segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Balanço 2007... balanço positivo...

Mais um ano que chega ao fim...para mim, um ano de grandes mudanças, grandes lutas, grandes conquistas...talvez a maior delas seja ter conquistado a confiança do meu pai... foi um ano em tudo diferente, em tudo melhor, com muitas alegrias, muitas lágrimas derramadas, sendo a maior parte delas de felicidade...que assim seja sempre, ao lado das pessoas que amo...principalmente do meu maior tesouro, que sempre me apoia, sempre está ao meu lado, e que faz da minha vida uma caixa de boas surpresas...para todos e com um beijo especial para o Renato...

FELIZ 2008

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

E venha a passagem de ano :P



Pois é, pessoal, o Natal passou, estamos fartos de doces (eu estou, pelo menos), mas venha daí a passagem de ano...a jogar Bingo com o resto da família, como já é tradição :P Prendinhas, prendinhas...bem, o meu pai teve a fantástica ideia de me oferecer um boneco de neve que dança e canta :S Recebi também um pijama da Hello Kitty (tão fofo!), uns chinelos com borboletas, um livro da Danielle Steel, money...afinal a minha família até conhece os meus gostos!!!

Pronto, era para vos desejar um feliz ano de 2008, assim cheio de coisas boas...saúde e amor acima de tudo, para todos.

Já agora, um conselho...meninas, se o vosso pai ainda não está habituado ao vosso namorado, lembrem-se de esconder as tesouras quando ele for a vossa casa...pode provocar equívocos traumáticos!!! :P (Tem calma, Renato, o meu pai estava apenas a amolar a tesoura da minha mãe ;D)

domingo, 23 de dezembro de 2007

"All I want for Christmas is you..."


Vejo-me numa rua... uma rua da minha cidade...melhor, uma rua da minha grande cidade... Toda ela iluminada, com milhões de luzes de todas as cores. Varandas, árvores, igrejas, montras...tudo isto coberto de inumeras lâmpadas...muito pequeninas, dando uma ideia de pequeninas estrelas que brilham para nós. Sinto frio, mas é bem-vindo, afinal Natal que é Natal tem de ser passado à lareira. E para ser passado à lareira, tem de estar frio lá fora.

Guimarães em peso parece ter saído à rua, pois vejo-me com dificuldade em avançar pelo passeio, junto às lojas.

Em todas as casas se ouvem melodias de Natal, que toda a gente já conhece de cor, que toda a gente entoa e dou por mim também a cantarolar.

As crianças passeiam de mãos dadas com as mães, pedindo isto e aquilo. Há quem defenda que o Natal é para as crianças. E eles parecem saber isso.

Há gritos, risos, palavras soltas, música, beijos...a rua é linda, o ambiente é mágico, o calor humano sente-se. As pessoas desejam "boas festas" com alegria.

Por momentos, este parece ser um mundo perfeito, sem guerra, dor, tristeza. Também me deixo levar por esta aparente paz e felicidade. E no meio de um sorriso, percebo que afinal nem toda a magia, alegria e paz são capazes de me reconfortar...sempre defendi que o verdadeiro espírito natalício está nos sentimentos e não nos objectos ou nos presentes...e a pessoa que amo não está perto de mim, para partilhar toda esta luz da rua da minha cidade... porque..."All I want for Christmas is you"...

Espero que tenhas um bom Natal... Amo-te, meu Anjo!

sábado, 22 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL!!!


Bem, o semestre foi complicado, muito trabalhoso e pouco produtivo...momentos maus, tristezas, lágrimas com fartura...mas mais que tudo isto foi um semestre de alegrias, sorrisos... e então cá estou eu a desejar a toda a gente que por aqui passa um FELIZ NATAL, recheado de magia, amizade, COMIDA, felicidade, PRENDAS, mas acima de tudo... AMOR!!!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

2ª Parte do 3º Capítulo "Morte e Vida"


Assim que chegaram ao espaço circundante da capela, todos pararam, formando um semicírculo enorme, entre pessoas e animais. O caixão foi transportado até ao centro do semicírculo, de modo a que todos o pudessem ver. Rafael, os Reis e o velho lenhador posicionaram-se ao lado da urna, voltados para todos os outros. As crianças aproximaram-se e pousaram as flores em cima do caixão, transformando-o num imenso jardim. Algumas passaram a mão pela cabeça dos cavalos. Outras, intimidadas, tentavam esquivar-se o máximo possível àqueles animais.
O Iluminado aproximou-se também e benzeu Safira, com um gesto simples. O Iluminado era um homem, o mais velho de todos os homens ao serviço do castelo. Era ele quem presidia a todas as cerimónias: casamentos, baptizados, funerais… Este Iluminado não tinha casado Safira e Rafael, pois vintes anos antes havia um outro homem mais velho, que morrera entretanto.
Ele virou-se para a multidão.
- Nem sempre a vida nos faz sorrir. – O Iluminado era ainda um homem forte. Quase calvo e com uma farta barba, fazia lembrar os velhos feiticeiros das histórias de magia. Os seus olhos eram negros e profundos, mas a sua expressão era suave, parecia ser alguém em quem se pode confiar. - Por vezes prega-nos partidas para as quais não estamos preparados. Safira partiu, deixando um Príncipe viúvo e uma criança órfã de mãe. Mas alegremo-nos, irmãos. Safira sempre foi uma mulher feliz, amou e foi amada e deixou-nos uma criança linda, que um dia será vossa rainha. O seu nome é Lua, como a mãe tanto desejava, e é nela que agora devemos focar-nos. Porque a criança é fruto de um grande amor e o maior tesouro que Safira nos podia ter deixado. – Fechou os olhos, visivelmente emocionado. Poucos eram os que não choravam e Rafael sentiu-se ainda mais fraco. Não sabia como ia enfrentar a vida sem a sua amada. Não sabia como podia educar a sua filha se a única pessoa em que conseguia pensar era Safira.
O Iluminado continuou.
- Irmãos, para que Safira seja um exemplo para todos nós, para que sempre seja recordada como a menina doce que adorava a natureza, vamos pedir-lhe a sua protecção. – De seguida, com a ajuda do velho lenhador, abriu o caixão, deixando o corpo pálido de Safira à vista de todos. A multidão formou uma só fila e cada um foi até Safira, pedir a sua protecção. De seguida davam-lhe um beijo suave na testa, em sinal de respeito.
Para Rafael foi uma eternidade. Parecia-lhe que o número de pessoas crescia. A noite já tinha caído, quando finalmente se deu por encerrada a cerimónia. O caixão foi novamente fechado e depois quatro homens fortes colocaram-no ao lado do da mãe de Safira, dentro da capela. A capela transformou-se num verdadeiro jardim. Havia flores espalhadas por todo o lado. Rafael e os pais foram os últimos a abandonar o local. Depois seguiram caminho até ao castelo.

sábado, 10 de novembro de 2007

Por esta eu não esperava...

Epá, ganda surpresa hoje!!! Vocês (meninas, principalmente) estão a ver os tempos do básico, em que tinham um grupinho, aquele grupinho que andava sempre convosco, com quem conversavam sobre os gajos bons da escola, sobre as vossas coisas mais intímas, com quem iam ao shopping... aquele grupinho de amigas muito unido e que muito provavelmente (porque há sempre excepções) deixou de ser o vosso grupinho, mas continuam amigas e quando se juntam fartam-se de conversar e recordar os tempos de adolescência? Bem, eu também tive vários grupinhos, mas um que me marcou bastante foi o do 9º ano: eu, a Guida e a Nina. A Guida é aquela pastrôncia (carinhosamente falando) com quem estou quase todos os fins-de-semana e será sempre a minha amiga, até porque vivemos na mesma freguesia... a Nina emigrou para França (adversidades da vida) há quase dois anos, e desde então, não a via. Soube recentemente que teve um filhote (o Alexandre). E que viria a Portugal muito em breve. Fiquei ansiosa por ver o pimpolho da minha amiga, afinal é a primeira de nós a ser mãe, há sempre aquela emoção... e hoje enquanto estudava, alguém bateu à porta...




Por esta eu não esperava! Felicidades, miúda! E pó pimpolho também :)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Outono...


O sol fraco entra pela janela do meu quarto e cumprimenta-me, tirando-me de um sono profundo e cheio de fantasias. Atiro os cobertores e lençóis para trás, levanto-me com preguiça e olho com mais atenção a paisagem da janela do meu quarto... apenas a mesma imagem de todos os dias, uma rua movimentada, em que carros e pessoas se apressam, a criança chora por birra, os namorados abraçam-se, os idosos passeiam e entregam-se às recordações... Corro para o armário da roupa. Um armário cheio, mil peças, centenas de acessórios e sapatos... e mesmo assim acabo por vestir a roupa do dia anterior. Mais rápido e mais confortável. Visto os jeans apertados, uma camisola grossa, bem quente. Pois apesar do sol, os dias arrefeceram, as noites gelaram. Calço as minhas sapatilhas favoritas, prendo o cabelo à pressa, lavo a cara, corro para a casa de banho e finalmente estou pronta para um passeio... apenas um passeio. Desço as escadas, passo na cozinha, arranco um pacote de bolachas do armário e saio para a sua, onde um vento frio me bate na face.

Começo a caminhar sem rumo... porque não passear pela estrada que se vê da minha janela? E assim o faço... caminho lentamente, não há pressas, é cedo... presto atenção ao que se passa à minha volta. Nada de novo. Então fixo o meu olhar no chão, com as mãos nos bolsos. Um tapete de folhas douradas ensina-me o caminho. É tão bom ouvi-las estalar por baixo dos meus pés! Faz-me lembrar os tempos de escola, em que faziamos um monte de folhas secas e depois saltávamos para cima do monte de folhas... um tempo em que todos éramos felizes, sem preocupações... arrasto os meus pés, tornando ainda mais sonoro o ruído das folhas secas. Uma brisa acompanha-se, fazendo os meus cabelos esvoaçarem ligeiramente. Encolho-me na camisola enorme, pois começo a ficar com um pouco de frio. De repente, sinto-me sozinha, diferente de todas as pessoas que me rodeiam e que fogem apressadas dos seus problemas. Será mais alguém capaz de apreciar um pequeno passeio pela manhã? Será alguém capaz de se lembrar da sua infância, pelo simples facto de pisar um tapete de folhas secas? Será que alguém repara na beleza do Outono? Será que alguém está ainda vivo?...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

1ª Parte do 3º Capítulo "Morte e Vida"



O funeral foi uma cerimónia simples mas muito participada. Todos os habitantes da Floresta Dourada e arredores queriam dar o último adeus àquela que iria ser um dia a Rainha da Floresta Dourada, se a sua morte não a tivesse levado para o desconhecido. O caixão saiu em cortejo, com Rafael e os Reis logo atrás, seguidos de todos os outros. Todas as crianças levavam grandes ramos de flores, as mulheres choravam e os homens rezavam. O cortejo desceu o longo caminho térreo que separava o castelo do resto do mundo. A distância era longa, mas ninguém estava preocupado com isso. O silêncio reinava, apenas quebrado por alguns soluços e pelos cascos dos cavalos pretos que transportavam o caixão no coche reservado para aquelas ocasiões.
Safira seria sepultada na capela abandonada, como era seu desejo.
Ao passarem pela Clareira principal, o pai de Safira juntou-se a eles. Estava muito abatido. Quando Safira e Rafael se casaram, ela pedira ao pai para ir viver com eles no castelo, mas o velho lenhador recusara, alegando que nunca se iria habituar a todas aquelas mordomias, preferindo a vida simples que sempre tivera. Safira descia muitas vezes à floresta para visitar o pai e a mãe. O lenhador ficara muito contente ao saber que ia ser avô. Esperava esse dia com ansiedade, mas agora sofria por perder a filha. Ainda não tivera coragem de conhecer a neta, tal era a sua dor. Sentia-se vazio, perdera a mulher muito cedo e a sua filha partia ainda antes dele.
A procissão seguiu pelas entranhas da floresta, o mesmo caminho que fora pisado por Safira e Rafael, vinte anos antes. Foi com algum espanto que Rafael reparou nos muitos animais que se aproximavam para ver a multidão passar. Lebres e coelhos, pirilampos e borboletas, corsas e veados, aves e répteis, todos pareciam saber que acontecimento era aquele, querendo também despedir-se da eterna amiga. Muitas vezes Rafael dava pelo desaparecimento de Safira, descobrindo em poucos instantes que ela fora à floresta falar com os animais. Nem com o passar dos anos a esposa deixara de se comportar dessa forma. Quase todas as noites saía para a varanda do quarto, antes de se deitar, e observava e falava com a lua, sua fiel companheira. Nunca partilhara com o marido os temas da sua conversa. Safira sempre fora muito independente, poucas vezes deixando Rafael participar nos seus segredos. Nunca se habituara à vida de princesa, refugiando-se no seu canto. No entanto sempre fora muito querida por todos, incluindo os Reis. E mesmo com a sua vida muito própria, Rafael amava Safira, desde o momento em que a vira no baile da floresta, vinte anos antes.
Era em tudo isto que Rafael pensava, enquanto se aproximavam cada vez mais da capela.

Um sonho...


" ...Ele estava sentado no sofá do meu quarto, com um grande sorriso e olhar irresistível. Aproximei-me, sentei-me no seu colo como uma criança travessa e apertei-o nos meus braços. Há alguns dias que não nos viamos, um tempo que sempre me parece uma eternidade. Mas agora tinha-o bem perto de mim, disponível para matar as saudades de um longo fim-de-semana. E entre um beijo e um abraço, ele falou:
« Numa destas noites tive um sonho engraçado...»
« Conta!»
« Sonhei que tínhamos um bebé...»
Abri muito os olhos, surpreendida. Passei a mão pela face dele, espectante com o que se seguiria.
Ele continuou, com ar ligeiramente distante...
« Eu cuidava dele, punha-o a dormir...»
« E depois?»
« Depois, eu estava deitado numa daquelas camas de rede, no jardim... a dormir, com o bebé nos braços... e um gato enrolado aos meus pés...»
Soltei uma gargalhada, tentando imaginar a ternura da situação.
« E depois?»
« Depois... tu chegaste ao pé de nós e soltaste um sorriso... e eu acordei...»

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

1ª e Única Parte do 2º Capítulo "A herdeira do Reino"



***


Rafael abandonou as suas recordações quando ouviu um grito ainda mais forte que os anteriores. Depois disso tudo pareceu sossegar e alguns instantes depois, um choro agudo irrompeu os ares. Rafael tinha um herdeiro! Ou uma herdeira... Mais que nunca, sentiu necessidade de entrar no quarto. Mas conseguiu controlar o impulso. Após ter aguentado tantas horas, mais alguns minutos passariam rapidamente. Recomeçou a andar de um lado para o outro, indo de quando em vez escutar à porta. O bebé continuava a chorar, o que denunciava uns bons pulmões. Mas as empregadas estavam estranhamente silenciosas. Podia ouvir os seus passos apressados de um lado para o outro. Quase sem se aperceber, a porta do quarto abriu-se na sua frente. Uma empregada idosa segurava o bebé nos seus braços, que em silêncio entregou a Rafael. Este não sabia como exprimir aquela alegria e as lágrimas correram livremente pela face. Olhou para o seu filho com ternura e sorriu-lhe. Era um bebé redondo e rosado, que precisava urgentemente de um banho. Estava apenas embrulhado num pano de linho, branco. Já não chorava e tinha os olhos muito abertos, como quem observa algo de novo.
- É uma menina, sua majestade. – Rafael continuava a olhar orgulhoso para o bebé. Ele e a mulher não tinham qualquer preferência quanto ao sexo da criança. A custo desviou o olhar do seu novo tesouro e dirigiu-se às três mulheres que tinha na sua frente.
- Como está a minha esposa? Posso entrar para a ver? Deve ter sofrido muito, coitadinha!… - mostrava-se ansioso, tal era a sua preocupação com Safira. Segurava ainda a bebé, apertando-a contra o peito.
As aias entreolharam-se, com o semblante pesado, e foi a mais velha quem falou.
- A Dona Safira não sobreviveu ao parto, Majestade. – baixou a cabeça, prestes a chorar. – Lamento.
Rafael sentiu o coração parar e as palavras que aquela mulher na sua frente acabara de dizer pareciam agora muito distantes. Apercebeu-se de que alguém lhe tirava a bebé dos braços, enquanto caía de joelhos e enterrava a face nas mãos grandes e fortes. Chorou até ao amanhecer, ajoelhado à porta daquele quarto. Ninguém o conseguiu acalmar ou convencê-lo a levantar-se. Tentaram demovê-lo e chamá-lo à razão, mas ele recusava-se a ouvir fosse o que fosse. Apenas na manhã do dia seguinte, quando o Rei e a Rainha, que chegavam de viagem, foram ter com Rafael, este se levantou. Fê-lo com grande esforço, pois tinha os joelhos doridos, para além de quase não ter forças para respirar. O Rei abraçou o filho como fazia quando Rafael era uma criança, enquanto a Rainha lhe acariciava os cabelos. Os três choraram juntos a mágoa que sentiam e só quando se acalmaram resolveram entrar no quarto para ver o corpo Safira. Tinham-na coberto com um lençol branco, bordado com fio de ouro a toda a volta. Rafael aproximou-se da cama, com os pais a segui-lo de perto e puxou uma das pontas do lençol. Safira jazia com uma expressão suave e o sorriso que todos lhe conheciam. O seu tom de pele não mudara muito.
Rafael não conseguiu evitar chorar ainda mais e saiu a correr do quarto. Quando ia a passar pelo corredor central do castelo, cruzou-se com uma das empregadas que segurava a bebé.
- Majestade, a menina acabou de acordar… deseja pegá-la?
Rafael não hesitou um momento e seguiu o seu caminho, até à torre. Não queria saber da bebé. Fora por causa dela que perdera o amor da sua vida.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Meu Anjo...


Oito meses se passaram... e tão feliz como se tivesse sido ontem.

Aproveito este momento para te agradecer... pelos momentos em que estou frágil e cuidas de mim; por me fazeres sorrir quando na verdade me apetece chorar; por acreditares em mim quando eu própria não acredito; por seres um anjo quando preciso de protecção; por olhares para mim como se eu fosse um tesouro; por existires... por me amares...

Apenas "obrigada"...

Amo-te... e tu sabes disso.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

12ª (e última) Parte do 1º Capítulo "Safira"


- Costumas correr pela Floresta? Ou fizeste-o apenas para me desafiar?
Safira não respondeu. Voltou-se e continuou a caminhar, não tendo a intenção de verificar se Rafael a seguia.
- Onde vais? Queres mostrar-me alguma coisa? – olhou para trás, receoso. Não tardaria nada, todos andariam à sua procura. Mas optou por seguir aquela rapariga tão misteriosa. Não sabia o que nela o cativava, mas não lhe conseguia resistir. Caminhou atrás dela, tentando não lhe perder o rasto.
Não foi preciso muito tempo para que Safira parasse novamente. Estavam em frente a uma espécie de capela abandonada, totalmente coberta pela hera. À sua volta não havia nada. Nem árvores, nem relva, nem flores. Apenas terra. A capela não tinha janelas e no lugar onde houvera, em tempos, uma porta, restava apenas uma entrada sombria.
- Este sítio é um pouco assustador, não achas? – Rafael sentiu um arrepio gelado.
Safira voltou-se para o Príncipe.
- É o meu cantinho favorito.
Rafael ficou extasiado ao ouvir aquela voz tão doce e sorriu-lhe, esquecendo imediatamente o medo que sentira ao chegar àquele lugar.
- Pensei que me ia embora sem ouvir uma palavra da tua boca.
- Era assim tão importante para ti ouvir a minha voz?
- Talvez…
Safira sorriu e entrou na capela, decidida.
- Espera! – gritou o Príncipe, demasiado assustado para a seguir e totalmente fascinado para o fazer. Hesitou um segundo, acabando por correr ao encontro da rapariga. Ao entrar sentiu o coração parar, sem ter a certeza do que via. – Que raio de sítio é este?
A capela era pequena, quadrada e sem qualquer ornamento. Apenas um altar de pedra, ao fundo, e um caixão, bem no centro. Em cima do caixão repousavam várias flores brancas.
Safira passou ao de leve os seus delicados dedos pelas flores.
- As flores aqui nunca secam. – sussurrou, como se tivesse esquecido que Rafael a seguira.
- Está alguém dentro do caixão? – perguntou o Príncipe, com voz trémula.
Safira olhou-o e sorriu.
- A minha mãe.
Rafael engoliu em seco. Não esperava ouvir nada semelhante.
- Lamento… não fazia a mínima ideia…
- Eu tinha sete anos… – começou, com um olhar distante. – Morreu de uma doença grave, não se sabe qual a sua origem. Apenas sei que a minha mãe morreu. E quando eu morrer quero vir para aqui. Quero ficar para sempre ao lado da minha mãe. – Fixava a lua, através do cimo da capela. Esta não tinha tecto. – Sabes, se um dia tiver uma filha, quero dar-lhe o nome de lua. A lua é a minha melhor amiga.
Rafael não teve a certeza de ter ouvido bem. Como poderia alguém ter a Lua como amiga? Mas decidiu não contestar essa ideia.
- Sabes, os meus pais já devem ter posto toda a Floresta à minha procura. Talvez fosse melhor eu voltar.
Safira acordou do transe e assentiu com a cabeça. Olhou mais uma vez para o caixão onde repousava a sua mãe e seguiu atrás de Rafael. Não estavam ainda a meio caminho quando ouviram vozes. Alguém gritava por Rafael. O Príncipe voltou-se muito depressa, ficando a poucos centímetros de Safira.
- Eu volto. – e deu-lhe um beijo suave na face. Nesse preciso momento, o cocheiro exclamava:
- Encontrei-o!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

11ª Parte do 1º Capítulo "Safira"



Safira baixou um pouco a cabeça, sorrindo. Desceu do banco com gestos delicados e pegou na mão de Rafael. Os dois estremeceram àquele toque, mas não se deixaram intimidar. De novo as pessoas abriram passagem até ao centro da Clareira. Passaram pelo local onde estavam instalados os Reis, fizeram uma vénia, e dirigiram-se finalmente ao ponto onde deviam dançar, sempre de mãos dadas. Rafael ordenou aos músicos que recomeçassem a melodia. Safira não sabia o que fazer de seguida. Nunca dançara a valsa e tinha receio de não se sair bem. O Príncipe fez-lhe uma vénia pouco acentuada e, com a mão livre, agarrou-lhe a cintura. Sentiu a seda do vestido na sua mão.
Safira podia imaginar cada pêlo do seu corpo a levantar, quando um arrepio gelado a percorreu. Sentia-se num sonho. Estava a dançar com o Príncipe! Como que por milagre, os seus pés sabiam todos os passos a realizar e em nenhum momento se sentiu fraquejar. Olhava Rafael nos olhos, que lhe sorria. Podiam sentir a respiração um do outro. Todos os olhavam, deslumbrados. As raparigas haviam-se rendido à decisão de Rafael e limitavam-se a admirar a beleza daquela dança.
Rodopiaram alegremente, e o vestido de Safira esvoaçou, deixando ver um pouco mais das suas lindas pernas. Quando a música terminou, todos aplaudiram e os dois soltaram-se, a sorrir. Safira afastou-se a correr, enquanto o Príncipe era impedido de a seguir pela multidão que o cercou. Os músicos começaram nova sinfonia e vários pares se juntaram, enquanto Safira se perdia da vista dos outros. Refugiou-se no local que elegera essa noite e sentou-se. Sentia-se cansada, mas feliz. A respiração tornou-se menos acelerada. Podia ouvir a música animada a alguns passos dali. Ninguém parecia já reparar nela. Todos dançavam, riam e falavam. Safira sentiu a sua alma dançar ao som da música e desejou, mais do que nunca, correr por entre os prados de toda a Floresta Dourada. Queria envolver-se na noite e sentir-se parte dela. Guiada pelo impulso do momento, levantou-se e correu, sem direcção certa. Só sabia que a cada passo que dava, se afastava de todo aquele barulho, de toda aquela concentração de pessoas. De repente, parou. Podia jurar ter ouvido passos atrás de si. Olhou para o caminho por onde viera, mas não conseguiu vislumbrar ninguém, nem mesmo um animal. Talvez tivesse sido apenas imaginação. Ainda podia ouvir a música ao longe. Esquecendo imediatamente o que a fizera parar, caminhou por entre a folhagem fresca que roçava no seu corpo. O luar guiava-a. Viu uma borboleta voar ali perto e, com gestos conhecedores, apanhou-a. A pequena borboleta, sentindo a tranquilidade que Safira emanava, deixou-se poisar na mão da jovem. Era uma bela borboleta de asas azuis, da mesma cor do céu nos dias de Primavera. Safira tocou ao de leve as asas da borboleta, sorrindo. Eram o seu animal favorito. Achava fantásticas as cores que aqueles bichos podiam apresentar.
- Cheguei a pensar que fosses apenas uma miragem.
Safira voltou-se devagar, como se o facto de o Príncipe a ter seguido fosse a coisa mais natural do mundo. Deixou escapar a borboleta e sorriu. Rafael aproximou-se um pouco mais, ficando a apenas dois passos de Safira.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Novidades?

E pronto, cá estou eu, de malas e bagagens em Aveiro... àqueles que esperavam ansiosamente por novas palavras, peço imensa desculpa :P

Mas finalmente as coisas começam a andar para a frente, acho eu.

O início do ano foi uma coisa atribulada, tipo, ah e tal, um pouco de organização lá para os lados da reitoria dava jeito, digo eu... onde já se viu, fazer matrículas depois dos caloiros (ou aluviões), depois chegar ao dia de ir para a escolinha e mais de metade do pessoal nem tem horário? E os 950€ que a gente paga, é pra quê? Só para o papel higiénico que se gasta nas casas-de-banho? Não!!! Também é para que as coisas sejam organizadinhas, e começadas a horas!

Mas pronto, as aulas já começaram e agora é a vez de reclamar porque AS AULAS COMEÇARAM! É a vida, não me posso queixar, dizem os senhores de idade...

E depois tivemos duas perdas enormes, umas maior que a outra: o Tó, que se passou para Biotecnologia (mas pronto, lá continua a melgar-nos), e a Xana. Isso sim, é uma grande perda. E miúda, isto agora é para ti, como já deves saber, a gente adora-te e apesar da distância, as portas estão sempre abertas para ti... cá em Aveiro, em Guimarães (coisa mais linda) e lá pelos Algarves (tipo, já te tou a fazer convidada para casa da Carla). :) Agora a sério, continuas a contar comigo para o que for preciso, e nós pensamos muitas vezes em ti, ok? Tu és uma fixe (e agora falando à geração morangos com açúcar), curte-te bué, és bué da nice, yo miúda bora dar uma volta (conseguiste visualizar os gestos?). Boa sorte, bicha.

Continuando, e depois há aquelas rivalidades de que já nem vale a pena falar, de tão batido que está o assunto.

Pormenores...

Aqui ficam umas fotos, assim só para marcar o início do semestre...






quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Apenas para assinalar a data...



Parabéns amor... Nie thylerim

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

10ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


- Não vai há mais de vinte e cinco anos, estava eu no lugar onde o meu filho se encontra sentado neste momento. O meu coração batia acelerado. Era o dia do meu vigésimo aniversário e seria formalmente apresentado à Floresta Dourada. E, para além disso, teria que escolher, de entre todas as raparigas, a mais bela. A escolha foi difícil. Mas hoje sei que não podia ter escolhido melhor. Como manda a tradição, dancei com essa rapariga nessa noite e acabei por me apaixonar. Casei com ela e dela tive um filho. – sorriu à Rainha, que estava indubitavelmente emocionada. – E hoje é a vez desse meu filho. É a vez do meu filho ser apresentado à Floresta Dourada e é a vez dele escolher a mais bela das jovens. – virou-se para o Príncipe, que aparentava uma estranha calma. – Rafael, tens a minha bênção. – toda a multidão rompeu em aplausos, abrindo caminho e deixando o tapete de flores à vista. Por ali iriam desfilar todas as raparigas da Floresta. Todas, menos uma. Safira não se deixaria levar pela luxúria, desfilando em frente a toda a gente e exibindo-se para o Príncipe. Faria apenas parte da assistência.
As restantes raparigas formaram uma só fila, cada uma mais nervosa que a outra. O Príncipe parecia não prestar qualquer atenção às dezenas de raparigas. O seu pensamento voara para alguns metros dali. O mais prestigiado músico da Floresta Dourada agarrou na sua flauta de madeira e tocou uma melodia suave e simultaneamente ritmada, dando assim início ao desfile. A primeira das raparigas avançou desajeitadamente pelo tapete de flores, mas à medida que se aproximava do Príncipe, a sua confiança aumentava, conseguindo fazer uma vénia plausível, no final. Rafael olhou-a apenas por respeito, pois aquela rapariga em nada lhe interessava. E assim foi com todas as outras. O Príncipe reagiu da mesma forma a carnudas e esguias, altas e baixas, loiras e morenas, feias e formosas. Nenhuma lhe despertou o mesmo interesse que a rapariga dos cabelos dourados lhe despertara. E, azar dos azares, essa mesma rapariga fora talvez a única que não desfilara.
Safira apercebera-se dos olhares furtivos que o Príncipe lhe atirava de momentos a momentos. Pela primeira vez, não se sentia incomodada com o facto de estar a ser observada. Tentou esquivar-se aos pensamentos que a assolavam. O desfile chegara ao fim e Rafael anunciaria, a qualquer momento, quem teria a honra de dançar com ele. As raparigas voltaram a formar uma fila e o Príncipe levantou-se. Sorriu aos pais e dirigiu-se ao centro da Clareira, perto da fogueira, que ardia vorazmente. Ergueu a mão ao músico que tocara flauta anteriormente, e o som de uma valsa encheu os ares. Safira viu que agora o músico não tocava sozinho. A ele juntara-se uma dezena de homens, cada um deles tocando flauta, harpa ou violino. A música entrava suavemente pelos ouvidos de cada pessoa e continuava a entoar nas suas mentes.
O Príncipe olhou para todas as raparigas, que esperavam ansiosas pela sua escolha. Sorriu a todas elas, mas havia chegado ao fim da fila e a dança continuava pendente, apesar de a música seguir ao seu ritmo. E, surpreendentemente, Rafael voltou-se, ficando de costas para todas as concorrentes. Um subtil burburinho levantou-se.
- Foi-me anunciado... – Safira estremeceu ao ouvir voz tão firme. Era a primeira vez que o Príncipe falava, desde o início do Baile. – ... que é minha obrigação escolher a mais bela rapariga da Floresta Dourada e dançar com ela. Mas nada me obriga a escolhê-la apenas de entre as que participaram no desfile. – o barulho de fundo intensificou-se. As raparigas transmitiam incredulidade. – Na minha opinião, a mais bela rapariga da Floresta Dourada não se encontra entre as que desfilaram. – e sem se importar com alguns gritos de protesto por parte das jovens, Rafael avançou pela clareira, de olhar fixo no de Safira. Esta sentiu o seu coração dar um pulo e o que mais desejava naquele momento era poder desaparecer. Não podia crer que o Príncipe a tivesse escolhido, mas a verdade era que ele caminhava ao seu encontro. Respirou fundo várias vezes e encarou a verdade de frente. Iria dançar com o Príncipe! As pessoas abriam um estreio caminho, para logo o tornar a fechar, e Rafael alcançou Safira. Olharam-se e sorriram, com uma cumplicidade que nunca pensaram poder existir entre duas pessoas. Rafael ergueu a sua mão para Safira, que continuava de pé no banco, e tinha que o olhar de cima. Instantaneamente, toda a Floresta mergulhou no mais profundo silêncio. Apenas se ouvia, ao longe, o pio do mocho e o som gorgolejante do rio.
- A menina dá-me a honra desta dança? – perguntou, curvando-se ligeiramente.

domingo, 9 de setembro de 2007

Olha a madrinha babada!

E depois de muitas confusões (raio do padre que resolveu implicar...) lá saiu o baptizado do Gonçalo. Aqui ficam algumas fotos para recordação...




























É lindo, não é?
Bjs...





quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Olhem o meu piolho!!!

Vejam o orgulho da madrinha...


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Pessoal...


Após umas merecidas férias, cá estou eu.

Tenho algumas declarações a fazer: em primeiro lugar, se querem passar um dia interessante e remontar aos nossos antepassados, nada melhor que ir à origem deste país, ou seja, à cidade berço. O castelo não é assim nada de extraordinário, admito, mas tem a sua magia. Agora aquilo que me fascinou foi o Paço dos Duques. Como diria a minha irmã "Quando ganhar o Euromilhões, vou comprar o Paço dos Duques"... e depois acrescenta: "Quando eu ficar rica, fico novamente pobre!". Continuando, o Paço tem umas salas de se lhe tirar o chapéu, principalmente o quarto duma qualquer pessoa importante da altura. Eu quero aquela cama!!! E a sala das armas? Imaginar que aqueles bicos (das espadas, claro) já podem ter morto pessoas!!! E a sala dos banquetes? E a das festas.... Eles tinham salas para tudo! E depois há aquelas que eu nem percebi para que serviam... Mas pronto, o Paço dos Duques está aprovado.

Se quiserem ir ainda mais atrás no tempo, aí pela altura em que um tal de Jesus andou por cá a ver as vistas, temos a Citânia de Briteiros. Para quem não tem qualquer fascínio por história e calhaus, aquilo é realmente um monte disso mesmo: Calhaus! Mas se souberem apreciar, vão adorar, ver todas aquelas casinhas pequenas. Vocês sabiam que os homenzitos da altura já tinham sauna? Querem saber como funcionava? Façam uma visitinha.

Agora pessoal, o que eu não aconselho nada, é o comboio histórico da linha do douro. Aquela cena é mesmo a vapor, passa a vida a avariar, anda que parece um caracol, atrasou-se duas horas, ficamos perdidos no meio do nada sem rede. E ainda por cima, apanhei uma tempestade quando estava dentro do comboio, assim uma coisa monstruosa, que eu pensei que não passava daquele dia. Portanto, esqueçam...

E aquela semaninha no nosso pequeno algarve (póvoa de varzim :))?
Aquilo agora até tá girito, o mar na zona onde estive era espectacular (sem ondas e limpo), e aquele lanche no café cujo nome não me lembro... bem, lanche quente é do melhor!!!

E pronto, nada de férias estilo princesa, mas deu para os gastos... e deu pra me distraír aos poucos... porque isto de tar semanas a 300 km do moçito tem muito que se lhe diga!

Beijos pessoal.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

9ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Também era o primeiro Baile de Safira. O pai sempre aconselhava a filha para que fosse, mas ela alegava que preferia ficar a fazer-lhe companhia. Porém, nesse ano, o motivo fora mais que forte. E estava a divertir-se bastante, mais do que alguma vez imaginara. Voltou à mesa para pegar num grande pedaço de pão ainda quente e regressou ao seu lugar, sempre a sorrir. Uma ou duas pessoas acenaram-lhe. Conheciam-na como sendo a filha do lenhador. Safira não tinha amigas. Apenas um amigo: o pai. Não confiava em mais ninguém, senão nele. E por isso se encontrava sempre tão só.
Olhou toda a Floresta à sua volta. Conhecia cada recanto daquela Clareira e cada uma das árvores à sua volta. A sua favorita era aquela em que instalava o baloiço fabricado pelo pai. De cada um dos lados do pequeno pedaço de madeira que servia de assento, saía uma corda que Safira prendia num dos ramos daquela árvore, que se encontrava, nesse momento, parcialmente oculta pelos bancos destinados à família Real.
A cada momento que passava, as mesas iam ficando mais vazias e as pessoas cada vez mais satisfeitas. Os nervos das raparigas começavam a aumentar. A tão esperada hora não tardava em chegar. Assim que toda a gente se fartou de comer, Safira viu os Reis dirigirem-se para os seus bancos, seguidos pelo Príncipe e pelo cocheiro. O Rei permaneceu de pé, pedindo silêncio, tal como acontecera anteriormente. Rafael e a Rainha sentaram-se. Safira pôs-se de pé, pois novamente a multidão a engoliu. Viu uma rapariga arranjar o cabelo a outra.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Só para aguçar a curiosidade...


Ana leu a carta pela milésima vez desde que chegara a casa, não se cansando de recordar todos os momentos que vivera ao lado de Gabriel e perguntando-se se tudo aquilo fora realidade. Não chorou. As lágrimas haviam secado. Para sempre. Sentada no sofá, de braços cruzados, olhava a lareira, onde o seu diário ardia vorazmente. Ali escrevera muitas vezes, com o objectivo de imortalizar todos os bons e maus momentos que passara. Se Gabriel lhe pedia para que conservasse a história deles oculta, aquele era um bom princípio. Releu a carta dele uma última vez, antes de a lançar também ao fogo, sentindo uma pontada no coração. Ficou ali, vendo as suas memórias desvanecerem-se. Sentiu-se fraca. Não comia desde o dia anterior, mas o apetite não existia mais. Naquele momento, nada fazia sentido. Apenas tinha um objectivo. Quando as páginas do seu diário e a carta de Gabriel se consumiram totalmente, levantou-se, desolada. Chegara então a hora. Caminhando lentamente, dirigiu-se ao quarto. Os seus passos ecoavam no soalho. Ficou alguns segundos encostada à ombreira da porta, observando o quarto com uma expressão vazia. Depois abriu todas as gavetas e acabou por encontrar o que procurava, embrulhado num lenço de linho. Não sabia porque o guardara. Apenas sabia que agora lhe iria ser útil. Olhou o punhal atentamente. Havia pertencido ao pai. Deslizou um dos dedos pela lâmina, suavemente. Inspirando fundo, deslizou-o novamente, fazendo pressão, com um esgar de dor. Ana sorriu, ao ver o dedo sangrar. Olhou para cima, continuando a sorrir, como se pudesse ver algo no tecto do seu quarto. Soltou uma gargalhada e sussurrou:
- Gabriel, não aguento viver sem ti. Pedes-me que seja feliz, mas só o serei a teu lado. – Olhou a pena que Gabriel lhe deixara, agora pousada em cima da cama. Os seus olhos revelavam alguns sinais de loucura. Com tanto que sofrera, já se adaptara à dor. – Nunca ninguém saberá desta nossa história, uma vez que não ficará ninguém para contá-la. Não sei como vai ser daqui para a frente, nem o que fazer. Falaste-me do Céu e do Inferno. Se me perder, encontra-me. – Olhou-se ao espelho. Nunca a sua beleza estivera em tal declínio. Os olhos pareciam afundar-se cada vez mais na sua face. Os lábios estavam ressequidos e a pele desidratada. – Nem Deus pode impedir que eu e tu sejamos felizes juntos, Gabriel…


Pequeno excerto do meu primeiro livro... "Borboleta"

domingo, 12 de agosto de 2007

Pura magia...


Magia? Não sei… Apenas sei que ter-te de novo ao meu alcance, poder tocar-te, sentir-te, ouvir-te… saber que estás ao meu lado, que não és apenas uma miragem, que realmente és tu o responsável por esta felicidade… Caminhar contigo ao meu lado, ouvir uma resposta quando te pergunto como estás, sorrir-te com cumplicidade… escutar uma vez mais amo-te ao meu ouvido… De repente tudo parece existir para mim: os pássaros que cantam para que eu possa dançar, uma dança melodiosa, suave e delicada; as flores que se inclinam para mim, para que eu possa tocar-lhes, sentir a simplicidade da verdadeira beleza, para que me possa envolver num mundo de cores vivas; a água que corre, para que eu saiba que o tempo não pára, fazendo-me ver que os dias urgem e que a distância não é afinal tão grande; o imenso céu que me guia, me faz perder na sua imensidão, mostrando-me que sou pequenina mas que posso um dia conquistar o mundo… pela força deste amor. E então sinto-me em paz, a serenidade toma conta de mim e a vida ensina-me a esperar e a acreditar que és um anjo…

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Gosto de ti...


Ilumina-me... Pedro Abrunhosa


"Gosto de ti como quem gosta do sábado,

Gosto de ti como quem abraça o fogo,

Gosto de ti como quem vence o espaço,

Como quem abre o regaço,

Como quem salta o vazio,

Um barco aporta no rio,

Um homem morre no esforço,

Sete colinas no dorso

E uma cidade p’ra mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo,

Gosto de ti como quem finta o futuro,

Gosto de ti como quem diz não ter medo,

Como quem mente em segredo,

Como quem baila na estrada,

Vestido feito de nada,

As mãos fartas do corpo,

Um beijo louco no porto

E uma cidade p’ra ti.


Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me,

Ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me,

Ilumina-me.


Gosto de ti como uma estrela no dia,

Gosto de ti quando uma nuvem começa,

Gosto de ti quando o teu corpo pedia,

Quando nas mãos me ardia,

Como silêncio na guerra,

Beijos de luz e de terra,

E num passado imperfeito,

Um fogo farto no peito

E um mundo longe de nós.


Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me,

Ilumina-me.

Enquanto não há amanhã,

Ilumina-me,

Ilumina-me."


Amo-te...

8ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Estavam cada vez mais próximos. Rafael caminhava atrás. Os Reis passaram por Safira sem para ela olharem, apenas porque não viram a rapariga empoleirada no banco, nem quando ela se curvou para os receber, assim como todos faziam.
O coração da jovem parou momentaneamente. Rafael estava o mais próximo possível dela. Olharam-se com intensidade e sorriram um ao outro, como se de cúmplices se tratassem. Safira baixou o rosto, ainda a sorrir. As raparigas histéricas olhavam-na com inveja. Ela fora a única a quem Rafael sorrira.
A família Real sentou-se, assim que chegou ao fim do tapete de flores. O Rei ao centro, a Rainha do lado direito e Rafael do lado esquerdo. O cocheiro apresentou-se de pé, ao lado de Rafael. Toda a Floresta Dourada estava voltada para eles. O silêncio instalara-se uma vez mais. E então, o Rei levantou-se, acenou a toda a multidão, que aplaudiu entusiasticamente, e pediu que o barulho cessasse.
- Caros amigos da Floresta Dourada. – começou, revelando uma voz grave, mas benevolente. – É com um enorme prazer que venho, uma vez mais, receber a Primavera convosco. Sem mais demoras ou discursos, que comece o Baile da Floresta! – e às suas palavras, toda a gente se dirigiu às mesas , incluindo a família Real, de modo a satisfazer o estômago. Safira desceu do banco, enquanto os Reis e o Príncipe caminhavam novamente pelo tapete de flores, em direcção às mesas. Safira escolheu uma das mesas mais despovoadas e tirou um naco de carne. Saboreou-o com delicadeza e afastou-se, a fim de deixar que outros tivessem oportunidade de se servir. Voltou a sentar-se no seu banco, longe de toda a multidão. Podia observar, por entre espaços, o Príncipe lá longe. Este sorria, num mundo repleto de novidades. Rafael sempre ficara no castelo nos Bailes da Floresta. Não por opção. Apenas porque o Rei insistia que a sua apresentação oficial à Floresta Dourada só seria no dia do seu vigésimo aniversário, tal como mandava a tradição.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Como manter o amor...


“Mãe e filha caminhavam pela praia.
A dada altura, indagou a jovem:
- Mamã, como se faz para manter o amor?
A mãe olhou para a filha e respondeu:
- Apanha um pouco de areia e fecha a mão com força…
A jovem assim fez e reparou que quanto mais forte apertava a areia na mão, mais depressa esta escapava.
- Mamã, assim a areia cai!!!
- Eu sei. Agora abre completamente a mão…
A jovem assim fez.
Mas veio o vento forte e levou consigo a areia que lhe restava da mão.
- Assim também não consigo mantê-la na minha mão!
A mãe, sempre a sorrir, disse-lhe:
- Agora apanha outra vez um pouco de areia e mantém-na na mão semiaberta, como se fosse uma colher: suficientemente fechada para protegê-la e suficientemente aberta para lhe dar liberdade.
A menina seguiu as instruções da mãe: a areia não só não lhe escapava da mão como ficava protegida do vento.
- É assim que se faz durar um amor… - concluiu a mãe.”

retirado de uma revista.

7ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Rafael saiu, deslumbrando tudo e todos com o seu porte altivo. Era um rapaz esbelto e de uma extrema elegância. Ao contrário dos seus pais, não ergueu a mão para cumprimentar todos os que o desejavam ver. Limitou-se a sorrir timidamente. Lançou um olhar em sua volta, admirando tudo com curiosidade, e os seus olhos negros fixaram inevitavelmente a rapariga em cima do tronco, com cabelos dourados, que esvoaçavam ao sabor do vento. Safira sentiu um ligeiro rubor subir à face, assim que o seu olhar se cruzou com o de Rafael. Sorriu.
Uma salva de palmas interrompeu o silêncio que se havia instalado, e as raparigas começaram a gritar pelo nome do Príncipe. Rafael desviou, com alguma relutância, o olhar daquela rapariga que tanto o fascinara desde o primeiro segundo.
As pessoas abriram caminho entre si e algumas mulheres, reservadas para aquela tarefa, espalharam no chão pétalas das mais lindas flores existentes na Floresta, formando assim um belo tapete. Cada uma das mulheres transportava consigo um cesto de verga, repleto de pétalas multicolores. O recente tapete de flores conduzia a um dos extremos da Clareira, onde haviam sido instalados os três melhores bancos talhados nos troncos. Cada um deles estava enfeitado com flores brancas e folhas verdes. Assim que o tapete de flores ficou completo, a família Real caminhou sobre ele. Safira ficara bem a meio do percurso e Rafael iria passar a seu lado. Esta visão deixou-a imediatamente com náuseas.
Os três caminharam lentamente, cumprimentando toda a gente com acenos de cabeça e sorrindo em todas as direcções. As pessoas curvavam-se à passagem deles. Algumas raparigas davam pequenos pulos de euforia, tentando chamar a atenção do Príncipe. Mas pouco ou nada conseguiam. Rafael voltara a fixar o seu olhar em Safira. Parecia que algo o prendia a ela. Não sabia explicar se seria o seu jeito simples, se os seus olhos expressivos ou se o seu sorriso enigmático. Apenas sabia que algo nela lhe sugava o olhar.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

6ª Parte do 1º Capítulo "Safira"




Cruzou a perna para poder retirar uma folha que se colara a um dos seus pés descalços. Era uma das coisas que mais a fascinava: caminhar descalça pela Floresta. O seu pai pedia-lhe que não repetisse a proeza, de cada vez que o fazia. Mas, naquele dia, todos se apresentavam descalços. Era assim há muitos anos. Apenas mais uma tradição que passara de geração em geração. Então, enquanto se mantinha entretida a sacudir os pés com gestos delicados, a população entrou em alvoroço. Safira ergueu o olhar, mas toda a gente se juntara na sua frente, impedindo-a de ter visão sobre o que quer que fosse. Colocou-se de pé, agilmente, no banco em que havia estado sentada, e percebeu o que se estava a passar. O magnificente coche puxado por quatro cavalos brancos via-se já ao fundo da Clareira. O seu coração deu um pulo, querendo saltar a qualquer momento. Algumas raparigas gritavam, histéricas. Safira sorriu com ironia, perante tamanha balbúrdia. O coche parou bem na frente do local onde se encontrava. O cocheiro, um homem atarracado e com uma enorme barriga, desceu e deu uma palmadinha na cabeça de um dos cavalos, abrindo a porta do coche de seguida. De lá saiu um homem alto, de cabelo cinzento e enormes olhos pretos. Vestia um casaco que lhe batia no joelho, castanho e com botões dourados. As calças, justas à perna e também castanhas, perdiam-se por dentro de umas botas de pele, onde o casaco roçava. A sua camisa, bege, era bem enfeitada de enormes rendas da mesma cor. O Rei ergueu a mão e cumprimentou o seu povo. Enquanto isso, o cocheiro ajudava a Rainha a descer, tendo-lhe estendido a mão. A Rainha desceu, imponente e majestosa no seu vestido de veludo verde, que possuía uma enorme roda. Os seios, comprimidos pelo corpete, quase saltavam para fora. O seu cabelo estava preso no alto da cabeça, onde lhe fora colocada uma flor. Transportava consigo um requintado leque, que abanava ligeiramente. Sorriu aos habitantes da Floresta e ergueu também a sua mão para os cumprimentar. E, sem aviso, o tempo parou. Todos se silenciaram para ver o terceiro elemento da família Real descer do coche. Contavam-se pelos dedos os que alguma vez o tinham visto.

Retirado da revista "audácia"


“ À procura da felicidade…
No princípio dos tempos, vários demónios reuniram-se para fazer uma travessura.
Um deles disse:
- Devíamos tirar alguma coisa aos humanos!... Mas o que é que lhes vamos tirar?
Depois de muito matutar, um dos demónios propôs:
- Já sei, vamos tirar-lhes a felicidade. O problema é onde a esconder para que não a possam encontrar.
Alguém levantou a mão:
- Vamos escondê-la no cimo do monte mais alto do mundo.
Imediatamente respondeu o outro:
- Não! Lembra-te que eles têm muita força. Alguém pode subir e encontrá-la e, se a encontra, todos vão saber onde está.
Disse outro:
- Então vamos escondê-la no fundo do mar!
Alguém respondeu:
- Não! Lembra-te de que eles são curiosos e algum dia alguém vai construir um aparelho para poder descer e então vão encontrá-la.
Outro sugeriu:
- Vamos escondê-la num planeta bem longe da Terra.
Mas um demónio ripostou:
- Não! Lembra-te que eles têm inteligência e, algum dia, alguém vai construir uma nave para poder viajar para outros planetas e vai encontrá-la. Então, todos terão a felicidade.
O último dos demónios tinha estado calado a escutar atentamente cada uma das propostas dos demais. Pesou cada uma delas e depois disse:
- Acho que sei onde pôr a felicidade para que realmente nunca a encontrem.
- Onde?
- Vamos escondê-la dentro deles próprios. Estarão tão ocupados a procurá-la fora de si que nunca a encontrarão.
Todos concordaram e desde então é assim: as pessoas passam a vida à procura da felicidade sem saber que a trazem consigo!”

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

5ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Olhou as outras raparigas, com as coroas das mais belas flores a ornamentar-lhes os cabelos. Todas elas, tal como Safira e os restantes habitantes da Floresta Dourada, assim lhe chamavam, haviam-se vestido de branco. O vestido de Safira tocava-lhe um pouco acima dos joelhos e a bainha tinha bordadas, com um fino fio dourado, folhas e flores. Havia pertencido à mãe, em tempos. O vestido realçava as belas formas desenhadas do seu corpo e este assentava-lhe sobre os ombros com umas alças do próprio tecido. Os seus olhos verdes brilhavam, dando-lhe um ar angelical. As jovens da mesma idade apresentavam-se com trajes idênticos aos de Safira, mas nenhuma delas possuía um encanto pessoal. Todas elas riam alto, falavam exageradamente e não disfarçavam a ansiedade. E Safira conhecia o motivo de todo aquele alarido. Como em todos os anos, a família Real descia à Clareira principal para, juntamente com todos os seus súbditos e restantes habitantes da Floresta Dourada, darem as boas-vindas a uma nova Primavera. E para além do Rei e da Rainha, era sabido que também Rafael vinha com eles. Safira não era a única rapariga, naquele espaço, apaixonada pelo Príncipe. Mas talvez fosse a única que guardava para si tais sentimentos. Todas as raparigas sonhavam com aquele jovem de olhos negros e cabelo rebelde. E esse ano trazia uma surpresa. Fora anunciado que, sendo o vigésimo aniversário do primogénito dos Reis da Floresta Dourada, Rafael escolheria, de entre todas as jovens do reino, a mais bela. Safira não tinha qualquer esperança de ser a escolhida. Não havia sido para isso que fora à festa. Apenas queria olhar a face de Rafael uma vez mais.

terça-feira, 31 de julho de 2007

4ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Safira caminhou por entre a multidão, tentando passar despercebida. Olhou o céu por instantes e sorriu à lua. Passava noites a fio a observar aquele astro, o seu favorito. Afirmava que lhe transmitia calma e serenidade, adjectivos que tão bem encaixavam nela própria.
A noite chegara, e com ela, milhões de estrelas. Os inúmeros pirilampos de toda a Floresta haviam-se juntado para iluminar e receber a Primavera. Vozes e risos enchiam o ar. Uma fogueira abrasadora fora acesa no meio da Clareira principal e as crianças dançavam à sua volta, quase derrubando as muitas mesas que ali estavam instaladas. Cada uma daquelas mesas, coberta por uma toalha de linho, aguentava sobre si um verdadeiro manjar.
Sentou-se num dos muitos bancos talhados nos troncos de árvores, já mortas pela velhice ou por um raio em noite de tempestade. Vários olhares se voltaram para si, dos quais Safira não fez caso. De certo modo, já se habituara a que as pessoas a observassem. Era assim desde criança. Houvera até quem afirmasse que Safira parecia uma Fada, e que viera ao Mundo transmitir alegria às pessoas que tinham a sorte de ouvir aquela voz melodiosa e serena, que se dissipava no ar, tal como o perfume a flores silvestres que transportava consigo.
A seu lado, um pequeno aglomerado de pessoas entoava uma canção de louvor à Floresta e a tudo o que nela existe. Safira soltava pequenos sorrisos, como se receasse ser ouvida. Apenas as coisas mais simples a fascinavam e talvez fosse essa a principal razão do seu encanto. Ajeitou a sua coroa na cabeça, tendo o extremo cuidado de não amachucar os lírios que a enfeitavam. Fora o seu pai que a fizera. A relação deles tornara-se bastante mais próxima quando a mãe de Safira morrera, vítima de uma estranha doença. Safira tinha apenas sete anos, e nunca ninguém a vira chorar pela perda que sofrera. No entanto, o seu prolongado silêncio indicava um penoso sofrimento que habitava dentro de si. Desde então, Safira era a única razão de viver do pai, e a sua protegida.

Palavras anotadas por um reporter que presenciou o acidente...

"Mãe...
Fiz o que me pediste...
Fui à festa, mãe. Lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, mãe... Então, bebi um sumo.
Senti orgulho de mim mesma e do modo como disseste que eu me sentiria, e que não deveria beber e conduzir...
... ao contrário do que alguns amigos me disseram.
Fiz uma escolha saudável. O teu conselho foi correcto.
E quando a festa finalmente acabou, e o pessoal começou a conduzir sem condições..., fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz...
Eu nunca poderia esperar...
Agora estou deitada na rua, e ouvi o polícia dizer: "O rapaz que causou o acidente estava bêbedo."
Mãe, a voz parecia tão distante...
O meu sangue está a correr por todos os lados e eu estou a tentar com todas as minhas forças não chorar...
Posso ouvir os paramédicos a dizerem: "A rapariga vai morrer"...
Tenho a certeza de que o rapaz não tinha a menor ideia... Enquanto ele andava a toda a velocidade... afinal, ele decidiu beber e conduzir. E agora tenho de morrer...
Porque é que as pessoas fazem isso, mãe, sabendo que vai arruinar vidas?
A dor está-me a cortar como uma centena de facas afiadas...
Diz à minha irmã para não ficar assustada. Mãe, diz ao papá que seja forte... e quando eu for para o céu, escreva "Menina do pai" na minha sepultura...
Alguém deveria ter dito àquele rapaz que é errado beber e conduzir... talvez, se os seus pais lho tivessem dito, eu ainda ficasse viva...
A minha respiração está a ficar mais fraca, mãe, e estou realmente a ficar com medo...
Estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada...
Eu gostaria que tu pudesses abraçar-me, mãe...
Amo-te! Adeus..."
Retirado de uma revista "Audácia"

segunda-feira, 30 de julho de 2007

3ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Deslumbrada, viu passar um magnífico coche, puxado por quatro majestosos cavalos brancos. Percebeu imediatamente que se tratava do coche real. Esticou um pouco mais o pescoço, de forma a vislumbrar melhor o Rei e a Rainha. Nunca estivera tão perto deles como naquele momento, e o seu coração palpitava de entusiasmo. Porém, quem ia lá dentro não eram o Rei e a Rainha. O coche transportava apenas um jovem. Safira ficou hipnotizada por aquele olhar que fixava o horizonte. Soube desde logo que aquele só podia ser o Príncipe da Floresta. Tinha conhecimento de que se chamava Rafael e que fazia vinte anos no dia do Baile da Floresta. Nada mais sabia sobre ele e era a primeira vez que o via. Safira seguiu o coche com o olhar, até o perder de vista.
Não contou a ninguém que vira o Príncipe, nem mesmo ao pai, para quem não tinha segredos. A razão para o seu silêncio era aquele calorzinho no coração, ao relembrar os olhos negros de Rafael. Guardou para si aquela imagem e regressou a casa, esquecendo a flor no chão.

Momentos mágicos...


segunda-feira, 9 de julho de 2007

Saudades!!!

Estou cheia de saudades destes totós!!! quantas vezes eu chorei a rir com eles...

Dias de amizade!

Diz lá amiga, temos um ganda estilo! Beijos, só espero que um dia possas ser a Joana que uma dia foste...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Nostalgia...


Right here wainting
Richard Marx

Oceans apart day after day and I slowly go insane.
I hear your voice on the line, but it doesn't stop the pain.
If I see you next to never, how can we say forever.

Chorus:Wherever you go, whatever you do,
I will be right here waiting for you.
Whatever it takes or how my heart breaks,
I will be right here waiting for you.

I took for granted all the times that I thought would last
somehow.
I hear the laughter, I taste the tears, but I can't get near you
now.
Oh can't you see it, Baby, you've got me going crazy.

Chorus:Wherever you go, whatever you do,
I will be right here waiting for you.
Whatever it takes or how my heart breaks,
I will be right here waiting for you.

I wonder how we can survive this romance.
But in the end if I'm with you, I'll take the chance.
Oh can't you see it, Baby, you've got me going crazy.
Wherever you go, whatever you do,
I will be right here waiting for you.
Whatever it takes or how my heart breaks,
I will be right here waiting for you.
Waiting for you.