quarta-feira, 30 de abril de 2008

2ª Parte do 5º Capítulo "Um dia no castelo"



- Dormiste bem, Lua? - perguntou a avó. - Como caíste ontem, podes ter ficado magoada... chegaste alguma coisa para as dores? - a avó não mudara muito desde a primeira vez que Safira a vira, no Baile da Floresta. Tinha mais rugas, os cabelo estava agora entre o castanho e o grisalho, mas a sua postura, o seu sorriso, a sua bondade, tudo continuava igual. Continuava a usar os longos vestidos de roda, mesmo no dia-a-dia. Nesse dia usava um vestido vermelho de seda, enfeitado com rendas. Lua achava ridículo que a avó se vestisse daquela forma. Passava todo o dia no castelo, no escritório com o avô, falando sobre “negócios”, como Lua lhe chamava. Sabia que tratavam de assuntos sobre o povo, qualquer coisa sobre direitos e deveres. Portanto, até um pijama servia para passar um dia inteiro fechado entre quatro paredes. Só de tempos a tempos, os avós saíam, para uma viagem, fosse de negócios, fosse de férias. Lua nunca fora com eles, mas também nunca a haviam convidado. Como Lua ficaria contente se o pai a levasse numa viagem de barco! Como ela gostaria de conhecer o mar. Mas isso nunca aconteceria. O pai não gostava dela, por isso não queria passear com ela.
- Não foi preciso chegar nada, avó, eu fiquei bem. - respondeu, ainda antes de se sentar entre a Rainha e o pai.
- A criada disse que dormiste com a roupa vestida... - comentou o avô. - Que se passou?
Lua olhou rapidamente para o pai, mas este não prestava atenção à conversa, parecia distraído com alguma coisa.
- Estava muito cansada... - e baixou a cabeça, pois sentia-se a corar. Sentia vergonha por se ter deixado adormecer daquela maneira. Agora tinha de responder a perguntas embaraçosas.
- Se não fugisses de casa, não te sentirias tão cansada. - Lua deu um salto na cadeira, pois não esperava ouvir a voz do pai
- Deixa a menina, Rafael! Ela já percebeu que errou, não precisas estar sempre a lembrar. - foi o Rei que entrou em defesa de Lua. O Rei também não estava muito diferente desde há vinte e seis anos, pela altura em que Rafael conhecera Safira. Apenas mais velho, todo o cabelo branco, mas as feições ainda eram as mesmas. Lua sabia que os avós eram mais velhos que o que aparentavam, pois já não tinham grande agilidade, quase precisavam de ajuda para subir a escadaria principal que levava ao segundo andar.
O pequeno-almoço era sempre uma grande refeição, com bolos, leite, sumos, pão e os mais variados acompanhamentos. Sobrava sempre demasiada comida, e a maioria nem era aproveitada para a manhã seguinte. Lua contentava-se com um copo de leite quente com chocolate e um pouco de pão a acompanhar, pois fazia lembrar as tardes passadas em casa do avô. Nesse momento perguntou-se se não voltaria a ver o lenhador e sentiu vontade de chorar. Custava-lhe crer que o pai falasse a sério quando dizia que matava o avô. Mas o pai era tão frio e cruel, que já nem sabia o que pensar. Resolveu investir nos seus interesses e, com a maior naturalidade, rezando para que os avós fossem a seu favor, perguntou ao pai:
- Pai... quando posso ir visitar o avô? - mexeu o leite com a colher, para não ter de olhar o pai.
Rafael parou o que estava a fazer e entrelaçou os dedos das mãos em cima da mesa.
- Falamos sobre isso ontem. - e nada mais disse. Os Reis olharam do pai para a filha, sem perceberem muito bem o que se passava, mas também não quiseram interferir.
O coração de Lua começou a bater demasiado depressa. O pai falara mesmo a sério, agora tinha a certeza disso. Mas ela queria tanto estar com o avô! Não conseguiu comer mais nada e os avós começaram logo a fazer comentários, que a menina andava a comer mal, que estava muito magrinha e pálida. Assim que pôde, Lua pediu licença e levantou-se da mesa, quase com lágrimas nos olhos. O Rei e a Rainha perceberam que algo se estava a passar com Lua. A menina costumava ser muito calada, mas agora estava triste, para além de pouco faladora. Só o pai parecia não se importar com os sentimentos da menina.
Lua subiu para o seu quarto, onde costumava brincar durante alguns minutos, antes de um professor a chamar para as aulas de escrita e leitura. Nesse dia não brincou, limitou-se a sentar-se na cama e olhar o retrato da mãe. Nunca visitara o local onde a mãe estava sepultada, pois o pai nunca lhe dissera onde ficava e o avô dizia que ainda era muito nova para visitar um lugar desses. Apenas sabia que a mãe estava numa capela no meio da Floresta, no mesmo sítio que a avó.
Mesmo que quisesse brincar nessa manhã, Lua não teria tido oportunidade, pois alguns minutos após ter subido, alguém bateu à porta do seu quarto.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Vânia Fernandes - Senhora do Mar

Aqui está a música que nos vai representar no próximo festival da Eurovisão. Pessoalmente, gosto bastante da música, principalmente se tivermos em comparação a música do ano passado ("Dança comigo" Sabrina). A ver se é desta...

1ª Parte do 5º Capítulo "Um dia no castelo"


O dia começava bem cedo para Lua. Ainda o sol espreitava timidamente, já uma criada entrava no seu quarto para abrir as portas da varanda e puxava para trás as cortinas. Era nesse momento que Lua acordava, com a claridade a perturbar-lhe os olhos. A menina levantava-se e corria para a casa-de-banho, que estava ligada ao quarto por uma porta. Saía uma hora depois, após um longo banho de imersão perfumado com pétalas de rosa. Lua odiava essa parte do dia. Vendo bem, Lua odiava qualquer parte do dia no castelo, todas aquelas formalidades que era obrigada a cumprir, todos os tópicos de higiene, todos os horários, todas as obrigações. Mas o banho era provavelmente o que mais a irritava. Sair da sua cama quente, ser obrigada a tirar o seu pijama, e entrar numa banheira repleta de água, ficar lá mergulhada durante quase uma hora, até a sua pele ficar toda encorrilhada. Era horrível! E mesmo que quisesse escapar ao banho, era impossível, pois a criada que a acordava não desandava do quarto enquanto Lua não aparecesse de cabelo molhado, com perfume de rosas espalhado pelo corpo, e um grande robe azul vestido. Lua acordava de mau humor, tomava banho de mau humor e saía da casa-de-banho de mau humor. Nunca falava com a criada. Da mesma maneira que não falava com o restante pessoal que trabalhava no castelo. Os empregados e empregadas achavam-lhe imensa graça, mas gostariam de ter mais interacção com a menina. Havia quem dissesse que o poder já lhe subira à cabeça, por isso Lua os ignorava. Mas nada tinha a ver com isso. Lua não gostava de falar com ninguém do castelo porque odiava a vida no castelo. Preferia muito mais se pudesse viver com o avô no meio da floresta, a conversar à lareira, a ouvir histórias sobre a mãe, sobre as aventuras de quem passa na Floresta Dourada. Tinha muita mais emoção do que viver fechada naquele sítio frio, onde o pai a odiava, as empregadas não lhe largavam o pé, as regras impunham-se à sua vontade. O que ela não faria para viver de forma mais simples e interessante? Um dia, fez a promessa de nunca reinar, de partir daquele castelo assim que tivesse idade para decidir. Ninguém a impediria, nem mesmo os avós, que sempre a haviam tratado bem.
Lua esteve no banho uns bons três quarto de hora, até que se sentiu desconfortável com tanta água e saiu, enrolada no roupão, com o cabelo a pingar em todo o lado. Quando chegou ao quarto, a criada logo a repreendeu:
- A menina tem uma toalha no cabide para secar o cabelo! Já viu os estragos que está a fazer? - apressou-se a arranjar um pano para limpar as grossas gotas de água com cheiro a rosas.
- Isso é água. Há-de secar! - respondeu Lua secamente. Aproveitou o facto da empregada estar debruçada no chão, a secar as gotas com um pano, para se limpar a uma outra toalha que estava em cima da cama. Num instante vestiu a roupa que a criada lhe escolhera e ficou desagradada. Insistiam em vestir-lhe saias e vestidos, e ela preferia calças. Mas lá vestiu a saia e quando a mulher se levantou, já Lua estava vestida e com o cabelo escorrido.
- Assim está melhor. - era uma empregada bem bonita e elegante e Lua muitas vezes se perguntava por que razão uma moça tão bonita se fechara naquele castelo. As regras do castelo ditavam que todos os criados e criadas vivessem lá a tempo inteiro. Só podiam sair para fazer recados. Assim evitavam-se atrasos e traições. E por isso mesmo, a maioria dos empregados eram já de avançada idade, pessoas que queriam ocupar o seu tempo com alguma coisa. E Lua não entendia como alguém tão novo pudesse aguentar viver ali todas as horas do seu dia. Mas também nunca quis perguntar.
- Agora faça o favor de se calçar, menina. A sua família espera por si no pequeno-almoço.
Lua preferia tomar o pequeno-almoço na cama, o que acontecia quando estava doente. Mas as regras do castelo ditavam que todos se juntassem pela manhã para partilhar a primeira refeição do dia.
Depois de se calçar, escovar o cabelo e chegar creme hidratante, desceu, muito silenciosamente, e pouco depois entrava na sala de pequeno-almoço, uma sala mais pequena que a do almoço e jantar. Os avós deram-lhe os bons-dias, bem dispostos, mas o pai limitou-se a acenar com a mão, quase sem olhar para a filha.

Campeões!!!


E porque nem só de futebol vive o desporto, aqui ficam os meus parabéns à equipa de voleibol do Vitória, que se sagrou pela primeira vez campeão no passado sábado, frente ao Espinho. Vitória sempre!!!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

4ª (e última) Parte do 4º Capítulo "Lua"



Lua ainda ficou no escritório bastante tempo, chorando em silêncio e completamente desorientada, sempre com a mesma frase a martelar-lhe nos ouvidos: “Se voltas a encontrar-te com esse homem... ele morre.” O que poderia fazer agora? Se deixava de ver o avô, a sua vida seria um inferno, sempre fechada no castelo, sendo obrigada a obedecer às regras do castelo, passando dias inteiros a ouvir o professor sobre assuntos em nada interessantes. Mas se voltasse a desaparecer para visitar o avô, ele corria risco de vida. Seria mesmo o pai capaz de matar o avô?
- Claro que sim, ele bateu-me! - murmurou. Levantou-se, atirou o cabelo para trás e lavou a cara na pia à porta do escritório. Pela primeira vez entendia a utilidade daquele objecto num local tão estranho. Os seus olhos verdes pareciam agora vermelhos, mas nada podia fazer para disfarçar. Sabia que estava na hora do jantar e que o pai e os avós esperavam por si. E não queria atrasar-se, não fosse o pai bater-lhe novamente. Dirigiu-se para a sala de jantar com alguma relutância e de facto já os avós e o pai a esperavam.
- Não tornes a chegar atrasada para o jantar. - advertiu o pai.
- Está bem. - respondeu, sem querer olhar os avós de frentes, que já se haviam apercebido de que algo estava errado.
- Porque fugiste novamente, Lua? - perguntou a avó, enquanto a menina se sentava.
- Eu não fugi. Eu fui dar um passeio. - respondeu, com a voz fraca.
- Mas devias ter avisado, querida. - argumentou o avô, sempre com o seu sorriso bondoso. - Assim ninguém ficava preocupado. Prometes que avisas da próxima vez?
- Sim...
A avó olhou para o filho, que estava aparentemente distraído com um naco de pão. Depois voltou a olhar para a neta.
- Estiveste a chorar, Lua? Tens a cara inchada...
- Caí...
Os Reis inquietaram-se de imediato.
- Mas estás bem, partiste alguma coisa, fizeste algum arranhão? - a avó preparava-se para chamar uma empregada que pudesse examinar a neta, mas esta recusou-se de imediato.
- Está tudo bem, foi só um susto. - recusava-se a olhar na direcção do pai, sabendo que também ele evitava olhar a filha.
Lua e Rafael jantaram em silêncio. Os avós de vez em quando surgiam com um novo tema que não durava mais que dois minutos. A tensão no ar era grande e Lua só queria desaparecer dali. Queria ir para o seu quarto e verter as lágrimas ainda retidas. Comeu tudo o que lhe colocaram no prato, sem reclamar, e assim que terminou pediu licença e subiu para o quarto. Atirou com a bolsa para cima da cama, assim que entrou, e sentou-se pesadamente, já com lágrimas nos olhos.
O seu quarto transmitia uma certa calma. As paredes estavam pintadas de azul celeste, a cama era alta e larga, com uma colcha branca, sempre imaculadamente limpa, havia estantes em todas as paredes, onde repousavam brinquedos, livros, rochas que Lua apanhava nos seus passeios, flores... ao fundo da cama havia uma arca que quando fechada servia como banco. O chão era de madeira e o quarto tinha uma varanda, com vista para o jardim, onde Lua muitas vezes passava o seu tempo, olhando as flores e as aves. Mas a parte favorita de Lua era o tecto: pintado de azul muito escuro, como a noite, e bem no centro, uma lua redonda e brilhantes, com montes de estrelas a rodeá-la. Lua adorava adormecer sob aquele manto de tranquilidade.
Deixou-se ficar sentada na cama durante muito tempo, a pensar no que acontecera. Sabia que o pai nunca fora carinhoso com ela, nem tão pouco atencioso. Mas nunca imaginou que Rafael lhe pudesse bater. E ela nem tinha feito algo tão grave que merecesse aquela reprimenda. O que diria a sua mãe de tudo aquilo? E porque razão o pai a proibia agora de ver o avô, a única pessoa que a fazia feliz? Sentiu-se tão triste, tão desorientada, perguntando-se se todas as crianças da sua idade passavam pelos mesmos problemas. Mas não podia saber, pois não conhecia nenhuma. Não tinha contacto com qualquer pessoa do exterior. Apenas com o avô... agora nem isso.
Era já muito tarde quando ouviu o pai passar pelo quarto dela para se ir deitar. À semelhança de todas as outras noites, Rafael não entrou no quarto da filha para saber se esta precisava de alguma coisa. E Lua ficou ainda mais triste desta vez, pois tinha ainda esperança que o pai se arrependesse. Mas não parecia ter sido o caso. E chorou ainda mais. Deitou-se na cama, com o cabelo colado à cara e com as mãos procurou o seu peluche preferido, um urso castanho, com quem dormia todas as noites. Fora o lenhador quem lho oferecera. Mas as suas mãos acabaram por encontrar a bolsa em primeiro lugar e só então se lembrou do presente do avô. Retirou-o com cuidado, caso fosse um objecto frágil. Não se deu ao trabalho de apalpar o embrulho para tentar descobrir o que era. Rasgou o papel grosso que envolvia o presente e depois ficou a olhar, incrédula. O avô oferecera-lhe uma fotografia da mãe. Mas não era uma fotografia igual à que o pai tinha no quarto... ali a mãe devia ter a sua idade, não mais que seis ou sete anos. E Lua ficou fascinada com a semelhança entre as duas. Aparte a cor do cabelo, diria-se que eram a mesma pessoa. A mãe usava um vestido de alças, dourado, que lhe batia no joelho. Apresentava um grande sorriso e uma flor na mão. O avô tinha razão: eram de facto parecidas e não só nas atitudes.
Lua ficou muito mais bem disposta, quase esquecendo o incidente do início da noite. Levantou-se num pulo, agarrou no banco que também era uma arca, subiu e colocou numa estante alta, em frente da sua cama. Mas logo depois voltou a tirar de lá a moldura, achando que assim ficava demasiado longe do seu alcance e então colocou-a na mesinha ao lado da cama. Ficou durante algum tempo a olhar para a foto da mãe e finalmente adormeceu, vestida com a mesma roupa com que saíra. Só muito tarde, quando já todos no castelo dormiam, uma das empregadas foi ver se a menina precisava de alguma coisa. Encontrou-a vestida, por cima da cama feita e agarrada ao peluche. Sem a querer acordar, abriu um dos armários silenciosamente e tirou um grosso cobertor, com que cobriu Lua. Depois retirou-se, deixando a pequena princesa a dormir profundamente.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Palavras sinceras...


"Enquanto o sol brilhar,


E o rio correr para o mar,


Enquanto houver luar,


E o mundo nao parar,


Enquanto o sol nascer,


Enquanto o fogo arder,


E o meu coração bater,


Eu vou gostar de ti..."



Gostar de ti, Rita Guerra
...Amo-te...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Palavras que ilucidam os dias de hoje... e o que vai na alma de cada um...


"Que Deus?" Boss AC

Há perguntas que têm que ser feitas...

Quem quer que sejas, onde quer que estejas,

Diz-me se é este o mundo que desejas,

Homens rezam, acreditam, morrem por ti,

Dizem que estás em todo o lado mas não sei se já te vi,

Vejo tanta dor no mundo pergunto-me se existes,

Onde está a tua alegria neste mundo de homens tristes?

Se ensinas o bem porque é que somos maus por natureza?

Se tudo podes porque é que não vejo comida á minha mesa?

Perdoa-me as dùvidas, tenho que perguntar,

Se sou teu filho e tu amas porque é que me fazes chorar?

Ninguém tem a verdade o que sabemos são palpites

Se sangue é derramado em teu nome é porque o permites?

Se me destes olhos porque é que não vejo nada?

Se sou feito á tua imagem porque é que durmo na calçada?

Será que pedir a paz entre os homens é pedir demais?

Porque é que sou discriminado se somos todos iguais?


Porquê?!


Porquê que os Homens se comportam como irracionais?

Porquê que guerras, doenças matam cada vez mais?

Porquê que a Paz não passa de ilusão?

Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?

Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas

E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?

Quem és tu? Onde estás? O que fazes?

Não sei...

Eu acredito é na Paz e no Amor...


Por favor não deixes o mal entrar no meu coração,

Dou por mim a chamar o teu nome em horas de aflição,

Mas tens tantos nomes, és Rei de tantos tronos,

E se o Homem nasce livre porque é que é alguns são donos?

Quem inventou o ódio, quem foi que inventou a guerra?

Ás vezes acho que o inferno é um lugar aqui na Terra,

Não deixes crianças sofrer pelos adultos,

Os pecados são os mesmos o que muda são os cultos,

Dizem que ensinaste o Homem a fazer o bem,

Mas no livro que escreveste cada um só leu o que lhe convém,

Passo noites em branco quase sem dormir a pensar,

Tantas perguntas, tanta coisa por explicar,

Interrogo-me, penso no destino que me deste,

E tudo que acontece é porque tu assim quiseste,

Porque é que me pões de luto e me levas quem eu amo?

Será que essa é a justiça pela qual eu tanto reclamo?

Será que só percebemos quando chegar a nossa altura?

Se calhar desse lado está a felicidade mais pura,

Mas se nada fiz, nada tenho a temer,

A morte não me assusta o que assusta é a forma de morrer...


Porquê que os Homens se comportam como irracionais?

Porquê que guerras, doenças matam cada vez mais?

Porquê que a Paz não passa de ilusão?

Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?

Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas

E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?

Quem és tu? Onde estás? O que fazes?

Não sei...

Eu acredito é na Paz e no Amor...


Quanto mais tento aprender, mais sei que nada sei,

Quanto mais chamo o teu nome menos entendo o que te chamei!

Por mais respostas que tenha a dúvida é maior,

Quero aprender com os meus defeitos, acordar um homem melhor,

Respeito o meu próximo para que ele me respeite a mim,

Penso na origem de tudo e penso como será o fim,

A morte é o fim ou é um novo amanhecer?

Se é começar outra vez então já posso morrer...


(Ao lado ainda arde, a barca da fantasia,

o meu sonho acaba tarde,

acordar é que eu não queria...)

terça-feira, 8 de abril de 2008

"A Vida Inteira (Não Tem Fim)" Dora

Uma bela melodia...para ouvir e apreciar...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Balanço dos 3 primeiros meses de 2008...

Ora bem, parece que ainda ontem foi a passagem de ano, mas a verdade é que um quarto do ano já lá vai... o ano começou assim em stress, devido aos exames, mas lá consegui fazer as seis cadeiras que tinha! Depois de uns dias de férias, lá voltamos às aulas e então o que nos surge pela frente? A maravilhosa professora de Petro! Sem comentários... e as aulas de bioestatística? Esqueçam, nem vale a pena falar...
A Piro ficou doente e foi-se... incha, desincha e passa, né? Agora tenho um hamster novo, amarelo e de olhos vermelhos, que faz mais barulho durante a noite que uma rebarbadora durante o dia! :P Mas é fofinho, o bicho.
Eu e o Renato fizemos um ano de namoro e nada melhor (ou pior) que comemorar jantando num japonês. Tive mesmo de trocar de prato com o Renato, porque depois daquelas coisas redondas com atum eu só queria mesmo fugir dali!!!
E depois há o fantasma que anda a gastar a minha internet em Guimarães. É do género: a net desligada e no dia seguinte vai-se ver e há tráfego utilizado. Giro, não?
E a família vai aumentar: a minha madrinha vai ter um bebé!!! WEEEEEEEEE!!!!! (enquanto não posso ter os meus, há que me contentar com os dos outros).
Lá se foram as primeiras saídas de campo, fiquei enterrada até aos joelhos e não caí!
Bem, nunca pior, posso dizer que a vida nem me corre muito mal :P
BJS pra todos!!!

3ª Parte do 4º Capítulo "Lua"



Quando entrou pelo portão das traseiras sentia-se cansada, mas feliz por nada lhe ter acontecido. Tinha as faces coradas e o cabelo revolteado. Entrou pela porta por onde saíra e logo encontrou uma cozinheira que por ali passava. Parecia que procurava algo.
- Menina! Sabe que toda a gente do castelo anda à sua procura? - era uma mulher gorda e corada, uma cozinheira à séria. Usava um grande avental e uma chapéu ridículo. Lua olhou-a de canto e não fez caso, percorrendo o corredor que conduzia o pequeno cubículo até à cozinha, e a da cozinha para a sala de jantar. Ao passar pela cozinha, dúzias de empregados gritaram: “Está aqui!” Mas Lua continuou, sempre de cabeça erguida, ignorando os lamentos de preocupação e as suaves reprimendas. Quando entrou na sala de jantar, a mesa estava posta e Lua sentou-se numa cadeira. A sala estava vazia, mas sabia que não tardaria a chegar alguém, pois era quase hora do jantar. Tirou o manto e acomodou-o nas costas da cadeira. Pousou a bolsa no seu colo e atirou os cabelos negros para trás. Sabia que a boa educação a mandava ir lavar as mãos e esperar pelo pai e avós antes de se sentar. Mas Lua achava as regras do castelo uma fachada e fazia de tudo pra as infringir. Viu a cozinheira gorda sair da cozinha e correu por outro corredor, provavelmente para avisar os reis de que a menina havia reaparecido. E foi com ar sereno e frio que Lua viu o pai chegar à sala de jantar. Estava visivelmente furioso e mais uma vez Lua teve medo. Medo e apreensão... os únicos sentimentos que nutria pelo pai. O pai nunca fora capaz de demonstrar afecto por ela, nunca haviam conversado sobre fosse o que fosse, nunca passearam juntos. Lua achava que já falara mais com qualquer um dos empregados do castelo do que com o pai. Apesar de não dar confiança a ninguém. Rafael nunca lhe dirigira mais que simples frases, frias e directas, como: “Vai lavar as mãos para jantar.” ou “Vai dormir.” Até aos quatro anos, Lua tentara conquistar o coração do pai. Aparecia diversas vezes a meio da noite no quarto do Príncipe, pois sentia-se sozinha. Mas o pai estava sempre a dormir, ou assim parecia. Lua repetiu o ritual várias vezes, até ao dia em que encontrou o pai olhando a fotografia da mãe, com lágrimas nos olhos. Ele não a tinha ainda visto e ela aproximou-se mais um pouco. Quando Rafael viu Lua tão perto de si, começou a gritar com ela, mandando-a embora, empurrando-a para fora do quarto e fechando-lhe a porta. Foi nesse momento que Lua percebeu que o pai a culpava pela morte da mãe. E sentiu-se revoltada pois o que mais queria naquele mundo era ter a sua mãe por perto. Foi nessa altura que ela deu o salto; cresceu demasiado depressa para uma criança da sua idade.
- Lua, quero-te imediatamente no meu escritório. - rugiu Rafael, com uma expressão ameaçadora. Voltou costas à mesa, sem deixar a filha argumentar. Lua voltou a pôr a sua bolsa a tiracolo e arrastou os pés, atrás do pai. Passou pela empregada gorda, que a olhava com pena, mas Lua ignorou. Tinha o coração a bater desordenadamente, mas tentou parecer calma. Baixou a cabeça e o cabelo cobriu-lhe a cara, que continuava rosada.
O pai entrou no seu escritório, por uma das inúmeras portas daquele castelo. Mesmo Lua achava que ainda não conhecia todas as divisões. Entrou logo atrás do pai e fechou a porta. O pai sentou-se na cadeira forrada a veludo vermelho, por detrás de uma secretária bem antiga, de pinho escuro e com finos traços esculpidos. Fez sinal a Lua para que se sentasse também. A menina sentou-se então numa cadeira semelhante à do pai e de frente para ele. Rafael entrelaçou os dedos, debruçou-se sobre a secretária, de modo a ficar mais perto da filha, e perguntou, sempre com a mesma expressão fria.
- Onde estiveste a tarde toda?
Lua já esperava por aquela pergunta.
- Fui dar um passeio. - também os seus olhos eram frios.
Rafael suspirou com impaciência.
- Um passeio por onde? Tens consciência de que toda a gente do castelo andou à tua procura? Até no jardim procuraram por ti! Tu pensas que não temos mais que fazer do que andar a brincar às escondidas com uma criança inútil. - o seu tom de voz subira gradualmente, até se transformar numa série de gritos que faziam vibrar os tímpanos de Lua.
- Fui dar um passeio. - repetiu, tentando não demonstrar a tremura na voz.
Rafael levantou-se irritado e começou a andar de um lado para o outro, sempre na mesma direcção. Quando parou, voltou a fixar Lua, cada vez mais irritado. Lua imaginou que o pai deitava fumo pelas narinas.
- É a última vez que te pergunto, Lua! Onde estiveste esta tarde?
Lua não respondeu e fingiu que prestava atenção aos livros que se encontravam na estante atrás da secretária. Todos eles lhe pareciam iguais, mas sabia que as letras eram diferentes. Ainda não aprendera a ler, apesar de o pai já ter contratado um professor para a ensinar.
- Estiveste com o velhote, não estiveste? - aproximou-se tanto de Lua, que esta ficou com dores no pescoço de olhar tão para cima. - Foste a casa desse pobre lenhador outra vez, não foste? - assim tão próximo, Lua viu que o pai poderia ter sido um homem bonito em tempos. Por detrás de todas aquelas rugar, daquele olhar frio e daquele cabelo grisalho, Rafael teria com certeza sido um sucesso entre as mulheres.
Como Lua não respondia, Rafael soltou uma espécie de rugido animalesco e fez algo que nunca pensara fazer: bater na sua filha indefesa.
Lua levou a mão à cara, com as lágrimas nos olhos e olhando com tanta raiva o pai, que se o sentimento agisse a destruição seria total.
Rafael virou as costas à filha e o silêncio fez-se sentir durante longos minutos. Lua só queria sair daquela sala, mas não fugiu, para não parecer cobarde. Segurava bem a sua bolsa entre as mãos. Como se aquele presente do avô lhe pudesse dar alguma força. Limpou as lágrimas com as costas da mão e ergueu a cabeça, preparada para o que se seguisse.
Mas depressa descobriu que não estava preparada para ouvir o que ouviu.
- Se voltas a encontrar-te com esse homem... - Rafael continuava de costas, como de falasse com uma parede. - Ele morre. - e num ápice saiu do escritório, deixando Lua incrédula sentada na cadeira. Lua tinha a certeza de que se estivesse de pé, os seus joelhos teriam cedido. Não conseguiu controlar a torrente de lágrimas que assaltava os seus olhos e sentiu a sua cabeça muito pesada... como os adultos, quando sentem o peso das responsabilidades.

domingo, 6 de abril de 2008

Sobre o livro "Lua" e 2ª Parte do 4º Capítulo "Lua"


Bem, não sei quantas pessoas visitam o meu blog com regularidade, por consequência, não sei quantas pessoas se interessam pelo meu livro.
Agradeço os comentários da Joana, que sei que acompanha com entusiasmo a evolução da história.
O que eu queria mesmo dizer, é que os excertos que vou publicando aqui não estão revistos. Portanto, não estranho se houver erros, ou gaffes temporais ou de qualquer outro género. É apenas para terem uma ideia, porque eu vou corrigindo à parte.
E aproveitanto o título do post... não sei bem como me surgiu a ideia de escrever Lua. Tinha acabado o livro "Borboleta" (que eu prometo um dia mostrar, mas que por enquanto precisa de muita "atenção") e o nome Lua surgiu-me de uma música (não faço ideia de quem canta, nem me lembro da letra) que acho que se chamava "Feiticeira Lua". Gostei tanto que resolvi criar uma história a partir daí. Este livro está a ser escrito de forma diferente dos outros dois (sim, há um outro, que se chama "Saber sonhar", mas que está na gaveta, que é onde está bem. Talvez quando me faltarem ideias eu me dedique àquilo). Em vez de ter uma história programanda, ela vai saindo à medida que escreve. Portanto, eu não faço a minima ideia de como acaba e nem imagino o que vai acontecer pelo meio. às vezes dá-me uma inspiração e lá escrevo qualquer coisa interessante. Apenas sei que o livro é de fantasia, mas ainda não sei que tipo de fantasia vou meter. Talvez algo reacionado com magia, mas nada de varinhas. Qaulquer coisa mais subtil e elegante. :P
E pronto, cá está mais um pouquito.



- Lua! - e abraçou-a, da maneira que Lua adorava. - Entra, está muito frio aí fora.
Entraram na pequena casa, aquecida pelo fogo que ardia na lareira. Lua sentou-se na cama do avô, depois de tirar o manto. A casa tinha apenas uma divisão. A cama do lado direito, bem perto da lareira, para nas noites de Inverno usufruir do calorzinho que dela provinha. Era uma cama pequenina e Lua ainda não percebia como a sua mãe podia também lá morar. Talvez houvesse outra cama na altura.
No centro havia uma mesa redonda, com três cadeiras à volta. Em cima tinha uma jarra com flores frescas.
Do lado esquerdo era a cozinha, que se resumia a um pequeno armário com algumas peças de loiça, e uma bacia, sempre cheia de água. As refeições eram preparadas à lareira e Lua dizia que os cozinhados do avô eram melhores que os do castelo.
- Têm mais sabor. - afirmava ela.
A um canto havia uma minúscula casa-de-banho, onde mal cabia uma pessoa. Lua tentava imaginar como anos antes podiam ali ter vivido três pessoas.
Era uma casa muito pobre e pequena, mas Lua adorava-a, não tinha o aspecto frio e austero do castelo. Tinha antes um ar acolhedor e simpático, e apenas ali se sentia totalmente feliz.
- Então diz-me lá... - começou o avô, enquanto preparava um copo de chocolate quente, que a neta tanto adorava. - O teu pai sabe que estás aqui?
Lua olhou-o com os olhinhos brilhantes e com um sorriso travesso.
- Não... ninguém sabe.
- Como sempre... mas tu não aprendes? Qualquer dia acontece-te alguma coisa pelo caminho e ninguém sabe onde estás! - sentou-se também na cama, ao lado de Lua.
- Não se preocupe. Eu tenho cuidado. Eu sou responsável, sabe?
O velho lenhador sorriu, orgulhoso da sua neta. Achava incrível que com aquela idade, Lua tivesse já uma inteligência bastante avançada.
- Sim, eu sei que já és uma mulher grande. Mas deves sempre avisar quando sais de casa. Deves dizer onde vais e a que horas voltas. O teu pai pode ficar preocupado desnecessariamente.
- Não fica... - ficou alguns segundos a pensar e depois abriu muitos os olhos e agarrou o braço do avô com entusiasmo. - Avô, conte-me uma história!
- Que queres que te conte? - entregava agora a chávena de chocolate quente à neta, que o bebeu deliciada, ficando até com os cantos da boca sujos.
- Não sei. Fale-me da minha mãe.
- Outra vez? Pronto, está bem! - pegou num fino ramo de árvore, pousado ao lado da cama, e remexeu as brasas que se formavam na lareira. Depois olhou a neta e sorriu, com saudade. - A tua mãe era muito parecida contigo. Também desaparecia de casa sem avisar e voltava a horas tardias. Quando aqui chegava trazia sempre nas mãos as mais lindas flores. Flores que eu próprio jamais vira. E com elas fazia colares que usava ao pescoço. - fez uma pausa, fazendo um esforço visível para não chorar. Já não se sentia à vontade para olhar Lua, então olhava o fogo que ardia. - Mais que flores, ela adorava animais. Qualquer bicho para ela era um sonho. Adorava poder pegá-los, acarinhá-los e cuidar deles quando estavam feridos. Era mesmo muito carinhosa... - Lua viu uma lágrima nascer ao canto do olho do avô, mas fingiu não a ver. Não sabia como reagir perante uma pessoa que chorava, então ignorava esse facto.
- E ela também trazia os animais para casa? - perguntou, curiosa e adorando o facto de poder saber um pouco mais sobre a sua mãe.
O avô abanou ligeiramente com a cabeça e quando ia recomeçar a falar, engasgou-se e não conseguiu impedir um violento ataque de tosse. Durante alguns minutos tossiu, ficando com as faces muito ruborizadas. Lua começou a ficar aflita, com medo por ver o avô tão fragilizado.
- Está tudo bem, avô? - só ao fim de uns segundos, o velho lenhador conseguiu recuperar e responder.
- Sim, não te preocupes, minha querida. Sabes que já não sou novo e este frio dá cabo de mim. - foi buscar um copo de água, que bebeu de uma só vez.
- O avô devia ir viver connosco no castelo. Temos lá tantos quartos vazios. - estava realmente preocupada. O avô era a pessoa de quem mais gostava. Também tinha um carinho especial pelos avós paternos, mas era o velho lenhador quem tinha sempre histórias bonitas para contar e acima de tudo falava-lhe da sua mãe. Mais ninguém podia contar história da sua mãe: os avós paternos pouco ou nada sabiam e o pai mal lhe dirigia a palavra. Por vezes, no seu íntimo, Lua achava que o pai a culpava pela morte da mãe. E era isso que a fazia odiar tanto a vida no castelo.
- Tu ainda és muito nova para compreender. - sorriu – Eu nasci e cresci nesta casinha. Aqui vivi e fui feliz com a tua avó e com a tua mãe. Eu pertenço a esta casa, quero morrer aqui.
Mas no fundo, Lua compreendia o que o avô queria dizer. Ela própria se sentia mais aconchegada na casa do avô do que no castelo. Também sentia que pertencia ali.
- Mas se o avô fosse viver para o castelo, eu poderia cuidar de si... e podíamos brincar juntos, e passear no jardim... - e um enorme sorriso resplandeceu na face da pequena, que era uma verdadeira sonhadora.
- Aceito o convite, minha Lua, e prometo que vou pensar no assunto. - sorriu e depois olhou pela janela. - Está a anoitecer, tens de ir para casa. O teu pai deve estar muito preocupado e eu também ficarei. Está tão escuro que receio que algo te aconteça pelo caminho.
Lua olhou também pelos vidros baços e, com tristeza, levantou-se para partir e colocou o manto aos ombros.
- Não se preocupe, avô, eu sei cuidar de mim e prometo chegar antes do pôr-do-sol a casa. Sabia que eu corro tão depressa como uma lebre?
O avô soltou uma gargalhada sonora e abraçou a neta, orgulhoso da maravilhosa neta que herdara.
- Posso oferecer-te um presente, meu pequeno tesouro? - e vendo que o olhar de Lua se iluminava, procurou qualquer coisa debaixo da cama. Foi com dificuldade que se baixou e depois se levantou, mas conseguiu agarrar o objecto que queria. Estendeu-o a Lua, que o pegou com curiosidade.
- O que é, avô? - estava embrulhado em cartão amarelecido. Voltou-o várias vezes e apalpou-o, sem perceber o que tinha entre mãos.
- Abre-o quando chegares a casa. Agora, põe-te a caminho, não te demores mais. - Lua guardou o embrulho na sua bolsa e deu um beijo no avô. Depois correu pelo caminho de volta a casa, sem parar momento algum, cumprindo a promessa de chegar antes do pôr-do-sol.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

"If Tomorrow Never Comes"
Ronan Keating


Sometimes late at night
I lie awake and watch him sleeping
He's lost in peaceful dreams
So I turn out the light & lay there in the dark
And the thought crosses my mind
If I never wake in the morning
Would He ever doubt the way
I feel about her
in my heart

If tomorrow never comes
Will He know how much I love Him
Did I try in every way to show Him every day
He's my only one
And if my time on earth were through
He must face the world withoum me
Is the love I gave Him in the past
Gonna be enough to last
If tomorrow never comes

'Cause I've lost loved ones in my life
Who never knew how much I loved them
Now I lie with the regret
Thet my true feelings for them never were
revealed
So I made a promise to myself

If tomorrow never comes
Will He know how much I love Him
Did I try in every way to show Him every day
He's my only one
And if my time on earth were through
He must face the world withoum me
Is the love I gave Him in the past
Gonna be enough to last
If tomorrow never comes

So tell that someone that you love
Just what you've thinking of
If tomorrow never comes


................Amo-te.................