quarta-feira, 12 de março de 2008

Aerosmith - I Don't Wanna Miss a Thing

Porque me traz boas recordações do liceu...GUIDA, vê lá se te lembras...passeio a Lisboa, 11º ano, stôr de inglês... Bjs

1ª Parte do 4º Capítulo "Lua"



Com 6 anos, Lua era uma criança saudável, apesar do seu corpo franzino e da tez pálida. Tinhas uns cabelos negros, como os do pai, longos e lisos, que lhe batiam a meio das costas. Os seus olhos verdes estavam cada vez mais parecidos com os de Safira.
Lua, à semelhança da mãe, era muito delicada e independente. Saía muitas vezes do castelo às escondidas, por uma porta apenas utilizada pelos empregados, e descia até à floresta. A maior parte das vezes ia visitar o avô à casa que fora da sua mãe.
Sempre que Lua se escapava do castelo, todos entravam em alvoroço, procurando-a por todo o lado. E depois de horas de aflição, ela reaparecia como se nada se tivesse passado.
Ao longo dos anos, o sorriso de Lua foi perdendo o seu brilho. Tornou-se uma criança demasiado independente e fria. Já não era o bebé amoroso que toda a gente conheceu no baptizado. Raramente respondia às perguntas que lhe faziam e chegava a ser antipática por diversas vezes. A única pessoa com quem Lua gostava de estar e com quem tinha grandes conversas, era o avô materno. Quando se escapava do castelo e ia até casa do velho lenhador, perdia-se nas horas com as histórias que o avô lhe contava.
Um dia, como tantos outros, pegou no seu pequeno manto com capucho, calçou as botas até aos joelhos, agarrou na sua bolsa de pele, pô-la a tiracolo e saiu para o jardim do castelo pela sua porta secreta, sem que os empregados a vissem. Apesar de ser ainda o início da tarde, o céu estava escuro. O Inverno estava à porta e o frio fazia-se sentir intensamente. Lua correu até ao portão das traseiras, o único que não era vigiado. Era um pequeno portão de grades enferrujadas, que outrora haviam sido douradas, como as do portão principal. Nunca ninguém entrava ou saía por ali, pois o caminho a que conduzia era de difícil acesso, demasiado pedregoso e com intenso mato a ocultá-lo. Mas Lua estava já habituada a seguir por ali. Até se divertia bastante, resvalando as pedras para o lado e afastando os ramos dos arbustos com as suas delicadas mãozinhas. Esse caminho conduzia à estrada principal que ligava a Floresta Dourada ao castelo. Depois de chegar à Clareira principal, apenas tinha de seguir um curto caminho secundário até à casa do avô. De todas as vezes passava por muitas pessoas, membros do povo, que viviam na Floresta. No entanto, nenhuma a conhecia, pois nunca fora apresentada oficialmente. A única vez que aparecera em público fora cinco anos antes, no dia do seu batizado, e apenas pessoas da nobreza haviam sido convidadas.
Então nunca ninguém a reconheceu como sendo a herdeira de todo o reino.
Lua bateu à porta da pequena casa do lenhador. Era uma casa baixa, de um só andar, com uma porta de madeira escurecida pelo sol. Tinha uma janela de cada lado da porta, com os vidros tão cobertos de pó que era impossível espreitar-se por eles e ver alguma coisa para além de um vulto. Era feita de pedra, pelo que os Invernos eram complicados. Só com a lareira constantemente acesa se podia suportar o frio. Felizmente o avô era lenhador, nunca lhe faltava madeira com que se aquecer.
No alto de telhado havia uma chaminé pequena, por onde saía sempre um pequeno fio de fumo. A casa do avô não tinha jardim e quando Lua lhe perguntou porquê, ele respondeu com um sorriso: “ Eu vivo no meu da Floresta, minha filha! Para quê perder tempo com um jardim, se o tenho mesmo à porta de casa?”
Lua bateu novamente à porta, vendo que o avô demorava. Passados poucos segundos a porta abriu-se na sua frente e o velho lenhador surgiu na sua frente. Usava uma camisa de tecido grosso, já sem cor, com as mangas arregaçadas, e umas calças também muito usadas, com vários remendos nos joelhos. O seu cabelo era cada vez mais raro e os poucos que tinha eram fracos e brancos. Lua achou que o avô estava mais desgastado que o costume. Tinha o olhar cansado. Mas assim que viu a neta, o seu rosto iluminou-se.