceram. Puseram-se a caminho, ainda com o coração acelerado e mal podiam acreditar quando finalmente chegaram a casa, sãos e salvos."