quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

E porque estamos quase no "fim do mundo"...

Dizem por aí que o fim o mundo vai ser daqui a umas horitas... ora pois, quase que digo "que seja!". Porque esta última semana tem sido de sofrimento que chegue e que sobre, e assim sempre se acabava esta dor, este vazio que já se vai sentindo, e todo este desespero.

Em jeito de actualização de estado: a pessoa de quem falei no post anterior agarra-se à vida como pode. Na 6ª feira passada apanhamos um grande susto, os médicos diziam que não passava daquela noite. Mas ela é forte. Ainda não foi desta.

No espaço de uma única semana ela definhou completamente. Já não se move, está a respirar por uma máscara, sente-se muito cansada, custa-lhe falar... ainda ninguém teve coragem de lhe dizer o que se está a passar com ela. Os médicos é que deviam fazer isso, mas parece que pouco se importam com esse facto. Agora está até num quarto solitário... não percebi se para não ser incomodada pelas outras doentes, se para não incomodar. Talvez as duas hipóteses sejam válidas. Fui ontem vê-la e não sei se terei coragem de o voltar a fazer (note-se que depois de saber a verdade dos factos já lá estive 3 vezes) porque a forma como a encontrei ontem ainda me revolta as entranhas. Ontem vi que, de facto, está a morrer. Nunca tinha visto uma pessoa "a morrer"... a agarrar-se à vida, a respirar com tanta dificuldade. Ela só me conseguiu dizer: "trocaram-me a máscara..." e de seguida adormeceu. Tive de sair rapidamente para não chorar, não queria que acordasse e me visse em lágrimas.

É muito doloroso. Andamos todos a "arrastar-nos", facilmente irritáveis, sem grande humor, sem grande paciência, com o sono em atraso... porque esta espera é horrível. De cada vez que o telefone toca salta-nos o coração até à boca, à espera do pior. Mas, até este momento, ela lá está, a lutar com quantas forças tem. A mulher guerreira e forte que conheci é agora uma menina princesa, um ser tão frágil, tão pequenino...

Que a sua hora seja pequena (em dor), e que a sua recompensa seja grande (sim, porque eu quero acreditar que tudo não acaba aqui, que alguém a espera do outro lado para a guiar, e que ela possa ser um anjo nas nossas vidas).

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Anabela