terça-feira, 31 de julho de 2007

4ª Parte do 1º Capítulo "Safira"


Safira caminhou por entre a multidão, tentando passar despercebida. Olhou o céu por instantes e sorriu à lua. Passava noites a fio a observar aquele astro, o seu favorito. Afirmava que lhe transmitia calma e serenidade, adjectivos que tão bem encaixavam nela própria.
A noite chegara, e com ela, milhões de estrelas. Os inúmeros pirilampos de toda a Floresta haviam-se juntado para iluminar e receber a Primavera. Vozes e risos enchiam o ar. Uma fogueira abrasadora fora acesa no meio da Clareira principal e as crianças dançavam à sua volta, quase derrubando as muitas mesas que ali estavam instaladas. Cada uma daquelas mesas, coberta por uma toalha de linho, aguentava sobre si um verdadeiro manjar.
Sentou-se num dos muitos bancos talhados nos troncos de árvores, já mortas pela velhice ou por um raio em noite de tempestade. Vários olhares se voltaram para si, dos quais Safira não fez caso. De certo modo, já se habituara a que as pessoas a observassem. Era assim desde criança. Houvera até quem afirmasse que Safira parecia uma Fada, e que viera ao Mundo transmitir alegria às pessoas que tinham a sorte de ouvir aquela voz melodiosa e serena, que se dissipava no ar, tal como o perfume a flores silvestres que transportava consigo.
A seu lado, um pequeno aglomerado de pessoas entoava uma canção de louvor à Floresta e a tudo o que nela existe. Safira soltava pequenos sorrisos, como se receasse ser ouvida. Apenas as coisas mais simples a fascinavam e talvez fosse essa a principal razão do seu encanto. Ajeitou a sua coroa na cabeça, tendo o extremo cuidado de não amachucar os lírios que a enfeitavam. Fora o seu pai que a fizera. A relação deles tornara-se bastante mais próxima quando a mãe de Safira morrera, vítima de uma estranha doença. Safira tinha apenas sete anos, e nunca ninguém a vira chorar pela perda que sofrera. No entanto, o seu prolongado silêncio indicava um penoso sofrimento que habitava dentro de si. Desde então, Safira era a única razão de viver do pai, e a sua protegida.

2 comentários:

  1. Muito bem! Este livro é um verdadeiro romance! Está a tornar-se cada vez mais interessante.=) Como te foste lembrar do nome Safira? Ela tem olhos azuis? Estou a gostar mesmo.=)

    Beijinhos.

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  2. Sua personagem é deveras maravilhosa se comparada aos anti-heróis dos meus escritos...

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Peço que não deixem comentários anónimos.
Obrigada,
Anabela