quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12-12-12... era hoje que começava o fim do mundo, não era?!

Pois, verdade ou não, para mim foi mesmo verdade. O relógio não marcava bem as 12h e 12 min., mas passava pouco mais de 15 minutos dessa hora quando me arrancaram o chão de debaixo de mim. Se me tivessem dado uma marretada o resultado acho que seria o mesmo.
Hoje sinto-me pequenina, diminuída, esmagada. Com dor de cabeça, náuseas, vómitos, falta de apetite e por aí fora... e não, não estou grávida. Antes estivesse. De repente tudo me parece insignificante.

Tenho 25 anos. A última vez que perdi uma pessoa da família foi há 15 anos. Faz 15 anos no dia 23 deste mesmo mês. Foi a minha avó materna. Chorei por ver a minha mãe chorar. Apenas (embora me doa dizer isto de forma tão fria).

Há uma pessoa na minha família (cujo nome/relação não vou revelar) a quem foi diagnosticado cancro há um ano. Fígado e intestinos. Não sendo a pessoa mais próxima dela, ao longo de todo este ano nunca lhe fiz muitas perguntas. Sim, é uma pessoa próxima. Mas há outras pessoas mais próximas com o direito de saber como iam as coisas. E eu acho que estar sempre a perguntar "então, e há progresso?" é chato! Na altura lembro-me de terem falado em "muito grave". Mas para mim isso é relativo. Quero dizer, há pessoas que têm acidentes de automóvel "muito graves"... e ao fim de uns meses estavam aí para as curvas. Pensei apenas nesse tipo de grave.

Essa pessoa da minha família estava para ser operada... há um ano. Na "hora" de operar resolveram tentar a quimio. E tudo correu bem. Pensávamos nós. Durante meses ela andou bem. Como já disse em desabafo com a minha irmã e com uma amiga, já vi pessoas com dores de cabeça bem mais arrasadas que ela. Ninguém dizia o que ela tinha.

Há mais de uma semana foi internada. O intestino deixou de funcionar. Há uma semana foi operada. Fui visitá-la depois disso (é-me uma pessoa mesmo querida) e custou ver que ninguém sabe de nada, o que fizeram, o que querem fazer. Um estranho silêncio. Ela está a dar em doida, sem saber o que fizeram/vão fazer/podem fazer. Toda a gente lá vai e volta com a mesma notícia: nada! E eu ontem falei com ela e disse: "amanhã falo com o médico". Estúpida, estúpida, estúpida!!! Se não dizem nada é porque se calhar é melhor, mente parva! Em 20 segundos a médica disse, resumindo: "Não há nada a fazer... abriram-na para voltar a fechar, porque não há nada a fazer... é uma questão de dias..." Aquilo me ecoa na cabeça... dias? DIAS?! Em pleno século XXI?! Uma pessoa nova, porra!!! E agora digam-me, que faço eu? Eu fiquei de lá voltar e não tive coragem. Ela vai perguntar se falei com o médico. E eu respondo o quê? Que não? E ela fica na mesma desesperada sem saber nada? Que sim, falei, e que não há esperanças? Que direito tenho eu? Quem sou eu? Ninguém!!! Ninguém mesmo!!!

Merda, merda, merda!!! Mais um Natal estragado :(

Por favor, quem leia este blog que reze, que tenha fé, porque apesar de tudo eu quero acreditar que ainda vão alguma coisa. Uma pessoa plenamente consciente do que se passa à sua volta e sem uma única dor não poder estar morrer, pois não? Pois não?...