domingo, 10 de novembro de 2013

Porque por aqui já cheira a Natal...

Os que me têm acompanhado por este meu espaço, sabem o quão difícil é o Natal na minha família. Há 15 ou 16 anos perdemos a minha avó materna no dia 23 de Dezembro. Antevéspera do Natal. Sem que ninguém estivesse a contar com isso (a minha madrinha, que na altura vivia com a minha avó, encontrou-a já morta ao fundo das escadas que davam para a "loja" - hoje em dia chama-se cave, nunca percebi porque lhe chamavam "loja"). Tudo bem que ela sofria do coração e já tinha sido operada umas quantas vezes, mas nada fazia suspeitar que de um momento para o outro, com apenas 63 anos, ela "desaparecesse". Eu era uma criança, mas vi e sei o que a minha mãe sofreu (a minha mãe e os irmãos, claro).

No ano passado, na véspera de Natal (e como aqui relatei) perdemos a minha tia. Não sei se muitos entenderão a dor que esta perda ainda me provoca. Não passa um dia que seja (e já lá vai quase um ano) sem que me lembre dela. Durmo com a foto dela à cabeceira. Se é possível fazer uma escala das mulheres mais importantes na minha vida, temos a minha mãe (que é a minha "bicha", como eu lhe chamo carinhosamente, e uma das mulheres mais fortes que conheço - mas isso já são outros assuntos), a minha irmã, de quem tenho imensas saudades, porque é a minha "piquena" (sim, é mais alta que eu, mas eu imagino-a sempre pequena!), a minha madrinha (que graças aos meus avós - rapidamente: os meus avós maternos eram para ser os meus padrinhos, mas durante a gravidez da minha mãe, o meu avô descobriu que tinha cancro e meses de vida, então eles recusaram ser meus padrinhos mas os meus pais deram-lhes a "honra" de me escolherem os padrinhos - tenho a melhor madrinha do mundo. Não é rica, não me dá "montes" de dinheiro nem montes de prendas, mas sempre me ajudou imenso! Temos apenas 14 de diferença, trato-a por "tu" e é quase uma irmã mais velha para mim. Tendo uma pequena merciaria, sempre me ajudou como pôde e agradeço-lhe imenso por isso). E depois vem a minha tia. É uma mulher que sofreu imenso na sua vida pessoal (não interessa para o caso como nem porquê). É mãe do meu afilhado - o que obviamente nos dá uma ligação mais forte que "apenas" tia-sobrinha. Toda a gente dizia que devíamos ser mãe e filha porque somos muito parecidas. Até no facto de sermos rechonchudas, o que contraria a tendência do resto da família. Pergunto-me se me parecerei com ela quando tiver os meus 40 anos. Embora não a tratasse por "tu", sempre fomos próximas, sempre tivemos uma boa ligação e sei que ela sempre teve um imenso carinho por mim (talvez pelo facto de sermos tão parecidas). E dói-me pensar que ela não está mais connosco. Dói-me porque ela não merecia (eu sei, dizemos sempre que alguém que morreu não merecia, mas ela não merecia mesmo!), sofreu tanto com tanta coisa e quando finalmente tinha encontrado o seu novo caminho parece que o chão lhe foi novamente retirado. O dela e o nosso. Porque achamos sempre que só acontece aos outros. Há momentos em que penso que não foi real e que quando voltar a Portugal vou lá a casa jantar (ela fazia jantares óptimos!) e ela vai querer saber tudo sobre a minha nova vida e vai perguntar quando vem aí um "cutchi" (um bebé - era uma palavra típica dela) e vai-se chatear com o G. porque ele não pára de fazer asneiras... mas não. Ela não está lá. Está lá o meu afilhado. Está lá o meu tio. Mas ela não está.

Portanto, o nosso Natal ficará marcado para sempre. O dia de Natal do ano passado foi o pior dia da minha vida. Foi o dia do funeral. E nunca imaginei que fosse possível doer tanto cá dentro.

Mas a verdade é que sinto que tenho uma vontade imensa de "camuflar" toda esta dor Natalícia (já não basta as lembranças que traz, será o meu primeiro Natal longe dos meus). Este ano sinto que vou decorar a casa o máximo possível, sinto uma imensa vontade de comprar presentes e de ver a reacção dos meus pais e irmã (através do amigo Skype), porque este ano eu posso dar-me ao "luxo" de comprar umas coisinhas melhores. E também quero comprar um monte de presentes para o R. Eu não sei se é a saudade que me está a provocar esta vontade, se é a minha mente a querer contrariar a tristeza, mas eu desconfio que é mesmo o facto de aqui se ver Natal em cada esquina. Aqui há um consumismo imenso (qual nascimento do menino Jesus qual quê?!) e eu sinto que estou a ser levada na onda. Mas que ninguém me aponte o dedo. Porque eu já tive a minha dose.

domingo, 3 de novembro de 2013

Paranormal activity?!

Bem, tenho de vos vir aqui relatar a noite de ontem, até mesmo para registar o que aconteceu (ou o que deixou de acontecer).

Eu não acredito em fantasmas. Ou melhor, eu digo que não acredito em fantasmas, mas morro de medo deles. Por exemplo, se vir um filme de terror que envolva fantasmas/espíritos (que diga-se de passagem normalmente não me assustam enquanto os assisto) depois morro de medo de adormecer e ter pesadelos. Portanto o meu problema é esse: pesadelos. Eu não tenho muitos, talvez por isso tenha uma aversão tão grande a esse tipo de sonhos. Portanto, eu não acredito que me vá aparecer um fantasma à frente, mas só de imaginar em sonhar com um já me arrepio toda.

Ontem fomos à "Paranormal Tour" na Crumlin Jail. A Crumlin é a antiga prisão de Belfast onde foram excutados 17 homens. A prisão fechou em 1996 (se não estou em erro) e entretanto reambriram-na como "museu" devido principalmente à sua história sangrenta. Eu já lá tinha estado, mas na sessão informativa (como quem vai realmente a um museu, com um guia e tudo). Fui no final do primeiro curso que tirei aqui (com o intuito de percebermos o que é um bom "customer service", "knowledge about the product" e essas coisas que aprendemos em teoria e que os professores resolveram mostrar num verdadeiro ambiente de contacto com o cliente). Adiante, já lá tinha ido durante o dia, para a sessão normal, e apesar de não ter percebido metade do que o homem disse (eu ainda estava aqui há pouquinho tempo, vá) até que apreciei, principalmente o facto de nos terem mostrado o quarto onde os executados passavam a última noite e a sala de enforcamento. Achei interessante, afinal de contas 17 pessoas tinham morrido naquela sala!

Por esta altura do ano (Halloween) eles abrem as sessões paranormais. Vimo-nos à rasca para arranjar uma data, porque quando combinávamos o dia e hora já os bilhetes estavam esgotados. Então acabamos por nem ir todos (porque a A. trabalhava ontem à noite) e o T. até teve de ir a uma hora diferente da nossa. A sessão paranormal não tem nada de falso. Isto é, não há ninguém a bater em portas, não há ninguém a tocar-te, não há actores, não há nada além do grupo, escuridão e dois guias. Portanto, isso significa que provavelmente poderemos sair de lá sem que nada tenha acontecido. Muito resumidamente, levaram-nos a algumas salas mais "características", onde o medo ou a morte tinham sido característicos. Por exemplo, levaram-nos ao túnel que liga a prisão ao tribunal. Ficamos aí uns minutos, completamente às escuras, num local frio e húmido, a invocar os espíritos presentes. Aí não aconteceu nada, pelo menos ninguém se pronunciou, mas segundo o guia é comum sentirem a presença de alguns espíritos "habituais", entre eles um homem a quem resolveram chamar de "Bob" e uma criança que normalmente se faz sentir às mulheres, porque, segundo eles (guias), procura uma presença materna (a verdade é que foram presas e condenadas crianças naquela prisão). Mas como já disse, aí ninguém sentiu nada. Vá, foi super divertido quando invocamos os espíritos e faz-se absoluto silêncio e a barriga do R. ronca. E vai o guia: "Ouviram isto?" E eu e o R. tivemos que segurar muito bem o riso! Mas quando voltamos a invocar os espíritos, voltamos a ouvir um barulho semelhante e desta vez não foi o R. e aí o guia disse que o túnel passa por baixo da Crumlin Road, portanto ouve-se uma espécie de "ronco" quando passa um carro... pronto, menos mau, porque se o homem afirmasse que aquilo era uma presença do além ia pedir o meu dinheiro de volta (sabendo eu que de além não tem nada, era apenas o meu rico marido a fazer a digestão!).

Também nos levaram para a sala da caldeira, em que a dada altura da história da prisão colapsou e incenerou as pessoas que lá estavam a trabalhar. Eu não sei se foi sobrenatural ou não, mas a verdade é que aquela sala estava completamente gelada, mas se calhar é normal devido ao facto de haver uma chaminé no alto. Quando invocamos os espirítos, houve uma súbita corrente de ar gelada, mas pode ser coincidência, afinal de contas ontem estava uma ventania desgraçada. De qualquer  das formas é arrepiante que ela tenha ocorrido exactamente naquele momento. E à 3ª vez que invocamos os espíritos presentes eu senti os meus joelhos gelarem. Como se mãos geladas os tivessem agarrado. Mas claro que eu continuo a achar que foi apenas uma partida psicológica. Mas que senti, isso eu senti! Algumas pessoas também sentiram um frio "sobrenatural" em certas partes do corpo.

Também nos levaram ao pé de uma sala (em que só uma pessoa entrou para invocar os espíritos) que tem uma história arrepiante. Aquela era a sala "almofadada" para prisioneiros que eram perigosos até para sí próprios. O guarda tinha de lá espreitar de meia em meia hora para verificar que o prisioneiro estava em segurança. Certa vez o prisioneiro que lá estava na altura começou a queixar-se de que havia alguém com ele na sala. Acabaram por lhe dar um sedativo e ele adormeceu. Por umas quantas vezes o guarda passou lá e o homem dormia profundamente. Até que (e atenção que ele passava em intervalos de meia hora!) viu uma cena horrível: o prisioneiro tinha mordido e arrancado o almofadado até à parede, até encontrar um parafuso que segurava o almofadado e cortou a jugular com esse mesmo parafuso. O homem já estava morto quando o encontraram.
Nesta sala penso que não se passou nada de especial, embora no meu entender algo de muito arrepiante se tivesse passado: a dada altura, eu e uma outra pessoa afirmavamos a pés juntos que estavamos a ouvir uma música. Parecia uma música de um filme de terror, verídico. Eu fiquei toda arrepiada. Mas depois o guia explicou que era o vento a entrar não sei onde, uma superfície qualquer em ferro. Mas a verdade é que aquilo parecia música autêntica. Imaginem a minha cara e o meu terror quando eu pergunto ao R.: "estás a ouvir a música?" e ele: "Não!".Brrr!

A última sala foi a mais "activa", por assim dizer: a sala do enforcamento, claro! Aqui eu voltei a sentir cenas estranhas, como comichão no pescoço e atrás de um joelho, além do frio gelado, que pode ser explicado pelas correntes de ar. Agora, que algo aconteceu, e isso não podemos negar, foi que o guia chamou o espírito do último executado naquela sala e a corda de enforcamento, que ainda lá está em exposição começou a balançar um pouco e a rodar muito ligeiramente. Balançar é normal, com o movimento que fazíamos e correntes de ar, é normal... agora, girar em pequenos círculos? Isso foi muito creepy! E quando saímos de lá, a corta estava novamente parada!

Das fotos que tiramos não conseguimos nada de paranormal, como algumas pessoas supostamente já conseguiram noutras sessões, e não se pode dizer que tenhamos lidado com o paranormal, eu pelo menos gosto de ser racional, a única coisa que não consigo mesmo explicar é a corda a girar. Mas que gostei, lá isso gostei.

E até agora ainda não percebi como consegui adormecer!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Para os amantes da fotografia...

... já visitaram a nossa página de fotografia no Facebook ou então já passaram pelo nosso blog?

Neste momento estamos a recolher inscrições para uma "espécie" de competição em que o prémio é uma sessão num estúdio de fotografia. Mesmo que não queiram participar passem por lá a deixar o vosso "Gosto" ;)

Facebook: https://www.facebook.com/PhotographyBelfast

Blog: http://belaren-belfastphotography.blogspot.co.uk/

"All Hallows Evening" 2013

Bem, não podia deixar de passar esta época "festiva" sem escrever sobre o meu primeiro Halloween em Belfast. Em Portugal confesso que nunca liguei muito ao Halloween. Houve uma vez, ainda durante o curso, em que a N. nos fez assim umas pinturas todas giras nas faces (nada assustador, é verdade, mas com alguma arte) e fomos até ao BE, mas pelo que me lembro nem foi nada de jeito, não houve quem aderisse muito à coisa. Em Portugal sei que já há bastantes "iniciativas", com os bares e discotecas a fazer festas alusivas ao tema, e também há quem vá de porta em porta ao "Doce ou Travessura" (mas tenho a sensação, pelo menos na zona em que morava, que esta noite era mais uma desculpa para "vândalos" sairem à rua para fazer "travessuras"). Mas pronto, não é uma data assim muito marcante.

Mas aqui é diferente. Aqui, segundo me disseram, não se festeja o Carnaval (ocasião a que damos muita mais importância em Portugal), então o "Carnaval" é na noite de Halloween. Há mais de um mês que as lojas se prepararam para esta noite. Há uma loja bastante famosa por aqui, que se orgulha de ter mais de 1000 disfarces diferentes e pela qual passei há 2 semanas... qual não foi o meu espanto quando vejo uma fila até cá fora que fazia esquina e tudo! Eu imagino como terá estado na véspera ou no próprio dia, com as compras de última hora. Depois, há lojas que apenas abrem por esta altura. Sério. Há uma loja numa rua aqui perto que abre em Outubro e que se chama "Halloween". Ao que parece depois só fecha no final de Dezembro porque entretanto passa a vender também coisas de Natal.

E para não ficarmos atrás também nos "mascaramos". Vá, não fomos "loucos" ao ponto de comprar um fato, mas com uma maquilhagem e uns acessórios e já se percebia bem ao que íamos. E também compramos a nossa primeira abóbora e o R. fez um excelente trabalho com ela (vá, para primeira vez pareceu-me excelente).

Outra coisa "extraordinária" é que aqui não é comum lançarem fogo de artifício (em Portugal todas as "aldeias" têm a festa do Santo Padroeiro e em todas essas festas há fogo de artifício, portanto para nós é algo completamente banal). No entanto, ontem era fogo de artifício por todo o lado, alguns dos meus vizinhos fizeram também questão de lançar algum.

Mas a tradição mais engraçada para mim foi mesmo a do "Trick or Treat". Devo confessar que não estava nada à espera que me batessem à porta. Logo não tinha doces nenhuns para oferecer. E então quando aparecem aqueles "piquenos" (acompanhados pelos pais, alguns também mascarados - como o Coelhinho (filho) que vinha acompanhado do Hulk (pai) ) o que é a gente faz? Bem, posso dizer-vos que o meu stock de bolachas foi-se! Foi bolachas de canela (as minhas preciosas bolachas de canela portuguesas!), foi bolachas "Bourbon", foi bolachas "Custard"... foi tudo! E mesmo assim ainda mandamos algumas crianças embora sem nada. E elas lá iam cabisbaixas (mesmo tendo já um saco enorme carregado de doces!) mas não sem antes nos desejarem "Happy Halloween"! E não tivemos a casa vandalizada por não termos doces. Vá, roubaram-nos a abóbora, mas até agradeço, é trabalho que não tenho para enfiá-la no lixo!