domingo, 3 de novembro de 2013

Paranormal activity?!

Bem, tenho de vos vir aqui relatar a noite de ontem, até mesmo para registar o que aconteceu (ou o que deixou de acontecer).

Eu não acredito em fantasmas. Ou melhor, eu digo que não acredito em fantasmas, mas morro de medo deles. Por exemplo, se vir um filme de terror que envolva fantasmas/espíritos (que diga-se de passagem normalmente não me assustam enquanto os assisto) depois morro de medo de adormecer e ter pesadelos. Portanto o meu problema é esse: pesadelos. Eu não tenho muitos, talvez por isso tenha uma aversão tão grande a esse tipo de sonhos. Portanto, eu não acredito que me vá aparecer um fantasma à frente, mas só de imaginar em sonhar com um já me arrepio toda.

Ontem fomos à "Paranormal Tour" na Crumlin Jail. A Crumlin é a antiga prisão de Belfast onde foram excutados 17 homens. A prisão fechou em 1996 (se não estou em erro) e entretanto reambriram-na como "museu" devido principalmente à sua história sangrenta. Eu já lá tinha estado, mas na sessão informativa (como quem vai realmente a um museu, com um guia e tudo). Fui no final do primeiro curso que tirei aqui (com o intuito de percebermos o que é um bom "customer service", "knowledge about the product" e essas coisas que aprendemos em teoria e que os professores resolveram mostrar num verdadeiro ambiente de contacto com o cliente). Adiante, já lá tinha ido durante o dia, para a sessão normal, e apesar de não ter percebido metade do que o homem disse (eu ainda estava aqui há pouquinho tempo, vá) até que apreciei, principalmente o facto de nos terem mostrado o quarto onde os executados passavam a última noite e a sala de enforcamento. Achei interessante, afinal de contas 17 pessoas tinham morrido naquela sala!

Por esta altura do ano (Halloween) eles abrem as sessões paranormais. Vimo-nos à rasca para arranjar uma data, porque quando combinávamos o dia e hora já os bilhetes estavam esgotados. Então acabamos por nem ir todos (porque a A. trabalhava ontem à noite) e o T. até teve de ir a uma hora diferente da nossa. A sessão paranormal não tem nada de falso. Isto é, não há ninguém a bater em portas, não há ninguém a tocar-te, não há actores, não há nada além do grupo, escuridão e dois guias. Portanto, isso significa que provavelmente poderemos sair de lá sem que nada tenha acontecido. Muito resumidamente, levaram-nos a algumas salas mais "características", onde o medo ou a morte tinham sido característicos. Por exemplo, levaram-nos ao túnel que liga a prisão ao tribunal. Ficamos aí uns minutos, completamente às escuras, num local frio e húmido, a invocar os espíritos presentes. Aí não aconteceu nada, pelo menos ninguém se pronunciou, mas segundo o guia é comum sentirem a presença de alguns espíritos "habituais", entre eles um homem a quem resolveram chamar de "Bob" e uma criança que normalmente se faz sentir às mulheres, porque, segundo eles (guias), procura uma presença materna (a verdade é que foram presas e condenadas crianças naquela prisão). Mas como já disse, aí ninguém sentiu nada. Vá, foi super divertido quando invocamos os espíritos e faz-se absoluto silêncio e a barriga do R. ronca. E vai o guia: "Ouviram isto?" E eu e o R. tivemos que segurar muito bem o riso! Mas quando voltamos a invocar os espíritos, voltamos a ouvir um barulho semelhante e desta vez não foi o R. e aí o guia disse que o túnel passa por baixo da Crumlin Road, portanto ouve-se uma espécie de "ronco" quando passa um carro... pronto, menos mau, porque se o homem afirmasse que aquilo era uma presença do além ia pedir o meu dinheiro de volta (sabendo eu que de além não tem nada, era apenas o meu rico marido a fazer a digestão!).

Também nos levaram para a sala da caldeira, em que a dada altura da história da prisão colapsou e incenerou as pessoas que lá estavam a trabalhar. Eu não sei se foi sobrenatural ou não, mas a verdade é que aquela sala estava completamente gelada, mas se calhar é normal devido ao facto de haver uma chaminé no alto. Quando invocamos os espirítos, houve uma súbita corrente de ar gelada, mas pode ser coincidência, afinal de contas ontem estava uma ventania desgraçada. De qualquer  das formas é arrepiante que ela tenha ocorrido exactamente naquele momento. E à 3ª vez que invocamos os espíritos presentes eu senti os meus joelhos gelarem. Como se mãos geladas os tivessem agarrado. Mas claro que eu continuo a achar que foi apenas uma partida psicológica. Mas que senti, isso eu senti! Algumas pessoas também sentiram um frio "sobrenatural" em certas partes do corpo.

Também nos levaram ao pé de uma sala (em que só uma pessoa entrou para invocar os espíritos) que tem uma história arrepiante. Aquela era a sala "almofadada" para prisioneiros que eram perigosos até para sí próprios. O guarda tinha de lá espreitar de meia em meia hora para verificar que o prisioneiro estava em segurança. Certa vez o prisioneiro que lá estava na altura começou a queixar-se de que havia alguém com ele na sala. Acabaram por lhe dar um sedativo e ele adormeceu. Por umas quantas vezes o guarda passou lá e o homem dormia profundamente. Até que (e atenção que ele passava em intervalos de meia hora!) viu uma cena horrível: o prisioneiro tinha mordido e arrancado o almofadado até à parede, até encontrar um parafuso que segurava o almofadado e cortou a jugular com esse mesmo parafuso. O homem já estava morto quando o encontraram.
Nesta sala penso que não se passou nada de especial, embora no meu entender algo de muito arrepiante se tivesse passado: a dada altura, eu e uma outra pessoa afirmavamos a pés juntos que estavamos a ouvir uma música. Parecia uma música de um filme de terror, verídico. Eu fiquei toda arrepiada. Mas depois o guia explicou que era o vento a entrar não sei onde, uma superfície qualquer em ferro. Mas a verdade é que aquilo parecia música autêntica. Imaginem a minha cara e o meu terror quando eu pergunto ao R.: "estás a ouvir a música?" e ele: "Não!".Brrr!

A última sala foi a mais "activa", por assim dizer: a sala do enforcamento, claro! Aqui eu voltei a sentir cenas estranhas, como comichão no pescoço e atrás de um joelho, além do frio gelado, que pode ser explicado pelas correntes de ar. Agora, que algo aconteceu, e isso não podemos negar, foi que o guia chamou o espírito do último executado naquela sala e a corda de enforcamento, que ainda lá está em exposição começou a balançar um pouco e a rodar muito ligeiramente. Balançar é normal, com o movimento que fazíamos e correntes de ar, é normal... agora, girar em pequenos círculos? Isso foi muito creepy! E quando saímos de lá, a corta estava novamente parada!

Das fotos que tiramos não conseguimos nada de paranormal, como algumas pessoas supostamente já conseguiram noutras sessões, e não se pode dizer que tenhamos lidado com o paranormal, eu pelo menos gosto de ser racional, a única coisa que não consigo mesmo explicar é a corda a girar. Mas que gostei, lá isso gostei.

E até agora ainda não percebi como consegui adormecer!