quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"E tudo o vento levou..."

Não é bem assim. Não foi o vento que a levou. E também não levou tudo. Pelo menos por enquanto. Ainda cá está a dor, o vazio, as lembranças do dia de ontem, as lágrimas... e há-de ficar a saudade, as memórias, a família. Continuamos cá todos, para manter viva a sua história.

Tinha chegado à terra do R. há pouco mais de 2h quando recebi a notícia que esperávamos há mais de uma semana. Amaldiçoei a hora em que entrei naquele comboio. Os primeiros sentimentos foram de paz e de alívio. O nosso sofrimento estava terminado e o dela também. Numa conversa rápida com o R. decidimos passar lá a noite de Natal, com a família. Claro que não consegui abstrair-me um único segundo daquele pensamento. Estava principalmente preocupada com os meus, que estavam "lá"...

Ontem (dia 25 de Dezembro) viemos cedo para cima. E foi ao entrar naquela capela, com a fotografia dela a "olhar" para mim, as pessoas mais importantes da minha vida (além do R.) a chorar, e então caiu a ficha.

Nunca tinha ido a um funeral de alguém tão importante para mim... foi a coisa mais dolorosa que já me aconteceu, foi muito maior que qualquer dor física que já tive, não me foi possível controlar, só queria mesmo pontapear tudo e todos, bater em alguém, gritar. Mas isso eu consegui controlar.

Mas o que ainda me marca o pensamento e ainda me faz chorar foram aqueles dois abraços, às pessoas certas: o marido e o filho.

"I must be strong/and carry on/ 'cause I know I don't belong/here in heaven...
And I know there'll be no more/tear in heaven..."

Até sempre...

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Anabela