terça-feira, 22 de julho de 2008

Família Lopes...

E quando o sol tarda em aparecer e não dá pra apanharmos um belo escaldão (coisa a que o meu corpo é muito propício, diga-se!)... gastamos um pouco da bateria da máquina fotográfica :D

Pois...


A pirralha...

Sem comentários...

BJ ****

1ª Parte do 6º Capítulo "Uma notícia inesperada"


Nesse dia, acordou antes que Rossana aparecesse. Sentia-se inquieta, devido à fantástica tarde que por certo se aproximava. Esperava que o avô fizesse o chocolate quente de que tanto gostava. Até podia ser que os Reis quisessem lanchar com eles. Com certeza, seria uma tarde divertida.
Levantou-se da cama, puxou as cortinas para o lado e saiu para a varanda. O sol começava a brilhar, anunciando mais um dia quente e bonito.
Sabia-lhe tão bem, o sol da manhã a iluminar a sua face e o vento fraco a revoltear os seus cabelos. Tinha ainda na mão o seu peluche favorito. Dormia toda a noite agarrada a ele, nunca o largava. Pertencera à mãe e fora o avô quem lho dera. Era um urso castanho, sem uma orelha e com o pêlo já gasto. Tinha um olhar triste, mas Lua adorava-o.
Admirou a paisagem. O seu quarto estava voltado para um dos jardins laterais. Havia árvores de fruto onde cresciam laranjas, maçãs, limões; e havia também árvores decorativas, de todas as cores, feitios e tamanhos, cada uma mais alta que a outra. Uma delas era até mais alta que a varanda do quarto de Lua.
Lá em baixo, podiam ver-se alguns canteiros de flores de muitas cores. Era naquele lado do castelo que o rio passava, portanto Lua tinha por companhia uma bela melodia: o rio que corria sem parar, as árvores que balouçavam ao sabor do vento, os pássaros que cantavam no parapeito. Era das poucas coisas de que gostava naquele castelo: o seu quarto e a vista da sua varanda. E claro, os grandes terrenos que se estendiam até ao horizonte.
Ao longe podia ver também os campos verdejantes onde no dia anterior cavalgara no seu pónei.
Voltou para dentro exactamente no momento em que Rossana, a criada bonita e elegante, batia à porta e entrava, para acordar a menina e certificar-se que esta tomava o banho matinal. Não foi preciso dizer nada, pois Lua correu para a casa-de-banho, depois de ter largado o peluche em cima da cama.
Rossana esperou que a menina saísse. Ficou uma vez mais a olhar a fotografia que estava ao lado da cama. Quem quer que estivesse naquela moldura, parecia-se demasiado com Lua. Tinha um ligeiro palpite de que se tratava de Safira. Nunca chegara a conhecê-la pois trabalhava no castelo há apenas um ano, altura em que a Princesa deixou de estar aos cuidados de uma ama. No castelo não havia fotografias de Safira. Rossana pouco sabia sobre a mãe de Lua. Apenas que morrera durante o parto e que tinha um feitio extremamente parecido com o da filha. Safira era assunto tabu no castelo e a empregada não queria fazer perguntas, com medo de que Rafael a despedisse.
Puxou os lençóis da cama para trás, para que assim pudesse arejar. Uma ou duas horas depois, uma outra empregada arrumaria o quarto.
Nessa manhã, Lua estava incrivelmente rápida. Apareceu com uma toalha enrolada na cabeça, cobrindo-lhe os cabelos, e com o já habitual perfume a rosas. Apressou-se a vestir a roupa desse dia: um vestido azul celeste, com roda. A menina parecia uma verdadeira Princesa dos contos de fadas, que os nossos pais nos contavam quando éramos crianças. Deixou que Rossana lhe penteasse os cabelos e os secasse. Calçou os sapatos de verniz azuis, a condizer com o vestido e colocou uma fita no cabelo, da mesma cor. Lua estava linda, o seu cabelo muito liso, preto como a noite, os seus olhos verdes e enormes, o seu corpo franzino no vestido de Princesa. A menina queria estar bonita para visitar o avô. além de que era um dia muito importante: pela primeira vez, andaria de coche. Nunca, em seis anos de vida, Lua alguma vez saíra com o pai ou os avós. Sabia qual o caminho para a casa do avô, pois todas as semanas um empregado levava uma caixa com alguns dos frutos que eram colhidos nos pomares do castelo ao velho lenhador, e um dia Lua insistira em ir com ele. E desde esse dia, a menina escapulia-se no mínimo duas vezes por semana para visitar o avô, já que o avô raramente aparecia no castelo.
Quando chegou à sala onde o pequeno-almoço era servido todos os dias, já os avós e o pai lá estavam. Ao que parecia, também eles se tinham levantado mais cedo naquela manhã.
Deu os bons dias e sentou-se. Foi então que reparou em Rafael e nos Reis, e percebeu que os três a olhavam com uma expressão séria. Os avós não tinham aquele olhar bondoso de todos os dias. E o pai não tinha o ar severo de sempre. Parecia até preocupado.
- Porque estão assim? - acabou por perguntar.
Foi Rafael quem respondeu.
- Quando acabares o pequeno-almoço, falamos. - foram as únicas palavras que obteve como resposta.
Lua ficou muito preocupada e teve medo que o pai a proibisse de ir à Floresta Dourada nessa tarde. Tomou o seu leite a correr, mas de nada lhe serviu, já que o pai e os avós ainda não tinham acabado. Esperou impaciente, enquanto brincava com as migalhas de pão. O tempo que teve de esperar pareceu-lhe uma eternidade, mas finalmente viu o pai pedir licença para se levantar. Levantou-se rapidamente e seguiu Rafael, sempre de perto.
Subiram as escadas e foi com enorme espanto que Lua constatou que se dirigiam para o quarto do pai. Há mais de dois anos que lá não entrava, quando o pai lhe gritara que o deixasse em paz.